Amilcar Del Chiaro
De quando em quando surgem modismos no movimento espírita que, felizmente, nem sempre pegam. Um deles, que retorna com certa assiduidade, é sobre a prece. Para que orar? perguntam alguns, se sabemos que a nossa prece não pode mudar as leis naturais? Outros afirmam que não adianta orar para pedir, nem para agradecer, pois aquilo que recebemos é porque temos méritos, portanto, é inútil agradecer. Ao tempo de Allan Kardec, surgiu em Paris, um grupo que pregava exatamente isto, assim como um Espiritismo sem os espíritos. Kardec respondeu aos dois questionamentos, mas vamos nos cingir ao da prece. Em artigo para a Revista Espírita, Kardec demonstrou que a prece é um elo que nos liga à espiritualidade superior, e aos nossos entes queridos. Ela forma uma atmosfera favorável em torno de nós, e das pessoas para quais oramos. A prece que fazemos pelos que sofrem, alivia suas penas. Logicamente não devemos utilizar a prece apenas para pedir e pedir coisas absurdas. Sabemos que Deus não muda as suas leis por causa dos nossos pedidos, mas não raro, através da prece, somos intuídos, a descobrir meios de solucionar os nossos problemas, assim como, não raro, surge em nosso caminho pessoas que podem nos ajudar. A prece tem uma energia extraordinária, que nos induz ao bem estar, à tranqüilização da nossa mente, assim como é uma alavanca para as nossas realizações. Deixar de orar, é renunciar a um poderoso meio ação no nosso mundo interior e exterior. Entretanto, é bom convir, conforme diz Kardec, que o importante não é orar muito, mas orar bem. Preces espontâneas, nascidas do sentimento, do coração, com pensamentos e palavras simples, são muito mais eficientes do que as preces decoradas ou laudatórias. Também não é preciso posição especial, como estar genuflexo ou em posição búdica, pois o que ora é a mente. Existem muitas histórias interessantes a respeito da prece, mas o que queremos ressaltar, é que se a nossa prece nos liga a Deus, porque nos liga ao universo, podemos encontrar Deus no coração de cada pessoa com quem nos encontramos. Lógico que Deus não está ali em pessoa, porque ele não é uma pessoa, mas está ali em energia, em amor. Quando você orar, respire profundamente algumas vezes, encha os pulmões e segure o ar por alguns instantes e mentalize que a energia criada por Deus, que move os mundos, que dá brilho as estrelas, que faz as galáxias viajar em velocidade incrível pelo espaço infinito, está circulando em suas veias e suas artérias, saturando todas as células do seu corpo, e você vai se sentir diferente, mais capaz, mais forte, mais pacífico e iluminado, e vai colaborar para a existência de um mundo melhor.