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Laços de família

Laços de família

“E chegaram-se a ele os fariseus, tentando-o e dizendo: É porventura lícito a
um homem repudiar a sua mulher, por qualquer causa? Ele, respondendo, lhes
disse: Não tendes lido que quem criou o homem, desde o princípio os fez macho e
fêmea? e disse: por isso, deixará o homem pai e mãe, e ajuntar-se-á com sua
mulher, e serão dois numa só carne. Assim que já não são dois, mas uma só carne.
NÃO SEPARE, logo, o homem o que Deus ajuntou” (Mateus, XIX: 3-9)

Em boa hora a USE – União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo –
efetuou o relançamento da campanha de valorização da família, com o slogan
“Aperte mais este laço”. Estamos, mesmo, necessitando de refletir sobre a
família, sua importância e contribuição para a melhoria da vida em sociedade, e
para evolução do Espírito. No Livro dos Espíritos (questões 695 e 775) se
esclarece que o casamento, ou seja, a união permanente de dois seres, é um
progresso na marcha da Humanidade, e que o resultado do relaxamento dos laços de
família, para a sociedade, seria a recrudescência do egoísmo.

No texto citado de início, o Mestre Jesus estabelece: “não separe o homem o
que Deus ajuntou”. E muitos entendem que as uniões realizadas com as bênçãos de
Deus são só as felizes. A Doutrina Espírita nos esclarece que não é assim. O
mundo em que vivemos ainda é bastante atrasado. Todos que aqui trabalhamos por
nossa evolução ainda não compreendemos, nem vivemos em harmonia com as Leis
divinas. Nosso progresso espiritual se realiza através de experiências (erros e
acertos), portanto incluindo aí o que chamamos de dor, de sofrimento. No caso
das uniões matrimoniais, para efeito do nosso estudo, utilizamos a classificação
de Martins Peralva, no livro “Estudando a Mediunidade”. Ele classifica o
casamento nos seguintes tipos: Provacionais, sacrificiais, afins, transcendentes
e acidentais. O casamento provacional é para o reajuste necessário de duas almas
que se reencontram em processo de reajustamento. Constitui a maioria. Precisamos
acertar contas do passado, reconciliar, reparar o que fizemos de errado, enfim é
um casamento provacional, isto é, constitui uma prova para as partes envolvidas.
Nos sacrificiais ocorre o reencontro de uma alma mais evoluída com outra
inferiorizada, com o objetivo de redimi-la. Vale dizer, uma das partes (pode ser
o marido, ou a mulher) vem para ajudar a outra. O casamento afim é o reencontro
de corações amigos, para consolidação de afetos (pequeno número); no
transcendente, almas engrandecidas no Bem se buscam para realizações imortais.
Finalmente, nos acidentais, temos o encontro de almas inferiorizadas, por efeito
de atração momentânea, sem qualquer ascendente espiritual. Podem determinar o
início de futuros encontros, noutras reencarnações. Todos nós passamos, ou
passaremos, por essa seqüência de casamentos, para realização do progresso
espiritual. Portanto, um casamento provacional, ou sacrificial, tem os seus
momentos difíceis, em que se exige tolerância, compreensão, sacrifício mesmo,
mas nem por isso deixa de ser abençoado por Deus, pois é nessas experiências que
encontramos as oportunidades para burilamento do Espírito. A grande maioria dos
matrimônios é do tipo provacional ou expiatório. Quase sempre recebemos como
cônjuge quem muito prejudicamos no passado, ou que conduzimos ao desequilíbrio.
Fugir do matrimônio para evitar os problemas que lhe são inerentes significa
recuar do resgate que nós mesmos programamos no Mundo Espiritual.

Delfina Benigna, através de Chico Xavier, nos enviou a seguinte quadra:

“Um conselho para os homens,

Enquanto pobres mortais,

Se quem casa sofre muito,

Quem não casa sofre mais”.

D. Laura, em Nosso Lar (livro psicografado por Francisco C. Xavier), alerta
que o casamento começa a correr perigo quando os cônjuges “perdem a camaradagem
e o gosto de conversar”. Importante o diálogo, saber ouvir, deixar o outro falar
para sentir suas razões, como ele está pensando. Utilizar tom de voz baixo,
respeitoso, sem gritaria, sem permitir que a raiva, ou a cólera, se extravase e
ponha tudo a perder. Aprender a ceder. Não agir egoisticamente, exigindo que o
outro se anule para que tudo seja feito de acordo com a sua vontade. Lembrar que
os defeitos das pessoas que vivem mais próximas de nós são notados com maior
freqüência, porque se evidenciam no dia-a-dia. Dar ao outro o direito de ele ser
como é, e não como a gente gostaria que fosse. Ajudar o outro a combater seus
defeitos, discretamente, sem lhe diminuir, ou humilhá-lo. Não corrigir o outro
em público, são princípios que sempre ajudam. O amor reclama cultivo. Diz
Emmanuel que “a felicidade na comunhão afetiva não é prato feito e sim
construção do dia-a-dia. As leis humanas casam as pessoas para que estas se unam
segundo as Leis Divinas. Evoluir no relacionamento, não com exigências, e sim
com compreensão, tolerância. Toda criatura necessita de amar e receber amor”.
Medidas preventivas para evitar as crises estão no Evangelho de Jesus.

(Jornal Verdade e Luz Nº 171 de Abril de 2000)