A vida não é estável. Muda de tempos em tempos nos surpreendendo. Vivemos preocupados com o futuro, tanto que nossa agenda de hoje está muito além do razoável, e o exemplo é que ficamos planejando férias de fim de ano e até compramos pacotes de viagem, passando a viver com o pensamento lá adiante e esquecemos que a vida está acontecendo.
Em cidade pequena sabe-se de tudo que acontece, pois todos acabam se envolvendo uns com os outros. Sabemos dos amores desfeitos, os proibidos, os bem vividos e aqueles só de aparência. Mas isso tem um lado bom, pois possibilita exercitarmos a solidariedade nos momentos difíceis, e ai descobrimos que somos capazes de exteriorizar um amor muito grande pelo próximo, beirando aquele exemplificado pelo Mestre Jesus. Pena que logo ali abandonemos esta energia tão gratificante e voltemos a exteriorizar as imperfeições.
Recentemente família tradicional e querida por todos desentendeu-se e deixou de morar junto na casa com o pai. A gente nunca pensa que vai acontecer em nossa família. Também, vimos profissional que de momento para outro adoeceu gravemente e acabou desencarnando. Fatos angustiantes a todos. Por outro diapasão, em conversa com um sobrinho emprestado que recentemente esteve em missão de paz no Haiti, nos disse da felicidade que lhe tomou conta pela oportunidade de ter participado de tal tarefa junto ao Exército Nacional, mas ao mesmo tempo viu lá um completo desarranjo estrutural, com milhares e milhares de crianças passando fome, e meu sobrinho como tinha de cumprir ordens específicas ficou de mãos amarradas para minimizar o sofrimento daquelas crianças, já que o objetivo de estar lá era outro. Também no Rio de Janeiro, aquele dos tempos do poeta “o rio de janeiro continua lindo…”, não existe mais, pois mostra atualmente um quadro horrendo instalado por uma guerra civil, trazendo morte e angústia para moradores.
Colocamos estes exemplos em nosso comentário para demonstrar que isso é a vida mudando, e que repentinamente podemos ter entraves familiares; desencarne em razão de doenças repentinas e galopantes; crianças passando fome, sem nada podermos fazer; ou guerra urbana trazendo desespero em local que era lindo. Resta a cada um procurar explicações do motivo de tais tristezas, e viver o momento, e não ficar fixado no futuro com agendas distantes que possivelmente serão modificadas e impostas por algo que está acima de nossa capacidade de decisão, que no caso particularmente acredito ser a Justiça Divina.
Autor: Nilton Cardoso Moreira