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Introdução ao Espiritismo Parte 7 Consequências filosóficas da Reencarnação

Consequências filosóficas da Reencarnação

A lei dos renascimentos explica e completa o princípio da imortalidade. A
evolução do ser indica um plano e um objetivo: Esse objetivo, que é a perfeição,
não poderia se realizar em uma única existência, por mais longa e frutuosa ela
fosse. Devemos ver na pluralidade das vidas da alma a condição necessária à sua
educação e ao seu progresso. É por seus próprios esforços, suas lutas, seus
sofrimentos que ela se resgata de seu estado de ignorância e se eleva, degrau a
degrau, primeiro sobre a Terra, depois através moradas inumeráveis do céu
estrelado.

A reencarnação, afirmada pelas vozes de além-túmulo, é a única forma racional
sob a qual se pode admitir a reparação das faltas cometidas e a evolução gradual
dos seres. Sem ela, não se tem nenhuma sanção moral satisfatória e completa;
nenhuma possível concepção de um Ser que governe o universo com justiça.

Metempsicose & Reencarnação

A metempsicose se distingue da reencarnação postulando que, após a morte, o
homem possa reencarnar em um corpo humano, animal ou vegetal. Os Espíritos nos
ensinam que o Espírito não pode retroceder e que a metempsicose é falsa se
entendemos por tal palavra a transmigração do homem no animal e reciprocamente.
Pode-se todavia supor que a alma que anima o homem hoje, tenha podido progredir
pela seqüência animal ou mesmo vegetal, onde teria adquirido desenvolvimento que
teria transformado sua natureza. Sabemos que, sobre o globo, a vida aparece
primeiramente sob os mais simples, os mais elementares aspectos, para se elevar,
por uma progressão constante, de forma em forma, de espécie em espécie, até o
tipo humano, coroando a criação terrestre. Gradualmente, os organismos se
desenvolvem, se apuram e a sensibilidade cresce. Lentamente, a vida se
desembaraça das restrições da matéria, o instinto cego dá lugar à inteligência e
à razão.

Essa escala de evolução progressiva, cujos degraus mais baixos mergulham em
abismos tenebrosos, cada alma a teria percorrido ? Antes de adquirir a
consciência e a liberdade, antes de possuir em plenitude a sua vontade, teve de
animar organismos rudimentares, revestir as formas inferiores da vida ? O estudo
do caráter humano, ainda marcado de bestialidade, assim nos levaria à crê-lo.

O sentimento de absoluta justiça nos diz que o animal, assim como o homem,
não deve viver e sofrer em troca de nada. Uma cadeia ascendente e contínua
parece religar todas as criações, o mineral ao vegetal, o vegetal ao animal, e
este ao homem. Ela pode religá-los duplamente, ao material como ao espiritual.
Estas duas formas de evolução seriam paralelas e solidárias, a vida não sendo
mais que uma manifestação do espírito.

De qualquer forma que tenha sido, a alma, chegada ao estado humano, e tendo
adquirido a consciência, não pode mais retroceder.

Desigualdades & Injustiças

A pluralidade das existências pode explicar por si só a diversidade dos
caracteres, a variedade de aptidões, a desproporção das qualidades morais, em
uma palavra, todas as desigualdades que chamam nossa atenção.

Fora desta lei, se perguntaria em vão por que certos homens possuiriam o
talento, os sentimentos nobres, as aspirações elevadas, enquanto que tantos
outros não têm em contrapartida senão tolice, paixões vís e instintos
grosseiros.

Que pensar de um Deus que, em nos assinando uma única vida corporal, nos
teria feito tão desiguais e, do selvagem ao civilizado, teria reservado aos
homens bens tão pouco convenientes e um nível moral tão diferente ? Sem a lei
das reencarnações, seria a iniquidade que governaria o mundo.

Se tudo começasse para nós com a vida atual, como explicar tanta diversidade
nas inteligências, tantos degraus na virtude ou no vício, tantos escalões nas
situações humanas ? Um mistério impenetrável pairaria sobre certos gênios
precoces, sobre certos espíritos prodigiosos que, desde sua infância, se lançam
com ardor nos atalhos da arte e da ciência, enquanto que tantos jovens pastelam
nos estudos e permanecem medíocres malgrado seus esforços.

Todas essas obscuridades se dissipam diante da doutrina das existências
múltiplas. Os seres que se distinguem por seu poder intelectual ou suas
virtudes, têm vivido mais, trabalhado há mais tempo, adquirido uma experiência e
aptidões mais extensas.

O progresso e a elevação das almas dependem unicamente de seu trabalho, da
energia empregada por eles no combate vital. Uns lutam com coragem e transpõem
rapidamente os degraus que os separam da vida superior, enquanto que outros se
imobilizam durante séculos por existências ociosas e estéreis. Mas essas
desigualdades, resultado das ações do passado, podem ser resgatadas e niveladas
por nossas vidas futuras. Assim a sanção moral, tão insuficiente, por vezes tão
nula, quando estudada sob o ponto de vista de uma única vida, se torna absoluta
e perfeita ante a sucessão de nossas existências. Há uma correlação estreita
entre nossos atos e nosso destino. Sofremos em nós mesmos, em nosso ser interior
e nos eventos de nossa vida, o contragolpe de nossas ações. Nossa atividade, sob
todas as formas, é criadora de elementos bons e maus, de efeitos próximos ou
longínqüos, que recaem sobre nós em chuvas, em tempestades, ou em raios de
alegria. O homem constrói seu próprio porvir. Até aqui, na sua incerteza, na sua
ignorância, ele construiu às cegas e sofreu sua sina sem poder explicá-la. Logo,
melhor esclarecido, penetrado pela majestade das leis superiores, compreenderá a
beleza da vida, que reside nos esforços corajosos e dará à sua obra um impulso
mais nobre e mais elevado.

Encarnação & Desencarnação

A união da alma ao corpo se efetua por meio do envelope fluídico, do
perispírito. Por sua natureza sutil, ele servirá de laço entre o espírito e a
matéria. Depois da concepção até o nascimento, a fusão se opera lentamente entre
os corpos físicos e o perispírito, os movimentos vibratórios do perispírito da
criança vão se minorando e se reduzindo, ao mesmo tempo em que as faculdades da
alma, a memória, a consciência, se apagam e se aniquilam. É a esta redução das
vibrações fluídicas do perispírito, à sua oclusão na carne, que é preciso
atribuir a perda da lembrança das vidas anteriores. Um véu sempre mais espesso
envolve a alma e extingue suas radiações interiores. Todas as impressões de sua
vida celeste e de seu longo passado mergulham nas profundezas do inconsciente.
Elas não emergirão mais senão nos momentos de exteriorização ou na morte, quando
o espírito, recuperando a plenitude de seus movimentos vibratórios, evocará o
mundo adormecido de suas lembranças.

No momento da morte, tudo está em princípio confuso; é preciso algum tempo
para a alma se reconhecer; ela está aturdida, e no estado de um homem saindo de
um profundo sono, que procura se dar conta da situação. A lucidez das idéias
e a memória do passado lhe vêm à medida que se apaga a influência da matéria da
qual ela acaba de se desembaraçar,
e que se dissipa a espécie de névoa que
obscurece seus pensamentos.

A duração do problema que se segue à morte é muito variável, e pode ser
somente de algumas horas, como de vários dias, de vários meses, e mesmo de
vários anos. É menos longo entre aqueles que estão identificados por sua
vivência com o estado futuro, porque compreendem imediatamente a sua situação ;
é de qualquer forma mais longo para o homem que viveu mais materialmente.

Esquecimento do passado

Nós vimos precedentemente as causas orgânicas do esquecimento das vidas
passadas. Resta-nos compreender sua utilidade: se o homem guardasse a lembrança
de seus atos, teria também conservado a dos atos dos outros. As conseqüências
nas relações sociais seriam consideráveis: imagine a situação de uma mãe que
teria por seu filho um ser com o qual ela teria de alguma forma se desentendido!
Os seres que reencarnam juntos para se perdoarem de suas faltas passadas e para
aprenderem a se amar seriam continuamente entravados pela lembrança dos atos
cometidos. O perdão seria muito mais difícil e o ódio se perpetuaria entre os
seres.

Demografia

Opõe-se freqüentemente à teoria das vidas sucessivas a demografia humana. Com
efeito, a Terra tinha uma população de 1 bilhão de habitantes, contra 6 bilhões
no ano 2000. Como explicar este aumento?

O problema é simples de resolver se sairmos dessa visão estreita que faz com
que a Terra seja o único mundo habitado e se considerarmos os bilhões de
galáxias que preenchem o Universo. Deus não as criou para o prazer dos nossos
olhos ! Os mundos habitados evoluem com os seres que os compõem ; à medida que
os mundos de expiação e provas, como a Terra, se transformam em mundo de
regeneração, o mal é pouco a pouco excluído. Por conseqüência, os Espíritos que
se obstinam nesta via se encontram deslocados e irão continuar sua evolução
sobre outros mundos que apresentam mais afinidade com seu estado.

Para saber mais:

    • O Livro dos Espíritos Allan Kardec (2ª parte, cap. II, Encarnação
      dos Espíritos
      )

 

    • O Livro dos Espíritos Allan Kardec (2ª parte, cap. III,
      Retorno da vida corporal à vida espiritual
      )

 

    • O Livro dos Espíritos Allan Kardec (2ª parte, cap. IV,
      Pluralidade das existências
      )

 

    • O Livro dos Espíritos Allan Kardec (2ª parte, cap. V, Considerações
      sobre a pluraldade das existências
      )

 

    • O Livro dos Espíritos Allan Kardec (2ª parte, cap. XI,
      Metempsicose
      )

 

    • O Livro dos Espíritos Allan Kardec (2ª parte, cap. VII,
      Retorno à vida corporal
      )

 

    • O que é o Espiritismo ? Allan Kardec (n° 116-117, 144-145)

 

    • O Evangelho Segundo o Espiritismo Allan Kardec (cap. IV, Ninguém
      pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo
      )

 

    • Após a morte Léon Denis (2ª parte, cap. XI, A
      pluralidade das existências
      )

 

    • Após a morte de Léon Denis (4ª parte, cap. XLI,
      Reencarnação
      )

 

    • O Problema do Ser e do destino Léon Denis (2ª parte, cap. XIII, As
      Vidas sucessivas.
      A Reencarnação e suas leis)

 

    • O Problema do Ser e do destino Léon Denis (2ª parte, cap. XVI, As
      Vidas sucessivas.
      Objeções e críticas)

 

    • Synthèse pratique du Spiritualisme de Léon Denis (II. De la
      Réincarnation
      )

 

  • Spiritualisme vers la lumière de Louis Serré (Hérédité –
    Réincarnation
    , page 102)