Ao ler o artigo da autoria do Jomar Morais, inserido na Revista
Superinteressante (março, 2002), fiquei aparvalhado diante da afirmação de que
Kardec foi um místico francês. Diante de tamanha inconsequência fui ao
dicionário, mais conhecido como o pai dos burros, e no verbete místico encontrei
o seguinte:
“Místico, adj. Que se refere à mística, à vida espiritual. Espiritualmente
alegórico; de sentido oculto, esotérico; que trata da vida contemplativa; s.m. o
que procura, pela contemplação espiritual, atingir o estado estático de união
direta com a divindade; o que professa o misticismo (ou escreve sobre ele).”
Depois de ler as considerações, do prof. Francisco da Silveira Bueno,
contidas no Dicionário escolar da Língua Portuguesa, aproveitei para ler também
o verbete referente ao misticismo, e mais uma vez o saudoso professor me
esclarece:
“Misticismo, s.m. Crença religiosa dos místicos; devoção contemplativa;
tendência para acreditar no sobrenatural, crença religiosa ou filosófica que
admite comunicações ocultas entre o homem e a divindade.”
O Codificador Espírita Allan Kardec, não é místico, nem aqui, nem na China,
porque não é ocultista, esotérico e quanto a vida contemplativa, basta uma
consulta ao livro “O Céu e o Inferno” para se saber que o Espiritismo não
orienta seus adeptos para o êxtase, ioga ou etc. A religião espírita é natural e
não precisa dos aparatos da religião instituída pelos homens (Espíritos
imperfeitos), para a busca de Deus.
Outro ponto fundamental, é o que se refere ao sobrenatural, ora, o
Espiritismo ensina exatamente o contrário, Kardec ‘o bom-senso encarnado’, com
lógica irretorquível mostra o absurdo do sobrenaturalismo.
A crença espírita também não ensina seus adeptos a se comunicarem de forma
‘oculta’ com Deus. Para o espírita não há segredo para a comunicação com Deus,
toda criatura pode e deve buscar o Criador através da Natureza, pois, não
podemos esquecer que as Leis de deus estão na consciência de cada um e na
Natureza.
Volto a dizer, Kardec não é místico!
Aqui vai alguns nomes de alguns místicos: Ramatis, Pietro Ubaldi, Paulo
Coelho e tantos outros que não me vem à memória.
O autor destas toscas linhas, também não é místico, e você leitor também não
é místico porque quem estuda as obras codificadas por Kardec, espanta o
sobrenaturalismo e não inventa teorias malucas, para explicar o explicável.
(Publicado no CORREIO FRATERNO DO ABC, Ano XXXIV, Nº 376, Maio de 2002)