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Visão Espírita do Idoso – II

Como definir ou o que se entende por idoso?

De modo geral, por hábito, costume, desconhecimento da real significação das
palavras usamos como sinônimo de idoso, o termo velho.

E não têm elas (as palavras idoso e velho) a mesma significação?

Se tomarmos o dicionário mais simples encontramos:

 

Velho – adjetivo – gasto pelo uso, antigo, usadíssimo, desusado,
antiquado, obsoleto, arcaico.

 

Idoso – substantivo masculino – homem que tem muita idade.

Nota: O vocábulo velho sendo adjetivo, indica qualidade, caráter, modo de ser
ou estado do ser ou dos objetos nomeados pelo substantivo. Assim…

Nos exemplos citados no estudo anterior (Verdi, Churchill, Einstein, Edison,
Fleming, etc., etc.) evidenciou-se essa diferença, uma vez que todo idoso,
inevitavelmente o será pelo próprio adentrar dos anos vividos no tempo presente.
Ser porém, junto a essa realidade, velho, obsoleto, desusado, usadíssimo,
antiquado é opção, concluindo-se que: ser idoso (para quem aí chega) é
contingência, porém, ser velho é arbítrio, decisão pessoal.

Desse modo é velho quem perdeu a jovialidade, quem só dorme, quem nada ensina
ou recusa-se a aprender. É velho aquele que somente descansa, que vive no
passado e se alimenta de saudades, na vida que se acaba a cada noite que termina
sem planos e sonhos para o amanhecer, em que os dias são tolerados como se
fossem os últimos de uma longa jornada num calendário só de ontens.

O idoso, aquele que se entende na bênção de viver uma longa vida,
compreendendo o desgaste natural das células, não se permite a degenerescência,
o decaimento, o definhamento a alteração dos caracteres do Espírito, a mudança
de um padrão para outro funcionalmente inferior.

Nesse aspecto, o idoso sonha, aprende, se exercita, faz planos, povoa a vida
de ocupações pessoais interessantes; renova a cada aurora que surge entendendo o
hoje sempre como o tempo bendito de atualizar algo, rever um aspecto, apreender
melhor isto ou aquilo num calendário repleto de amanhãs.

De um modo geral, pensamos e agimos assim?

Infelizmente não. Por conteúdo, bagagem, contingência, imposição ou por nos
atermos só à visão material da vida, somos tendenciosos a manter e aprofundar
limites. A posição contrária normalmente é vista com o leve sorriso de desdém,
descrença ou pouco caso, rotulado de utopia, poesia, devaneios…

Não é bem assim; não se trata de enganos de querer fugir ou não aceitar,
assumir uma situação. A realidade física é inexorável dentro da série de
alterações que se exibem e se processam nesse campo: por predominar agora os
processos da desassimilação, onde a matéria praticamente não mais se regenera;
há a decadência progressiva do organismo, que poderá favorecer o aparecimento
das doenças. O estado da pele com seu tom, brilho ou opacidade, os cabelos, seu
volume e colorido; a marcha, a diminuição da força muscular, etc., etc. são
visíveis. Somem-se outros acontecimentos naturais que se revelam mais sob
orientação clínica, onde as funções dos vários aparelhos diminuem ou são
eliminadas, como por exemplo, a função sexual na característica de gerar vida.

Quanto a capacidade mental, ela também se ressente por influência dessas
alterações.

“A medida que envelhecemos, segundo mostram inúmeros estudos, nosso cérebro
sofre um verdadeiro encolhimento (…) a substância cinzenta (do cérebro) é
perdida mais precocemente (dos 20 aos 50 anos) e a substância branca sofre uma
perda mais acentuada em idades mais avançadas (dos 70 aos 90 anos de idade).
A perda de peso é algo em torno de 7 a 8% em relação ao peso máximo alcançado na
vida adulta. Tal declínio da massa cerebral, se deve, fundamentalmente, à perda
de células nervosas (neurônios) tendo-se demonstrado uma perda de mais de 50% em
algumas regiões específicas do cérebro como a frontal e a temporal superiores.
Alguns pesquisadores apontaram também, uma perda dos dentritos dos neurônios,
após os 80 anos de idade
(…). Medição da capacidade de glicose (fonte de
energia) pelo cérebro vem demonstrando uma redução após os 70 anos de idade.
Uma conseqüência é a queda na capacidade de síntese do neurotransmissor
acetilcolina. Neurotransmissores são liberados nas sinapses (pontos de ligação
entre os neurônios) facilitando o impulso de uma célula para outra. Suspeita-se
que o decréscimo moderado na atividade da acetilcolina cerebral possa ser
responsável por uma redução discreta na capacidade de atenção,
concentração e aprendizagem comumente encontrada entre pessoas idosas. Todavia,
a grande maioria das pessoas chega aos 75 e 80 anos ainda com bom nível de
desempenho intelectual
mostrando que o nosso organismo tem uma certa reserva
funcional para enfrentar as perdas”1

 

Essa constatação de uma realidade natural é imprescindível conhecer. Não é o
homem porém, só um aglomerado de trilhões e trilhões de células, mas uma
Individualidade
imortal que se serve por um determinado tempo, de uma
matéria que lhe permitirá exteriorizar-se usando (essa matéria e exteriorização)
para burilamento (educação) da essência.

Desse modo há perfeita interação, ação recíproca, mútua entre mente/corpo,
sendo impossível dissociar um do outro, o que equivale dizer, o Espírito da
matéria.

A ação, a interferência do psiquismo no mundo orgânico é preponderante para
que se possa viver em equilíbrio. A matéria por suas limitações cerceará a
exteriorização do Espírito mas a saudável disposição mental deste se refletirá
no conjunto em forma de bem-estar no dinamismo, lúcido, vívido, interessado e
atuante fornecendo “(…) lubrificante para as engrenagens celulares que passam
a movimentar-se sob o comando equilibrado”2

 

Isso é novidade?

Não. Os pais gregos da Medicina já compreendiam esse papel interativo do
Espírito e a importância desse comando dinâmico para a constituição harmônica da
existência humana. A cada dia, os cientistas da Saúde constatam mais evidências
dessa realidade, demonstrando que o processo educativo no qual o Espírito se
insira ou não, produzirá reflexos na área da saúde, facultando o surgimento e
manutenção de enfermidades (limitações) ou preservando e administrando o
conjunto em boa atividade.

  • Comportamentos estressantes;
  • sentimentos agressivos;
  • conduta conformista exterior e rebeldia interna;
  • guardar ressentimentos ou paixões perturbadoras;
  • ambições desmedidas;
  • autodesamor etc., etc., etc….

Transformam-se em toxinas que o cérebro elabora. Nesse desequilíbrio mental,
os venenos produzidos se espraiam pelo sistema nervoso central, fixam-se no
corpo físico especialmente nos órgãos, regiões mais sensíveis estabelecendo o
desconcerto geral. As emissões são carregadas de energia deletéria, depressiva,
inconformista, perturbadora onde os efeitos se apresentam danosos, agredindo
inclusive as defesas imunológicas, limitando ou/e desarticulando os mecanismos
de equilíbrio que respondem pela saúde.

Por outro lado, os sentimentos de: esperança, fé, alegria, amor, paz,
entusiasmo, idéias, planos edificantes enfim, proporcionam altas descargas de
energias salutares que “(…) são conduzidas pelas moléculas dos peptídeos em
forma de endorfinas, interferon, interleucinas e outras substâncias equivalentes
que restabelecem a equilibrada mitose celular recuperando-as das
desarticulações, estimulando os leucócitos e gerando circuito de vibrações bem
estruturadas.

Essa interação mente/corpo é resultado de não ser a constituição humana só
material, mas essencialmente psicofísica portanto, trabalhada pelo Espírito que
é o agente da vida inteligente e organizada da criatura”2 As emissões
constituídas dessas idéias acima, exteriorizam-se em respostas saudáveis no
corpo que se apresenta dinâmico, jovial preservando seus equipamentos.

Sob esse enfoque, o Espírito, segundo a proporção do trabalho educativo que
realiza consigo no decorrer do tempo, na existência em si, envia continuadamente
mensagens do mais variado teor a todos os setores do corpo físico pelo qual se
manifesta.

Dessa forma, a idade cronológica, tem importância limitativa relativa mais ou
menos acentuada, segundo a disposição/entendimento/educação do Espírito. Nesse
tempo exteriorizar-se-á o idoso ou o velho como resultado do que construiu,
elaborou, realizou, manteve e cultivou, durante toda uma vida.

Surge a interrogação – como ou quais as formas mais comuns de reação frente
a essa realidade?

Pode-se rejeitar, mas esta em si mesma, de forma alguma altera o quadro;
antes, amplia e complica-o. Pode-se detestar, maldizendo desde sempre a idéia,
na expressão rebelde que destrói as reservas de equilíbrio e força, aumentando
aflições. Pode-se aceitar, com resignação estática, indiferente que não
trabalhando a causa semeia a morbidez no desânimo conformado, passivo, que se
instala. Somente a aceitação dinâmica, aquela que compreende o acontecimento e
marcha envolto em planos, ideais e realizações, atenua conseqüências.
Superando-se o peso de grandes esforços é que contribui para manutenção
harmônica do ser inteligente sempre, sempre aprendendo novas lições,
desenvolvendo valores em gérmen, vinculado às Fontes Superiores de onde procede,
que o inspiram e animam em todas as vicissitudes pelas quais inevitavelmente
passará.

Essas seriam em tese, em ideal, os raciocínios, as premissas que deveriam em
processo educativo constar da formação de uma mentalidade de respeito primeiro,
cada um consigo para irradiando-se nos outros reformar a idéia de que idoso e
velho seriam sinônimos.

Sem isso como o idoso se vê? como é visto, de um modo geral?

Bibliografia:

  • Neto, João Germano – “O cérebro e a memória no envelhecimento”
  • Dicionário Aurélio
  • Enciclopédia Mente – vol. 18 e 19
  • Ângelis, Joanna de – “Dias Gloriosos” – “Interação mente/corpo” é “Energia
    mental e vida saudável”

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(Jornal Verdade e Luz Nº 179 de Dezembro de 2000)