Tamanho
do Texto

Espiritismo e Exobiologia

Espiritismo e Exobiologia

A Doutrina Espírita em seus princípios preconiza a pluralidade dos mundos
habitados. Em “O Livro dos Espíritos” no cap. III (Da Criação, questões 55 a
58), deixa claro o tema em pauta, mostrando a importância do assunto, também em
outras obras da Codificação.

A Exobiologia (ciência que estuda a possibilidade de vida em outros planetas)
e a Astrofísica mostra que a matéria do nosso planeta, tem os mesmos elementos
químicos dos astros distantes. As leis físicas daqui é exatamente as mesmas que
vigoram lá. Não há mais razão para negar ou afirmar que a Terra é o único
planeta habitado do Universo. Daí a criação de uma comissão destinada a essa
disciplina, pela União Astronômica Internacional em 1979.

Os mais exigentes, bem sei, rirão com menosprezo diante de tais afirmações e
exigirão provas para aceitarem, ao menos, a possibilidade de tal hipótese. Disso
sei eu, pois também não posso aceitar nada sem provas. Mas, o que muitos não
sabem é que existe base empírica para a vida fora do planeta Terra. A
micropaleontologia descobriu fósseis de organismos simples datando de até 3,8
bilhões de anos. Também não podemos esquecer que a Terra foi alvo de um intenso
bombardeamento de refugos da Nebulosa Solar, provavelmente, em torno de 3,9
bilhões de anos atrás. Vale a pena lembrar, que os Espíritos superiores na
questão 45, deixam bem claro, que os elementos orgânicos “achavam-se, por assim
dizer, em estado de fluido no Espaço, no meio dos Espíritos, ou em outros
planetas, à espera da criação da Terra para começarem existência nova em novo
globo.”

A exobiologia ou astrobiologia em seu programa de pesquisa, sabe que é
importante para ambos os lados da controvérsia os testes experimentais, isto é
fundamental. Daí a divulgação do SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence),
que é uma entre muitas alternativas de verificação experimental. O SETI se
baseia na recepção de sinais coerentes em ondas de rádio. O OSETI (Optical SETI)
é mais recente e seu objetivo é detectar pulsos coerentes de laser.

O solo de Marte tem sido vasculhado por sondas espaciais que procuram algum
sinal de vida, exemplo disso, foram as sondas Vikings em 1976. Em 1996,
discussões sobre a vida em Marte foram exacerbadas devido ao anúncio  da
descoberta no meteorito ALH84001, de um conjunto de compostos e estruturas que
sugeriam origem biológica. Esse aerólito é um fragmento de quase 2 kg da crosta
de Marte, coletado na Antártida onde teria caído há 13 mil anos. Esse meteorito
será estudado agora por Stephen Mojzsis, da Universidade de Colorado (EUA).
Quanto aos fósseis, acima citados a revista americana “Science” publicou um
estudo (24/05/2002) sugerindo “que a presença de certas distribuições de carbono
de 3,85 bilhões de anos em uma pedra da Groelândia não são resultado do
metabolismo de formas de vida antiquíssimas, mas apenas fruto do processo de
formação da rocha.” Será mesmo? Essa opinião é do geólogo Christopher Fedo, da
Universidade George Washington (EUA).

No exterior as pesquisas exobiológicas são cada vez maiores, em laboratórios
dedicados ao tema. Para se ter idéia do avança da Exobiologia, já há um curso de
pós-graduação nessa área oferecido pela Universidade de Washington, em Seattle
(EUA).

Vale a pena lembrar também do astrofísico norte-americano Carl Sagan
(1934-1996), que foi diretor do Laboratório de estudos Planetários e professor
de Astronomia da Universidade de Cornell de Ithaca, onde se especializou em
planetologia e exobiologia. Autor de obras de divulgação científica de grande
sucesso. Quem não se lembra da obra Cosmos que virou documentário para a
televisão? O professor Sagan também foi conselheiro científico da NASA e
colaborou nos programas das sondas planetárias Viking e Voyager. O professor
Sagan encarou o assunto da pluralidade dos planetas habitados sem afetação e com
muita seriedade. Esperamos que seus colegas façam o mesmo.

A sonda Mars Odyssey que foi lançada em abril do ano (2001) passado, revelou
a existência de depósitos de gelo no subsolo marciano. A área ocupada pelo gelo
é de 10 milhões de quilômetros quadrados, isto é, o volume de água é 5000 vezes
maior que o da Baia de Guanabara. Estas informações levam os cientistas a
preverem que os fragmentos de gelo possam conter certas formas primitivas de
vida, isto é, bactérias, como ocorre em algumas regiões geladas do planeta em
que habitamos.

Kardec tem razão ao dizer:

“Deus povoou de seres vivos os mundos, concorrendo todos esses seres para o
objetivo final da Providência. Acreditar que só os haja no planeta que habitamos
fora duvidar da sabedoria de Deus, que não fez coisa alguma inútil. Certo, a
esses mundos há de ele ter dado uma destinação mais séria do que a de nos
recrearem a vista. Aliás, nada há, nem na posição, nem no volume, nem na
constituição física da Terra, que possa induzir à suposição de que ela goze do
privilégio de ser habitada, com exclusão de tantos milhares de milhões de mundos
semelhantes”.

E para encerrar, vale a pena lembrar de uma frase dita por Albert Einstein, o
mais brilhante de todos cientistas:

“Há duas coisas que são infinitas: o Universo e a tolice dos homens.”

(Publicado no CORREIO FRATERNO DO ABC, Ano XXXIV, Nº 379, Agosto de 2002)