Grupo de Estudos Avançados Espíritas
Ha’ 140 anos atrás, em janeiro de 1858, Allan Kardec iniciava a publicação da revista que viria a ser um dos principais apoios em sua tarefa de estudar os fenômenos mediúnicos, analisar as comunicações obtidas e extrair desses novos conhecimentos as suas conseqüências cientificas, filosóficas e morais: Surgia a “Revue Spirite”, o laboratório para as idéias que posteriormente seriam consolidadas nos livros “O Livro dos Médiuns”, “Evangelho segundo o Espiritismo”, “O Céu e o Inferno” e a “A Gênese”.
Se nos livros citados encontramos as bases da Doutrina Espírita, e’ nos números da revista que se estendem ate’ 1869, ano da desencarnação de Kardec, que vemos o insigne educador trabalhando pouco a pouco na sua construção.
Para o historiador esses números correspondem a mais vasta fonte documental sobre os anos iniciais da doutrina; para o estudioso, correspondem a oportunidade de conhecer mais profundamente a pessoa do codificador. Nos seus artigos, nas analises de mensagens e fenômenos, na elucidação de duvidas, na defesa contra as criticas e no debate com opositores, encontramos sua personalidade sensata e serena.
Após 1869 a Revue continuou sendo o órgão por excelência do Espiritismo Francês, refletindo em suas paginas a historia do movimento e a palavra inspirada de grandes personalidades, entre as quais não se poderia deixar de citar Leon Denis.
Do período imediatamente posterior a codificação faz parte o episodio conhecido como o “Proces des Spirites” (1875). Seu redator-chefe, Pierre G. Leymare, foi injustamente acusado de envolvimento nas fraudes com fotos de espíritos cometidas pelo fotografo Bouget. O fato de conhecer o fotografo (que parece ter sido médium e ter conseguido algumas fotos verdadeiras), sobre o qual foi publicado um artigo na Revue, levou ao processo e a pena de prisão de 1 ano.
A injustiça da condenação, tão flagrante quanto no famoso caso Dreyfus, ficou patente pelos depoimentos e testemunhos em favor de sua honestidade, vindos de toda a parte do mundo, ate’ mesmo do verdadeiro culpado, Bouget.
Com o correr dos anos vemos o Espiritismo perdendo gradualmente sua vitalidade em solo francês, vitima dos turbulentos períodos das duas guerras mundiais e da guerra fria. Esse processo, que culminou em 1976 com a retirada da identificação “Spirite” e “Spiritisme” dos seus órgãos oficias, quase encerrou a vida da Revue (rebatizada como “Renaitre 2000”). A importância do já centenário órgão de comunicação levou a “Federação Espírita Brasileira” (FEB) a tentar obter autorização para continuá-la sob sua responsabilidade.
1977 marca a retomada do Movimento Espírita Francês com a criação da “Union Spirite Francaise et Francophone” (USFF) e com seu sonho de reativar a revista fundada por Kardec. Finalmente em 1989, com o pronunciamento da justiça francesa, e’ reiniciada a publicação. Nos nossos dias a “Revue Spirite” e’ novamente veiculo da comunicação Espírita em língua francesa.
A USFF, comemorando o aniversario, colocou em sua homepage (http://www.essor-info.fr/ckempf/usff.htm) os textos originais (em francês) dos números de janeiro e fevereiro de 1858. Na intenção de contribuir com seus esforços, gostaríamos de pedir aos Grupos Espíritas com pagina na Internet que colocassem uma nota sobre o evento e um link para os textos:
http://www.essor-info.fr/ckempf/rs140.htm
Nossa sincera homenagem a “Revue Spirite”, e nossos pensamentos de agradecimento não só’ a seu primeiro editor chefe – o grande homem que a concebeu – como a todos os que lhe seguiram e a todos que contribuíram com seus esforços para mantê-la viva.
(Na “Cronologia Espírita”, disponível na pagina do GEAE, ha’ informações bibliográficas sobre os eventos citados)
(Retirado do Boletim GEAE Número 279 de 10 de Fevereiro de 1998)