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As Enchentes e A Lei de Causa e Efeito

As Enchentes e A Lei de Causa e Efeito

 

Com o verão, ficamos sujeitos às fortes chuvas, e os dramas das enchentes,
dos desabrigados, das mortes, se repetem quase como num vídeo-tape, variando
apenas a intensidade das chuvas e os estragos por elas provocados.

Angra dos Reis, Teresópolis, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, e
inevitavelmente São Paulo ocuparam o noticiário, e comoveram as pessoas ao verem
tantas vidas ceifadas, e entre elas várias crianças. Assistimos com forte emoção
a entrevista de um garotinho que perdeu vários irmãos e disse à reportagem que
não sabia que doía tanto perder um irmão. Ele ainda não sabe que não se perde
pessoas. Elas viajaram mais cedo. Mas como dizer isso a ele?

Quase sempre surge a inevitável pergunta: por que Deus permite esse tipo de
tragédias, que atinge muito mais os pobres do que os ricos? Ora, os pobres já
estão às voltas com tantas dores e problemas, e todos os anos vêem suas moradias
invadidas pelas águas, seus poucos móveis destruídos e, muitas vezes as águas e
os deslizamentos de terra destróem as suas casas. que as vezes não é mais do que
um barraco.

De quem a responsabilidade? Dos homens, ou de Deus? Ora, os homens tem
grandes responsabilidades, pois a imprevidência, a falta de planejamento, a
ocupação de terrenos impróprios, a superpopulação urbana, a construção e
manutenção das galerias de águas pluviais, o desassoreamento dos córregos e
rios, e a brutal diferença sócio econômica é responsabilidade humana.

Teria Deus o seu quinhão de culpa? Poderia ele determinar que fosse
diferente? Afinal, não falamos sempre: se Deus quiser, vou sarar. Se Deus quiser
vou comprar uma casa. Deus há de me ajudar a passar no vestibular… Deus sabe o
que faz… Deus lhe pague…

Logicamente tudo o que acontece é com a permissão de Deus. Porém não vamos
pensar que ele despacha em seu gabinete como um burocrata qualquer, deferindo ou
indeferindo os pedidos da humanidade. Esse relacionamento acontece através das
suas leis, e dentre elas, o livre-arbítrio, e a lei de causa e efeito. Somos
livres para fazermos o que quisermos, mas nos obrigamos a sofrer as
conseqüências boas ou ruins dos nossos atos.

A nossa grande dificuldade, é o nosso campo de visão, pois, o prisma pelo
qual enxergamos a vida, limita-se a uma encarnação. Isto quer dizer que vemos
uma pontinha do quadro e acreditamos que estamos vendo a obra inteira.

Deus não criou o mal. Criou leis. Quando nos afastamos ou burlamos essas
leis, certamente sofremos as conseqüências. Isto, porém, não quer dizer que
Deus, ou os seus auxiliares, empunhem uma planilha para marcar nossos erros ou
afrontas às leis naturais do nosso mundo. A vida não é punitiva. A finalidade
maior da vida é o aperfeiçoamento do espírito.

A maioria das pessoas se sensibilizam com o sofrimento de crianças, e muitas
vezes se tem perguntando, se ela nasce boa ou má. Kardec demonstra que é preciso
diferenciar o corpo do espírito. Este foi criado simples e ignorante, em épocas
remotas. O corpo vai depender das qualidades do espírito nele encarnado. Será
bom se for um espírito adiantado, e mal, se for um espírito atrasado.

Contudo o espírito mal renasce na Terra para evoluir, tornar-se bom. O
espírito bom renasce para ser melhor e para auxiliar os mais atrasados no seu
desenvolvimento.

19/1/2003