Allan Kardec Estabelece as Bases
(ALLAN KARDEC. O Livro dos Espíritos. Introdução VI. Resumo da Doutrina dos
Espíritos.)
Naquela Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, resumindo as suas bases
fundamentais, o codificador, no final do item VI, expõe que os Espíritos “nos
ensinam que o egoísmo, o orgulho, a sensualidade são paixões que nos aproximam
da natureza animal, prendendo-nos à matéria; que o homem que, desde este mundo,
se liberta da matéria, pelo desprezo para com as futilidades mundanas e o
cultivo do amor ao próximo, se aproxima da natureza espiritual. E que cada um de
nós deve tomar-se útil, segundo as faculdades e os meios que Deus nos colocou
nas mãos para nos provar, que o Forte e o Poderoso devem apoio e proteção ao
Fraco, porque aquele que abusa da sua força e do seu poder, para oprimir o seu
semelhante, viola a lei de Deus . Eles ensinam, enfim, “que no mundo dos
Espíritos, nada podendo estar escondido, o hipócrita será desmascarado e todas
as suas torpezas reveladas; que a presença inevitável e em todos os instantes
daqueles que prejudicamos é um dos castigos a nós reservados; que aos estados de
inferioridade e de superioridade dos Espíritos correspondem penas e alegrias que
nos são desconhecidas na Terra.
Mas eles nos ensinam também “que não há faltas irremissíveis que não possam
ser apagadas pela expiação. O homem encontra o meio necessário, nas diferentes
existências, que lhe permite avançar, segundo o seu desejo e os seus esforços na
via do progresso, em direção à perfeição, que é o seu objetivo final”.
O que depreendemos dessa importante síntese constitui precisamente o roteiro
deste opúsculo. De início procuramos evidenciar, trazendo aos níveis do
consciente, as manifestações características da nossa natureza animal os vícios
e os defeitos que denotam a predominância corpórea. Depois, o conhecimento das
virtudes que nos libertam, pelo seu cultivo, das futilidades mundanas, e nos
predispõem a exercer o amor ao próximo, desenvolvendo, assim, a nossa natureza
espiritual. Os meios práticos para exercitarmos as nossas faculdades, nos
esforços que nos permitam progredir em direção à perfeição é o que indicamos. A
necessidade imperiosa de nos tomarmos úteis em todos os sentidos, levando a
nossa contribuição ao próximo, cultivando o verdadeiro espírito da caridade
desinteressada, está igualmente inserida.
São exatamente “os meios necessários que desejamos colocar à disposição dos
amigos interessados em realizar o seu desenvolvimento moral, entendendo que o
mundo em que vivemos, longe da perfeição, está muito mais envolvido nos erros.
Erros que são importantes, pois nos levam a distinguir a verdade, nas lições da
experiência humana, e que nos permitem fazer as nossas escolhas, propiciando-nos
o adiantamento progressivo na senda do espírito. Errar menos, ou ainda, evitar a
repetição de erros anteriores, e uma preocupação que pode conduzir-nos a
recuperar muito tempo já perdido. Esse também é um enfoque prioritário a
objetivar, pois encontramos-nos todos na condição de ajustar nossos débitos,
somando méritos, no avanço que carecemos. Na realidade, não é grande o esforço
que precisamos desenvolver. Até com pouco trabalho poderemos vencer as nossas
más tendências, mas o que nos falta é a vontade Porém, essa vontade também
podemos cultivar. E um dos métodos para isso é o da auto-sugestão, como veremos
adiante.
As bases da Transformação intima estão com Kardec, que eleva e da cumprimento
à moral de Jesus no “fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos
fizessem Regra universal da conduta, ate mesmo para as menores ações, que nos
deve pautar em nosso relacionamento.
Os questionários de avaliação individual nos levam a refletir, trazendo à
consciência os defeitos mais evidentes a serem corrigidos. A maioria destes
defeitos é comum, e quase sempre acham-se ocultos sob a forma de torpezas
inconscientemente sepultadas
A auto-avaliação progressiva nos faz ver, periodicamente, o amadurecimento
conquistado pelo próprio esforço em melhorar, proporcionando-nos o estímulo em
continuar na remodelação de nós mesmos.
Vencidas as primeiras dificuldades, a misericórdia do nosso Divino Criador já
nos faz colher os primeiros frutos do nosso trabalho, nas manifestações das
alegrias reconfortadoras do espírito.
Quem vem a se interessar pelo Espiritismo como curiosidade, e fica na
constatação do intercâmbio e das manifestações dos espíritos, flutua na sua
superfície e quem se sente atraído pelas suas interpelações da origem, natureza
e destinação dos nossos espíritos, penetra nas camadas de suas bases; no
entanto, aqueles, pelo que já sofreram e na ansiedade de preencher o espírito
ávido de perfeição, sentindo em profundidade os seus ensinamentos, oferecem
terreno sólido para a edificação progressiva da Doutrina dos Espíritos dentro de
si mesmos, porque neles as transformações intimas serão realizadas e neles o
Espiritismo cumpre o seu verdadeiro papel de redentor da humanidade.
Portanto, se ainda não nos sentimos tocados em profundidade, e se nas nossas
inquietações não estamos trazendo o conhecimento espírita para o terreno das
mudanças no nosso comportamento, não estaremos aplicando a Doutrina em beneficio
da nossa própria evolução, e não poderemos, a rigor, ser reconhecidos como
espíritas. Poderemos ser profundos conhecedores da sua filosofia ou meticulosos
pesquisadores da sua ciência, o que nos conferirá apenas a condição de teóricos.
Vivência, aplicação, exemplificação, transformação, eis as características do
espírita autêntico; eis a base estabelecida por Allan Kardec.
REFORMA ÍNTIMA EM SEIS PERGUNTAS
O que é a Reforma Íntima?
A Reforma Intima é um processo continuo de autoconhecimento, de conhecimento
da nossa intimidade espiritual, modelando- nos progressivamente na vivência
evangélica, em todos os sentidos da nossa existência. É a transformação do homem
velho, carregado de tendências e erros seculares, no homem novo, atuante na
implantação dos ensinamentos do Divino Mestre, dentro e fora de si.
Por que a Reforma Íntima?
Porque é o meio de nos libertarmos das imperfeições e de fazermos
objetívamento o trabalho de burilamento dentro de nós, conduzindo-nos
compativelmente com as aspirações que nos levam ao aprimoramento do nosso
espírito.
Para que a Reforma Intima?
Para transformar o homem e a partir dele, toda a humanidade, ainda tão
distante das vivências evangélicas. Urge enfileirarmo-nos ao lado dos
batalhadores das últimas horas, pelos nossos testemunhos, respondendo aos apelos
do Plano Espiritual e integrando-nos na preparação cíclica do Terceiro Milênio.
Onde fazer a Reforma Intima?
Primeiramente dentro dós mesmos, cujas transformações se refletirão depois em
todos os campos de nossa existência, no nosso relacionamento com familiares,
colegas de trabalho, amigos e inimigos e, ainda, nos meios em que colaborarmos
desinteressadamente com serviços ao próximo.
Quando fazer a Reforma Intima?
O momento é agora e já; não há mais o que esperar. O tempo passa e todos os
minutos são preciosos para as conquistas que precisamos fazer no nosso intimo.
Como fazer a Reforma Intima?
Ao decidirmos iniciar o trabalho de melhorar a nós mesmos, um dos meios mais
efetivos é o ingresso numa Escola de Aprendizes do Evangelho, cujo objetivo
central é exatamente esse. Com a orientação dos dirigentes, num regime
disciplinar, apoiados pelo próprio grupo e pela cobertura do Plano Espiritual.
conseguimos vencer as naturais dificuldades de tão nobre empreendimento, e
transpomos as nossas barreiras. Daí em diante o trabalho continua de modo
progressivo, porém com mais entusiasmo e maior disposição. Mas, também, até
sozinhos podemos fazer nossa Reforma íntima, desde que nos empenhemos com afinco
e denodo, vivendo coerentemente com os ensinamentos de Jesus.
Texto tirado do livro MANUAL PRÁTICO DO ESPÍRITA de Ney Prieto Peres, editora
Pensamento.