No trabalho de desobsessão, a equipe é composta de: Dirigente, Doutrinadores,
Médiuns e Apoiadores (ou Assistentes). Todos os componentes tem as suas funções,
as suas responsabilidades. TODOS SÃO IMPORTANTES! Podemos comparar o grupo de
desobsessão ao corpo humano: os olhos tem a sua utilidade, assim como as mãos,
os pés,… O corpo humano sem a visão fica prejudicado, e assim por diante! Não
devemos invejar a função alheia. Temos o nosso papel dentro do grupo e devemos
fazer a nossa parte da melhor maneira possível!
Vamos, então, descrever a finalidade de cada membro do grupo mediúnico:
DIRIGENTE
( )“O Dirigente da reunião é aquele que preside os trabalhos, encaminhando
todo o seu desenrolar. É o responsável, no plano terrestre, pela reunião. A
figura daquele que dirige é de muita importância para todo o grupo. Deve ser uma
pessoa que conheça profundamente a Doutrina Espírita e, mais do que isto, que
viva os seus postulados, obtendo assim a autoridade moral imprescindível aos
labores dessa ordem. Esta autoridade é fator primacial, pois uma reunião
dirigida por quem não a possui será, evidentemente, ambiente propício aos
Espíritos perturbadores. Diz-nos Kardec que a verdadeira superioridade é a moral
e é esta que os Espíritos realmente respeitam. É ele que irá infundir nos
integrantes da equipe a certeza de uma direção segura e equilibrada. O Dirigente
precisa ser, pois, alguém em quem o grupo confie, uma pessoa que represente para
os encarnados a diretriz espiritual, aquela que na realidade sustenta e orienta
tudo o que ocorre. Ele é o representante da direção existente na
espiritualidade, o pólo catalisador da confiança e da boa vontade de todos.”
DOUTRINADOR
Fomos buscar as informações necessárias sobre o papel do Doutrinador nas
seguinte fontes: “Diálogo com as Sombras” (Hermínio Miranda) e “Obsessão e
Desobsessão” (Suely Shubert). Vamos ver, então, o que eles relataram:
( )”Num grupo mediúnico, chama-se Doutrinador a pessoa que se incumbe de
dialogar com os companheiros desencarnados necessitados de ajuda e
esclarecimento. Qualquer bom dicionário leigo dirá que doutrinar é
instruir em uma doutrina, ou simplesmente, ensinar. E aqui já começamos a
esbarrar nas dificuldades que a palavra doutrinador nos oferece, no
contexto da prática mediúnica. Em primeiro lugar, porque o Espírito que
comparece para debater conosco os seus problemas e afeições, não está em
condições, logo nos primeiros contatos, de receber instruções doutrinárias, ou
seja, acerca da Doutrina Espírita, que professamos, e com a qual pretendemos
ajudá-lo. Ele não vem disposto a ouvir uma pregação, nem predisposto ao
aprendizado, como ouvinte paciente ante um guru evoluído.”
( )”Esclarecer, em reunião de desobsessão, é clarear o raciocínio; é levar
uma Entidade desencarnada, através de uma série de reflexões, a entender
determinado problema que ela traz consigo e que não consegue resolver; ou
fazê-la compreender que as suas atitudes representam um problema para terceiros,
com agravantes para ela mesma. É levá-la a modificar conceitos errôneos,
distorcidos e cristalizados, por meio de uma lógica clara, concisa, com base na
Doutrina Espírita e, sobretudo, permeada de amor. Essa é uma das mais belas
tarefas na reunião de desobsessão e que requer muita prudência, discernimento e
diplomacia. Que requer, principalmente, o ascendente moral daquele que fala
sobre aquele que ouve, que está sendo atendido. Esse ascendente moral faz com
que as explicações dadas levem o cunho da serenidade, da energia equilibrada e
da veracidade.
(…) O esclarecimento não se faz mostrando erudição, conhecimentos
filosóficos ou doutrinários. Também não há necessidade de dar uma aula sobre o
que é o Espiritismo, nem mostrar o quanto os Espíritos trabalham. Como não é o
instante para criticar, censurar, acusar ou julgar. Esclarecer não é fazer
sermão. Não surtirão bons resultados palavras revestidas de grande beleza, mas
vazias, ocas, frias. Não atenderão às angústias e aflições daquele que sofre e
muito menos abrandarão os revoltados e vingativos.
(…) Para sentir aquilo que diz, é essencial ao doutrinador uma vivência que
se enquadre nos princípios que procura transmitir. Assim, a sua vida diária deve
ser pautada, o mais possível, dentro dos ensinamentos evangélicos e
doutrinários. Inclusive, porque os desencarnados que estão sendo atendidos, não
raro, acompanham-lhe os passos (não somente o doutrinador, mas também aos demais
integrantes da equipe), para verificar o seu comportamento e se há veracidade em
tudo o que fala e aconselha. Eis o motivo pelo qual Joanna de Ângelis recomenda:
“(…) quem se faz instrutor deve valorizar o ensino, aplicando-o em si mesmo.””
MÉDIUNS
( )”O médium, desde os instantes iniciais de sua trajetória na seara
mediúnica espírita, aprende que a prática dessa faculdade exigirá dele – se
quiser produzir algo de proveitoso em benefício dos que sofrem e,
concomitantemente, conseguir o desenvolvimento de sua aptidão – esforço e
dedicação, estudo metódico e constante do Espiritismo, perseverança, disciplina
e muita vontade de se renovar, de se transformar, para o que deverá também aliar
o trabalho da caridade aos requisitos mencionados.
(…) Serão testados na boa vontade, paciência e perseverança no trato tanto
do obsidiado como dos obsessores; serão mesmo vigiados por estes últimos que lhe
espreitam os passos, pondo-lhes à prova a resistência e a fé. Estarão, enfim,
cooperando para o labor sagrado da cura das almas – finalidade maior da Doutrina
Espírita. (…) A atuação propriamente dita dos médiuns, durante uma sessão
mediúnica de desobsessão, é de vital importância para o bom andamento dos
trabalhos. Eles são os instrumentos de que o Mundo Maior se utilizará para o
pronto atendimento aos Espíritos sofredores e obsessores. (…) A incorporação
de um obsessor ou de um suicida, por exemplo, é bastante penosa para o
medianeiro. As vibrações desses Espíritos, a atmosfera psíquica em que vivem
repercutem profundamente no médium. Este passa a se identificar com os
sofrimentos ou perturbações que apresentem, como também sentirá os reflexos das
angústias e dos sentimentos de que são portadores.”
( )”Há manifestações difíceis, dolorosas, que deixam resíduos vibratórios
perturbadores. Em casos assim, o médium não deve ser deixado à sua sorte, com as
dores e as canseiras resultantes. Se o Dirigente não puder socorrê-lo com um
passe restaurador, designe alguém do grupo para fazê-lo, mas diga-lhe uma breve
palavra de carinho ou lhe faça um gesto de solidariedade, para que o médium
sinta o apoio e a compreensão para a sua árdua tarefa.”
( )”O doente espiritual que se comunica mediunicamente, começa a receber
tratamento de que necessita, quando energias equilibradas contém as suas
manifestações destrambelhadas. Dessa forma, se o médium secundar-lhe e
endossar-lhe o descontrole emocional e verbal, não raro estará contribuindo para
cristalizar ainda mais os seus problemas. O médium ao apassivar-se, cedendo a
sua instrumentalidade orgânica ao intercâmbio com Espíritos menos felizes, deve
exercer um completo controle sobre o enfermo. Disciplinando gestos agressivos,
palavras contundentes, comentários maliciosos, estará exercendo a Caridade
preconizada pelo Senhor.”
ASSISTENTES/APOIADORES/PARTICIPANTES
( )”O participante, porém, precisa estar preparado para a eventualidade de
conviver com o grupo por longos anos, sem que nenhum fenômeno ostensivo se passe
na intimidade de seu ser. Não pense, porém, que é inútil, só porque não
incorpora, não vê ou não ouve Espíritos; às vezes, sua participação é preciosa.
Conserve-se firme e tranqüilo; contribua para manter um bom ambiente de
vibrações amorosas, vigie seus pensamentos, permaneça concentrado e em prece nos
momentos mais críticos. Não se aflija se a sua contribuição é menos ostensiva.
Num grupo bem harmonizado, todos são úteis e necessários, como já ensinava
Paulo, há tantos séculos:
– Com efeito – dizia ele aos Coríntios (Primeira Epístola, cap. 12, vers. 14
e seguintes) – o corpo não se compõe de um só membro, senão de muitos. Se o pé
dissesse: “Como não sou mão, não pertenço ao corpo”, deixará de ser parte do
corpo por isso? Se todo corpo fosse olho, onde ficaria o ouvido? E se fosse todo
ouvido, onde ficaria o olfato?
Nada, pois, de ambicionar, ou mesmo desejar, faculdades para as quais não
estamos preparados, ou pelo menos, ainda não estamos preparados.”
(Publicado no Boletim GEAE Número 450 de 25 de fevereiro de 2003)