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A Ordem dos Fatores (III)

A Ordem dos Fatores (III)

A humanidade de tempos em tempos foi brindada pelo aparecimento de diversos líderes espirituais mas a visão unificada do Universo só mais tarde foi dada pela filosofia convencional, espremida pela Codificação consolidada de Kardec que mais do qualquer outro caminhou passo a passo ao lado da ciência.

A Filosofia mostrou ao homem a necessidade de pensar. Ensinou-lhe, ou, mostrou-lhe
o caminho do bem pensar: pensar com racionalidade e com apoio dos diferentes conhecimentos
para facilitar-lhe a interpretação das ocorrências científicas. Esse homem, então,
liberto do contato direto com a natureza, teve oportunidade de desenvolver sua inteligência
e de criar confiadamente respostas, não mais baseadas na tradição mística ou nas
forças divinas como causas eficientes e finais das coisas. Para as novas explicações,
recorreu ele simplesmente às forças racionais de sua mente. Com isto pode desenvolver
aptidões e propiciar um descortinamento do horizonte mais amplo e genuíno, em que
as forças naturais passaram a ser explicadas de forma mais verdadeira e sem necessidade
de volteios imprecisos e místicos, métodos usados sempre como forma de explicar
o que é desconhecido, impreciso e improvável, porém fantasiado de misterioso com
forma de atração imperfeita. Foi essa irracionalidade injusta que Kardec
expurgou
da sua filosofia, como forma de tornar o máximo possível compreensível a ciência
de Jesus Cristo. Através desse trabalho, Allan Kardec mostrou ao homem a necessidade
de praticar o ato da reflexão, como o de meditar ativamente e de usar a razão crítica
face a face. Estava selada a codificação filosófica. A partir daí, os alicerces
do mundo místico não parou mais de ruir. A consolidação da ciência Cristica é uma
realidade intransigente, debalde os insanos esforços no sentido contrário como tentativa
de deter esta transformação radical. Na fase mística e recheada de tabus, a razão
estava de certo modo alienada, isto é, presa às forças ocultas e divinas, aos ditames
do meio papal, ao animismo, ao fetichismo e outras formas mais grosseiras de manifestação.
Somente quando se desprendeu de todos esses liames é que começou a exercitar-se
livremente e pôde mostrar ao mundo, de forma científica, por meio de uma simples
frase, o que é racional e como se deve proceder para reconhecer a fé: “A fé inabalável
é somente aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da humanidade”.
Esta frase profunda de Kardec exprime todos os valores morais, científicos, filosóficos,
culturais e religiosos.

O homem, nas suas vivências e nas suas experiências fundamentais. Sofreu desde
o inicio o impacto de diversos acontecimentos adversos. Sentiu-se imerso num mundo
histórico, que o absorvia em sua comunidade política. Diante disto formulou respostas
que não eram místicas, por serem racionais. Nesta fase nasceu a Filosofia Ética,
pós Kardec, propensa a avaliar todos os quesitos com mais propriedade e ciência.

RELIGIÃO.

A religião é uma das mais antigas manifestações do ser humano. Sua essência básica
consiste numa atitude de conciliação dos poderes superiores espirituais, que o homem
julga capaz de dirigir e manipular, controlando o rumo da natureza e da vida humana.
Com isto, estabeleceu o homem dois planos: o da natureza e o do sobrenatural, ou
sagrado. O sagrado é, pois, objeto da Religião.

A divinização enfeixa uma série de predicados conceituais, como sentimento, pensamento,
ações e formas de adoração do divino. A finalidade disso tudo é tornar o divino
propício ao homem ou à coletividade. Filosoficamente, esse Ser-divino foi transformado
em oculto, proibido e restrito, e tudo o que lhe dizia respeito, era tabu, mistério,
etc. O simples tornou-se gradativamente misterioso e absconso, como forma de interpretar
mistificadamente a fragilidade do homem ante o poder da natureza científica. Diante
dessa impotente realidade o divino fez-se, assim, sublimação desse poder. Os mortos
conseqüentemente com o seu desaparecimento para sempre e sem explicação alguma,
passaram a ser divinizados, principalmente quando apresentavam algum poder em vida,
como reis, rainhas, papas e outros.

Como dá para se perceber claramente, o homem, antes de Kardec, teve que percorrer
tortuosos caminhos para compreender ou tentar decifrar alguma coisa sobre a espiritualidade,
pois somente após a conclusão da Codificação efetuada por ele, Kardec, é que começou
a fluir luz sobre os ensinos de Cristo. A miscigenação de crenças que até então
existia, era, de certa forma, a visão fragmentária que o homem tinha do mundo e
de suas misteriosas ciências controladas pela força da truculência violadora da
inquisição papal, usurpadora dos ideais fraternos de Jesus. A visão unificada do
Universo só mais tarde foi dada pela filosofia c o n v e n c i o n a l , espremida
pela Codificação consolidada de Kardec.

Os primitivos poderes espirituais, como os primeiros deuses, caracterizaram-
se segundo a feição própria de cada um dos povos e de cada religião. Daí, o motivo
de haver tantas religiões quantos são os povos diferentes, em meios diversos, cada
uma representada por uma tipologia filosófica diferente, pouco permitindo ao homem
a tentativa de unificá-las. Somente após o lançamento das primeiras obras básicas
de Allan Kardec é que pôde o homem começar a vislumbrar e entender o sentido exato
dos ensinamentos de Jesus Cristo e assim começar a trilhar o caminho que o tornou
livre das mistificações e dos tabus mentirosos e misteriosos.

A ciência nunca parou de contribuir vigorosamente para o progresso do Espiritismo
e vem revelando, periodicamente, novas formas de manifestações, que se constituem
num manancial de fortalecimento da crença de que a morte não existe. Jesus informou
ao homem essa transcendência e vem compelindo à ciência Espírita prová-la gradativamente
e na medida do possível a todos os homens. A Transcomunicação Instrumental, que
vem se aparelhando significativamente e já possue catalogado um número muito grande
de ocorrências, parece ser o caminho escolhido pela Providência Superior para revelar
de forma comprovada e material este enunciado de Cristo.

Kardec revelou ao Mundo, através da Codificação, uma Religião, de uma ponto de
vista evolutivo e fundamentalmente antropológico, sempre orientada por uma filosofia
entrosada e antimistica, onde os valores são mostrados à luz de razão autêntica
e desprovida de compromissos alheios com a verdade. Neste particular, sem demérito
algum às outras crenças, podemos dividir a Filosofia em dois segmentos distintos:
a de antes e a de pós Kardec. O trabalho do filho de Lyon é muito amplo e profundo
para poder ser analisado apenas pelo prisma religioso, a desenvoltura de suas obras
não permite que se leve em conta apenas o lado das transformações havidas na religião,
onde o indefinível tornou-se definido e categórico e até então misteriosa e irracional
morte deixou de ser um espectro tenebroso e medonho para ser afável circunstancialmente
e absorvível dentro de seus meandros mais convincentes. O homem, elevado ao plano
da razão face a face e conseqüentemente do raciocino desimpregnado do bolor clerical,
que transformou o pragmatismo filosófico vigente e abriu os caminhos de uma conscientização
mais elevada e nenhum pouco misteriosa, tem ao seu alcance e dispor, a Grande Ciência
reveladora da verdade conforme prometido pelo Messias.

(Publicado no Correio Fraterno do ABC Nº 366 de Julho de 2001)

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