Jesus, nosso querido Mestre, se constitui em exemplo marcante da certeza da
vida após a vida. Ele mesmo voltou do além, comprovando e revelando a morte da
morte, continuando a viver.
Que emoção vivenciou Madalena ao ver o meigo Rabi à sua frente, diante do
túmulo vazio, recém-materializado, ultra-eletrizado, dizendo-lhe: “Não me
toques…” (João 20:17).
O Cristo nos ensina: “Eu sou a ressurreição e a vida, aquele que crê em mim,
ainda que esteja morto, viverá” (João 11:25).
A morte não existe. A vida contínua após a falência irreversível dos órgãos.
Se não houvesse vida fora do túmulo, não teria sentido a vida antes da morte. O
espírito preexiste ao corpo de carne e sobrevive além da sepultura.
O Evangelho de Mateus esclarece que, após Jesus Ter expirado, muitos
espíritos entraram em Jerusalém e apareceram a muitos (Cap. 27, vers. 53). Diz,
igualmente, que Madalena e a outra Maria, quando foram ao sepulcro, viram um
espírito materializado: “O seu aspecto era como um relâmpago, e a sua veste alva
como a neve” (Cap. 28, vers. 3).
O nosso amado Mestre, segundo informação do apóstolo Pedro, na sua Primeira
Epístola, Capítulo 3, versículos 18 a 20, morto na carne e liberto em espírito,
foi pregar, no além, aos que se encontravam em sofrimento (“prisão”) desde o
tempo de Noé.
Segundo Eclesiastes, “os mortos não sabem coisa nenhuma, não tendo mais parte
com ninguém, sendo que o amor deles já feneceu”.
Em quem acreditar? Em Pedro ou num suposto Salomão?
Se não há projeto, obras, nem conhecimento, nas paragens espirituais, para
que, então, Jesus foi pregar para os mortos?
Em verdade, segundo “o espírito que testifica e não pela letra que mata”,
constatamos que prisão (“inferno”) representa o sofrimento que parece não ter
fim, tendo a aparência ou ilusão de eterno (tempo indeterminado), de algo que
parece não ter fim e que nunca mais se acabará. Daí a expressão: “fogo eterno”,
citado emblematicamente no Evangelho (Mateus 18:8).
O Cristo, visitando e pregando aos espíritos aprisionados, nos revela a
misericórdia do Pai, o qual “não contenda, nem se indigna, com os seus filhos”
(Isaías 57:16). Visitar e pregar àqueles que estão “perdidos para todo o sempre”
seria ato desumano e cruel, puro sadismo por parte daquele que é o nosso Mestre.
Personagem de grande expressão da Bíblia, o legislador Moisés, morto e
sepultado na aterra de Moabe (Deuteronômio 34:5-6), aparece materializado, ao
lado do profeta Elias, no “Monte da Transfiguração”(Lucas 9:30), atestando que
os mortos vivem e que os textos já citados de Eclesiastes são realmente
destituídos de importância e autenticidade.
Além das Escrituras, vem a ciência paulatinamente confirmar a sobrevivência
do ser após a morte. Charles Richet, Prêmio Nobel de Física e Medicina, em 1913,
criou a Metapsíquica com o fim de pesquisa os fatos transcendentes e ficou
convencido da sobrevivência da alma. Depois, o trabalho marcante de Joseph Banks
Rhine, nos anos trinta, com a Parapsicologia e a observação dos fenômenos
psi-teta, exatamente explicados pelo notável pesquisador como de procedência
espiritual.
Apesar de Eclesiastes afirmar que os mortos “não têm parte em cousa alguma”,
inúmeros cientistas, no decorrer de séculos, chegaram à conclusão da
sobrevivência do ser, fora do túmulo. William Crookes, Prêmio Nobel de Química,
em 1907, considerado o maior sábio inglês da época, inventor do radiômetro e dos
tubos eletrônicos de catódio frio para a produção de Raios-X, fazendo pesquisa
com a médium de ectoplasmia. Florence Cook, concluiu pela existência do
espírito. O grande homem de ciências chegou ao ponto de amarrar a médium na cama
com cordas, costurando os nós e as laçadas. Em várias ocasiões, penetrou na
cabine mediúnica, junto com a entidade materializada (Kate King), e pôde vê-la,
com nitidez, ao lado de Florence, estando essa inteiramente adormecida.
Em 1894, em carta dirigida ao professor Ângelo Brofferio, o insigne cientista
britânico afirmou: “Seres invisíveis e inteligentes existem, os quais dizem ser
espíritos de pessoas mortas”. Em entrevista, publicada no “The International
Psychic Gazette”, relatou: “É uma verdade indubitável que uma conexão foi
estabelecida entre este mundo e o outro”.
Em 1950, o grande psicanalista Jung, entrevistado pela BBC, respondeu com
muita propriedade a duas perguntas: “O Sr. acredita em Deus? E sobre a morte?”.
O mestre do psiquismo afirmou: “Eu não acredito em Deus, eu SEI”. Quanto à
morte, Jung disse: “Eu não acredito que a mente humana morra porque está provado
que a mente humana não conhece passado, nem presente, nem futuro; contudo, se
ela pode prever acontecimentos futuros então ela está acima do tempo, se está
acima do tempo, não pode ficar trancafiada num corpo”. Na obra “Realidade da
Alma”, relata: “A plenitude da vida exige algo mais que um ser; necessita de um
espírito, isto é, um complexo independente e superior, único capaz de chamar à
vida todos as possibilidades psíquicas que a Consciência-Ego não poderá alcançar
por si”.
Hodiernamente, os cientistas comprovam a presença dos mortos comunicando-se
através de aparelhos eletrônicos. A esse tipo de intercâmbio mediúnico foi dado
o nome de Transcomunicação Instrumental (TCI), pelo físico sueco Emst Senkowsky.
Outros campos de pesquisa, rigorosamente científicos, revelam a realidade da
dimensão espiritual. Médicos, estudando o fenômeno de quase morte em pacientes
que sofreram parada cardíaca, ouviram relatos de semelhança impressionante,
inclusive encontros memoráveis dos doentes com entes queridos falecidos.
Inúmeros cientistas também se vêem diante do “sobrenatural”, ouvindo de
pessoas moribundas, em alguns momentos de lucidez, a afirmação de coisas que
ignoravam, principalmente a notícia de terem conversado com pessoas amigas ou
familiares, falecidas por ocasião de internação dos doentes, fato desconhecido
dos mesmos até então.
O fenômeno é conhecido com “Out of body” ou “Desdobramento ou Projeção da
Consciência”. vivenciado igualmente pelos clinicamente mortos e consistindo na
saída do corpo espiritual, ou seja, a consciência agindo fora do espaço físico.
Em verdade, os mortos vivem, desde que o homem é um ser imortal, um cidadão
do Universo, em busca da perfeição, nascendo e renascendo na arena física.
(Publicado no Correio Fraterno do ABC Nº 361 de Fevereiro de 2001)