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Arrebatamento Bíblico

José Reis Chaves

A princípio, São Paulo esperava que acontecesse logo a segunda vinda do Cristo, ou seja, para a sua própria geração. Depois, ele mudou de idéia. E para ele, nós os vivos, seremos arrebatados (ressuscitados) depois dos que dormem (1 Tessalonicenses 4, 14 a 17). Mas sabemos por outros textos dele mesmo e de outros autores sagrados que a ressurreição se dará só depois da morte dos nossos corpos. De certa feita, ele fala que seremos primeiro transformados. E noutra parte, ele afirma que não sabia se foi no corpo ou fora do corpo que ele foi arrebatado até ao terceiro céu.”(2 Coríntios 12, 2 e 3).

Quanto ao final dos tempos, Jesus não sabe quando isso ocorrerá, mas somente o Pai o sabe (Mateus 24,36) Desses fatos concluímos duas grandes verdades: Se nem Jesus era infalível, por que Paulo o seria? E como ficam outros ensinamentos dele, os quais o próprio Pedro achou de difícil compreensão (2 Pedro 3, 16)?

Pelos textos bíblicos (Amós, 4,11; Atos 6, 12; Atos 8,39; João 10, 29; Apocalipse 12, 5; e Ezequiel 11,24), o arrebatamento pode ser do espírito, corpo ou de coisas, e pode ocorrer também pela ação de Deus, Jesus e outros espíritos, inclusive impuros (Mateus 13, 19). A Igreja canonizou o fundador da Congregação Redentorista, o notável napolitano Santo Afonso Maria de Ligório, por ele possuir, entre outras qualidades, o dom (mediunidade) de se auto-arrebatar, fenômeno esse chamado por ela de bilocação, e pela Parapsicologia, de desdobramento, isto é, o dom de a pessoa poder estar presente em dois locais diferentes, ao mesmo tempo. Por arrebatamento ainda se entendem também o êxtase dos cristãos, e o instase, o samadi e o sartori dos orientais. ´ Muitos cristãos pensam que eles e seu grupinho vão ser os únicos arrebatados. Será que eles são cristãos mesmo, se pouco lhes importa a triste sorte dos outros, e, às vezes, até de seus próprios pais, filhos e irmãos de sangue? Porém é da vontade do Pai que nenhuma alma pereça (Mateus 18, 14). E para isso, contamos também com a misericórdia e o amor infinitos e eternos do Pai, e ainda, com a nossa condição de espíritos imortais, com oportunidades, sem conta, de regeneração em reencarnações na Terra e outros orbes, pela eternidade afora (na casa do Pai há várias moradas ou níveis de evolução). Cabe-nos a busca da perfeição, recebendo cada um de nós segundo as nossas obras (1 Pedro 1,17 e Apocalipse 20,12), até que cheguemos à estatura mediana de Cristo (Efésios 4, 13), pagando até o último centavo de nossos pecados ou carmas (Mateus 5,26), para que, assim purificados, possamos passar pela difícil Porta Estreita, já que os ressuscitados serão como os anjos (Mateus 22, 30).

Jesus não regrediu e continua sendo o salvador do mundo, e não só de um grupinho de pessoas. Destarte, ao voltar, não vai “pisar na bola”, dando uma de vingativo e justiceiro, Ele que é justamente nosso modelo de perfeição e amor!

Autor de “A Face Oculta das Religiões” (Ed. Martin Claret), entre outros livros. E-mail: escritorchaves@ig.com.br