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Disponibilidade Para Deus

Disponibilidade Para Deus

Rico ou pobre, culto ou iletrado, sem obrigação de exercer regularmente
atividades profissionais ou preso a um penoso horário de trabalho todo santo
dia, qualquer que seja, enfim, o seu status (econômico, intelectivo e social),
você tem um singular recurso para ser feliz, livrando-se da avassaladora onda de
neurose coletiva que está jogando enorme quantidade de pessoas em consultórios
de psicanalistas, em cursos de controle da mente de propaganda ruidosa e
matrículas caras, em salas de cartomantes e astrólogos, em templos que prometem
impossíveis milagres, em gabinetes onde se vendem duvidosas propriedades
terapêuticas de cores e cristais, em folclóricos terreiros de macumba ostensiva
ou disfarçada, finalmente em bares e outros ambientes acolhedores de quem busca
ilusão e refúgio, compelido pela angústia existencial.

Aludimos ao recurso de mandar às favas os valores vigentes na moderna
sociedade de consumo (dentro da qual, já nos ocorreu afirmar certa feita,
consumimos cada vez menos e somos cada vez mais consumidos!), de dar um
inteligente pontapé nos desejos que sempre o atormentaram e nunca puderam
(talvez nunca possam, nem devam) ser atendidos e, depois desta sensata
resolução, colocar sua vida em disponibilidade para DEUS.

Isto se afigura muito complicado e difícil de ser conseguido, mas é tão
simples e fácil que quase ninguém compreende…

Não consiste em mergulhar na crença hermética ou na fé cega, entregando-se a
leituras e práticas de sabor oriental ou de conteúdo religioso sectarista, nem
consiste em voar bastante alto nas asas do lirismo poético, limitando-se a
apreciar as maravilhas da natureza, que passeiam das plumagens dos pássaros aos
sorrisos das crianças, dos bosques floridos aos céus polvilhados de estrelas…

Consiste, apenas, em você parar de pensar excessivamente em termos
pragmáticos e utilitaristas, alimentando o egoísmo, segundo a moda da
racionalidade atual, a fim de escutar a voz da consciência, porque por ela DEUS
lhe fala a todo momento.

Isto é o que, no fundo e expressamente, ensina a Doutrina Espírita. Quando
Allan Kardec indagou, de for­ma direta, aos seres do Além reveladores da
filosofia por ele codificada “onde está escrita a lei de Deus”, obteve esta
resposta curta e incisiva: na consciência. (Pergunta 621 de “O Livro dos
Espíritos”.)

Você já marcou encontro com a sua? Costuma consultá-la, não só diante de
dúvidas e dilemas, mas a cada instante: de tranqüilidade, de sofrimento e de
euforia?

Torna-se imperioso convivermos com a consciência se quisermos nascer para a
luz de nós mesmos. Embora tal atitude, de início, mostre-se desconfortável,
porque ela nos acusa mais do que defende, no grau evolutivo por onde ora
transitamos, vale a pena enfrentá-la e assumi-la em definitivo. Escutando-a
atentamente, com intenção honesta, bem cedo seremos equilibrados e não
perturbados (neuróticos), pelo elementar motivo de que ficaremos em
disponibilidade para DEUS, flutuando na obediência à sua vontade sábia e
soberana, plena de infinito amor. Quem experimenta esta condição íntima, que
alguns, por eufemismo de linguagem ou por condicionamento místico, chamam de
estado de graça, sabe o que é ser feliz. Quem jamais tentou atingi-la,
recusando-se a defrontar-se com a própria consciência, em vão correrá à procura
da paz interior arrimando-se na orientação de terceiros, sejam eles gurus
excêntricos, pregadores carismáticos ou pretensos cientistas.

(Reformador nº 1984 de Julho de1994)