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Evangelho, Sempre Evangelho

Evangelho, Sempre Evangelho

Meus irmãos e meus amigos, que Jesus vos conserve o coração em santa paz.

Não desejamos perturbar a tranqüilidade sagrada da vossa palestra amiga e
fraternal. Se a trocastes por um momento de comunhão com o invisível, deveis
considerar que, através de vossos conceitos, fluía o espírito do amor e da
cordialidade, no fermento divino do Evangelho.

Não podemos trazer a vós outros uma emoção nova, nesse sentido, e, em nosso
coração, ressoa esse eco de amizade doce, que faz da vida terrena uma travessia
menos fadigosa.

Simples irmão mais velho, não me atrevo a pintar panoramas novos para a.
vossa mentalidade esclarecida à luz das lições imortais de Jesus Cristo.

De bom grado, associamo-nos ao vosso ágape espiritual, endossando as opiniões
expendidas e corroborando o vosso critério evangélico, no mecanismo das
atividades doutrinárias.

Nenhuma mensagem do plano espiritual pode apresentar características mais
empolgantes que o divino roteiro, estabelecido pelo Divino Mestre, há dois mil
anos, com vistas ao progresso infinito das almas. Debalde, os emissários das
idéias novas falarão ao mundo, recorrendo a todos os processos da retórica e da
dialética humanas. Em vão, as ideologias políticas desfraldarão bandeirolas ao
vento, ao rufo melancólico de tambores, e é inútil que a ciência e a religião,
em seus pólos dogmáticos, prossigam na luta dos seus antagonismos
irreconciliáveis. A revelação divina, no coração das criaturas, a sagrada
compreensão do Cristianismo redivivo são as únicas lâmpadas de claridade
imortal, esclarecendo o verdadeiro caminho das civilizações. Ante a sua
grandeza, todas as ilusões do mundo são como a onda leve, ou como a neblina
evanescente.

Os homens marcharão ainda uns contra os outros, tripudiando sobre as mais
formosas e imperecíveis leis de fraternidade universal, separados pelo
simbolismo das bandeiras, obedecendo, muitas vezes, a poderosos imperativos de
sua natureza quase semi-bárbara, embora as expressões de refinamento da
civilização ocidental. Todavia, é preciso considerar que sobre a maioridade
terrestre flutua o período de tempo equivalente a vinte séculos consecutivos.
(Grifos de Reformador) Por todo esse patrimônio inestimável de tempo, o Mestre
tem aguardado a compreensão do seu rebanho, dentro das cariciosas expressões de
seu amor divino.

É por esse motivo que, junto dos horizontes sombrios do plano internacional,
legiões de trabalhadores dos planos invisíveis são convocados para a aferição
dos valores humanos, na época que passa. Numerosas transições assinalam as
vossas atividades consuetudinárias e a indecisão paira sobre a fronte dos povos,
atormentados pelos fantasmas da ambição e do extermínio. Lá fora, nas agitações
imensas do mundo, esse é o painel dos acontecimentos. Entre as coroas que se
estraçalham, entre os poderes políticos que se chocam, fragorosamente, vacilam
as cátedras e desmoronam as sacristias. Os religiosos do “sepulcro caiado”
recordam somente hoje que o esforço e as lágrimas dos mártires terminaram nas
pedras frias das catedrais sem alma, embora as suas características de
munificência.

Imensa é a luta. Os novos trabalhos, as perspectivas penosas da tarefa
educativa assombram os mais tímidos; mas, no meio da tempestade, há corações de
inspirados que trabalham e esperam. Para esses, a fé está sempre tocada de um
cântico de hosanas. Sabem entender o jugo suave do Mestre e embalde os convoca o
mundo para a sua destruição e para os seus dolorosos atritos.

É por essa razão, amigos, que comungamos convosco, esta noite, prendendo aos
vossos os nossos corações, cheios de boa-vontade.

Oral e vigiai. Continuai agindo assim e que os vossos lares, precedendo as
realizações do porvir, sejam os templos da paz e da fé, onde a sublime confiança
em Jesus pontifique todos os dias, no altar íntimo do coração.

Que Deus vos abençoe e vos conceda muita paz.

Que Jesus vos guarde em seu amor, derramando sobre os vossos espíritos a sua
divina bênção, é a rogativa do vosso irmão e servo.

(Mensagem recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em 7-6-1939, por
ocasião da visita de Manuel Quintão à cidade de Pedro Leopoldo, MG.)

Reformador – Maio de 1977