O termo “evocar” vem do latim “evocare” e significa chamar alguém, de algum
lugar. Segundo as definições do Dicionário Aurélio, presta-se mais
particularmente ao chamamento dos seres espirituais.
Podemos evocar todos os Espíritos, seja qual for o grau da escala a que
pertençam: os bons e os maus, os que deixaram recentemente a vida e os que
viveram nas épocas mais distantes, os homens ilustres e os mais obscuros, os
nossos parentes, os nossos amigos e os que nos foram indiferentes, disse Allan
Kardec.
Na Codificação, não existe nada que impeça a evocação dos Espíritos. No
movimento espírita, há uma idéia generalizada de que as sociedades não devem
evocar os desencarnados em suas reuniões mediúnicas. Não se sabe como uma coisa
dessas, que trouxe tantos prejuízos aos serviços doutrinários, tenha sido
absorvida com tanta facilidade pelos praticantes do Espiritismo. Parece que tudo
começou com a interpretação distorcida que habitualmente costumamos dar aos
livros e com a aceitação cega de tudo o que nos dizem os médiuns e os Espíritos.
O posicionamento contrário às evocações teve início com o médium mineiro
Francisco Cândido Xavier. Devido ao tipo de trabalho de consolação que
desenvolve, confortando aqueles que perderam entes queridos, seria natural que
uma multidão o procurasse para receber mensagens da parentela desencarnada. É
evidente que, por uma série de motivos, nem todos os Espíritos encontram-se em
condições de produzirem mensagens consoladoras. Na impossibilidade de atender a
todos que o procuravam, o médium criou uma espécie de slogan para justificar-se:
O telefone toca de lá para cá.
Isto foi suficiente para que seus admiradores espalhassem no movimento a
infeliz idéia de que não devemos chamar os Espíritos para se comunicarem.
Envolvidos pela mística que cercava a missão de Chico, nem perceberam que
divulgavam uma idéia radicalmente contrária às instruções dos Espíritos
codificadores.
A história do telefone que chamava de lá para cá acabou refletindo-se nas
comunicações dos instrutores espirituais que trabalhavam com o médium. Espíritos
como Emmanuel e André Luiz ventilaram em alguns livros a orientação de que não
se deveria fazer evocações em hipótese alguma. Recomendaram, inclusive, que as
manifestações espontâneas fossem o caminho a ser seguido pelos adeptos do
Espiritismo. Mais uma vez havia aí uma contradição doutrinária que ninguém
notou:
Kardec foi claro ao dizer que as manifestações espontâneas é que são
realmente perigosas e que preferia as evocações (1).
Não bastassem as funestas conseqüências dessas colocações, divulgadas sem
maiores esclarecimentos pelo seguidores de Chico, a Federação Espírita
Brasileira – FEB – resolveu seguir os mesmos passos dados em Uberaba, MG.
Colocou no seu livreto, Orientação aos Centros Espíritas, esta mesma informação.
Bastou a ação destas duas respeitáveis fontes para esparramar no movimento uma
idéia contrária à Codificação.
De onde vieram os problemas
Estes são os textos que lançaram dúvidas sobre as evocações dos Espíritos.
Opiniões assinadas por André Luiz e Emmanuel que, tomadas ao pé da letra,
provocaram o impedimento das relações diretas com os desencarnados.
Livro: DESOBSESSÃO
Espírito: André Luiz
Médium: Francisco Cândido Xavier
(Manifestação do enfermo espiritual III)
“No curso do trabalho mediúnico, os esclarecedores não devem constranger os
médiuns psicofônicos a receberem os desencarnados presentes, repetindo ordens ou
sugestões nesse sentido, atentos ao preceito de espontaneidade, fator essencial
ao êxito do intercâmbio”.
Livro: O CONSOLADOR
Espírito: Emmanuel
Médium: Francisco Cândido Xavier
Pergunta 369: É aconselhável a evocação direta de determinados Espíritos?
Resposta: “Não somos dos que aconselham a evocação direta e pessoal, em caso
algum. Se essa evocação é passível de êxito, sua exeqüibilidade somente pode ser
examinada no plano espiritual. Daí a necessidade de sermos espontâneos,
porquanto no complexo dos fenômenos espiríticos, a solução de muitas incógnitas
espera o avanço moral dos aprendizes sinceros da Doutrina. O estudioso bem
intencionado, portanto, deve pedir sem exigir, orar sem reclamar, observar sem
pressa, considerando que a esfera espiritual lhe conhece os méritos e retribuirá
os seus esforços de acordo com a necessidade de sua posição evolutiva e segundo
o merecimento de seu coração.
“Podereis objetar que Allan Kardec se interessou pela evocação direta,
procedendo a realizações dessa natureza, mas precisamos ponderar, no seu
esforço, a tarefa excepcional do Codificador, aliada à necessidade e méritos
distantes da esfera de atividade dos aprendizes comuns”.
Livro: O CONSOLADOR
Espírito: Emmanuel
Médium: Francisco Cândido Xavier
Questão 380
“Não é justo provocar ou forçar a comunicação com esse ou aquele
desencarnado. Além de não conhecerdes as possibilidades de sua nova condição na
esfera espiritual, deveis atender o problema de vossos méritos.
Qualquer comunicação com o invisível deve ser espontânea, e o espiritista
cristão deve encontrar na sua fé o mais alto recurso de cessação do egoísmo
humano ponderando quanto à necessidade de repouso daqueles a quem amou, e
esperando a sua palavra direta, quando e como julguem os mentores espirituais
conveniente e oportuno”.
As colocações feitas por estas entidades, que assinaram André Luiz e
Emmanuel, através de Chico Xavier, foram interpretadas radicalmente e
estabeleceram graves limites ao desenvolvimento dos médiuns espiritistas.
Colocando Kardec na esfera dos missionários, o suposto Emmanuel põe a evocação
como um objeto de uso particular dos que são mestres. Deixa transparecer a idéia
de que os trabalhadores devam estar sempre na espera das decisões do invisível,
aguardando sua justa decisão. Na Codificação não há nenhuma colocação de Allan
Kardec ou dos Espíritos Superiores que corroborem tais afirmativas.
José Herculano Pires, conhecido líder espírita já desencarnado, dizia que
posições extremadas em relação às obras complementares deveriam ser evitadas.
Esta nos parece uma situação assim. Por mais respeito que mereçam o médium e o
nome das entidades citadas, acreditamos que suas colocações devam ser recebidas
tão só como opiniões pessoais, principalmente por estarem em conflito com a
Codificação. As Obras Básicas apresentam sobre o assunto argumentos bem mais
consistentes e, a não ser que o controle universal dos Espíritos autorize,
devemos continuar guiando nossos trabalhos através dos conceitos da Codificação.
Não há dúvida de que Kardec pediria explicações a esses Espíritos.
A obsessão e seu tratamento espírita
Sabemos que existem variados tipos de obsessões, quanto à sua causa e
intensidade. Allan Kardec diz que as obsessões comuns, que ele denominava
obsessão simples, constituem-se mais num incômodo do que num constrangimento
(2).
Podem ser resolvidos até por um esforço moral do médium ou do enfermo. Vale
dizer que esses processos obsessivos comuns são curados até nas palestras
públicas, onde a pessoa é estimulada a modificar-se intimamente. Curas essas,
que também acontecem nas Igrejas Evangélicas bem orientadas. Ao se modificarem
as disposições morais, as ligações mórbidas com o Espírito obsessor são
rompidas. Casos de alterações emocionais – causadas pela influência de
sofredores desencarnados – podem ser curados da mesma forma.
Mas, nas situações em que estão presentes as obsessões degeneradas, a
fascinação e a subjugação moral ou corpórea, tudo se modifica. O Codificador
enfatizou a necessidade de evocarmos o obsessor através de um médium preparado,
para educá-lo.
“Nos casos de obsessão grave, o obsedado está como que envolvido e impregnado
por um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os
repele. É necessário livrá-lo desse fluido.
Mas um mau fluido não pode ser repelido por outro da mesma espécie. Por uma
ação semelhante a que o médium curador exerce nos casos de doença, é preciso
expulsar o fluido mau com a ajuda de um fluido melhor, que produz, de certo
modo, o efeito de um reagente. Esta é a que podemos chamar de ação mecânica, mas
não é suficiente. Faz-se também necessário, e acima de tudo, agir sobre o ser
inteligente, com o qual se deve falar com autoridade, sendo que esta autoridade
só é dada pela superioridade moral. Quanto maior for esta, tanto maior será a
autoridade.
E ainda não é tudo, pois para assegurar a libertação, é preciso convencer o
Espírito perverso a renunciar aos seus maus intentos; despertar-lhe o
arrependimento e o desejo do bem, através de evocações particulares, feitas no
interesse de sua educação moral. Então, pode-se ter a dupla satisfação de
libertar um encarnado e converter um Espírito imperfeito” – (O Evangelho Segundo
o Espiritismo, Capítulo 28, item 81, Parágrafos 4 e 5).
Se não há evocações no centro espírita, a casa fica impedida de curar
obsessões desta natureza, deixando de realizar uma das mais importantes obras do
Espiritismo: a libertação obsessiva. Não se pode negar que um ou outro caso de
obsessão possam ser curados através das manifestações espontâneas. No entanto,
se a casa atender um número razoável de enfermos, não haverá controle das
informações vindas pelos médiuns. A desobsessão exige estudo de causas. Uma
equipe mediúnica que se dedique a esta importante tarefa tem que se desdobrar
para sondar os motivos que levaram o paciente à obsessão. Além disso, precisa
estudar as delicadas nuanças existentes nos processos, orientando desencarnado e
encarnado, reconduzindo-os ao equilíbrio. Não dá para fazer isso sem a evocação.
Ao impedirmos as evocações, todo um campo de pesquisa se fecha e tudo fica
entregue à espontaneidade do acaso. Talvez, venha daí a pobreza de idéias
existente em toda parte e a ausência de mensagens edificantes, que poderiam
estar sendo recebidas em cada núcleo. Pode ser esta a fonte da improdutividade
que fez o centro espírita fraco e o fechou num triste círculo vicioso, de onde
se faz necessário sair com urgência.
Obstáculos às evocações
Kardec faz algumas ressalvas às evocações. Ele diz, por exemplo, que os
médiuns que atendem às evocações precisam ter uma certa flexibilidade que não se
encontra em toda parte. O problema, segundo ele, está nas relações fluídicas que
a entidade evocada precisa ter com o médium, para que exista a comunicação.
Isso, no entanto, não constitui impedimento à prática e o próprio Codificador
ofereceu a solução (3).
A experiência tem demonstrado que um médium comum recebe variadas faixas de
Espíritos. Se isso não fosse verdade, iríamos ter uma multidão de medianeiros
que só receberia um tipo de Espírito. O Codificador fala que aqueles que
trabalham recebendo só uma “faixa” de entidades estão próximos da obsessão. O
normal é que recebam certa variedade de Espíritos. Essas variações naturais
permitem que, numa equipe de médiuns, possa se contar com a flexibilidade
suficiente para fazer das evocações uma prática rotineira.
Kardec faz ainda uma outra colocação sobre as evocações: é o fato das equipes
que se prestam às evocações serem procuradas para atenderem interesses
particulares. Ele diz que só com reservas esses pedidos devem ser atendidos,
evitando que o médium se transforme em instrumento de consultas.
A última ressalva encontrada em O Livro dos Médiuns trata dos iniciantes e
das equipes despreparadas. Ele aconselha que os novatos não evoquem os
Espíritos, por causa das dificuldades fluídicas e da inexperiência (4). Só a
certeza do grau de maturidade da faculdade e dos Espíritos que assistem uma
equipe mediúnica poderá garantir a segurança das evocações e mesmo das
manifestações espontâneas.
O Livro dos Médiuns
O Livro dos Médiuns traz um capítulo inteiro dedicado às evocações. De fora a
fora, ele não faz nenhuma referência contra tal procedimento, a não ser os
cuidados que a equipe de desobsessão deva tomar. Vai mais longe, afirmando
textualmente que, quando um centro espírita deixa de utilizar uma das duas
formas de manifestações – as espontâneas e as evocadas – sofre prejuízos
evidentes. Os dirigentes que estão se propondo a modernizar suas casas espíritas
precisam deixar esta linha de raciocínio contrária às evocações. Que busquem um
estudo metódico do Capítulo XXV de O Livro do Médiuns, onde a questão é tratada
de forma madura e sensata. O texto abaixo esclarece grande parte das dúvidas que
pairam sobre a evocação dos Espíritos:
“Os Espíritos podem comunicar-se espontaneamente ou atender ao nosso apelo,
isto é, ser evocados.
Algumas pessoas acham que não devemos evocar nenhum Espírito, sendo
preferível esperar o que quiser comunicar-se. Entendem que chamando determinado
Espírito não temos a certeza de que é ele que se apresenta, enquanto o que vem
espontaneamente por sua própria iniciativa, prova melhor sua identidade, pois
revela assim o desejo de conversar conosco. Ao nosso ver, isso é um erro.
Primeiramente porque estamos sempre rodeados de Espíritos, na maioria das
vezes inferiores, que anseiam por se comunicar. Em segundo lugar, e ainda por
essa mesma razão, não chamar nenhum em particular é abrir a porta a todos que
querem entrar. Não dar a palavra a ninguém numa assembléia é deixá-la livre a
todos, e bem sabemos o que disso resulta. O apelo direto a determinado Espírito
estabelece um laço entre ele e nós: o chamamos por nossa vontade e assim opomos
uma espécie de barreira aos intrusos. Sem o apelo direto um Espírito muitas
vezes não teria nenhum motivo para vir até nós, se não for um nosso Espírito
familiar.
Essas duas maneiras de agir têm as suas vantagens e só haveria inconveniente
na exclusão de uma delas. As comunicações espontâneas não têm nenhum
inconveniente quando controlamos os Espíritos e temos a certeza de não deixar
que os maus venham a dominar. Então é quase sempre conveniente aguardar a boa
vontade dos que desejam manifestar-se, pois o pensamento deles não sofre dessa
maneira nenhum constrangimento e podemos obter comunicações admiráveis, enquanto
o Espírito evocado pode não estar disposto a falar ou não ser capaz de o fazer
no sentido que desejamos. Aliás, o exame escrupuloso que aconselhamos é uma
garantia contra as más comunicações.
Nas reuniões regulares, sobretudo quando se desenvolve um trabalho sequente,
há sempre espíritos que as frequentam sem que precisemos chamá-los, pela simples
razão de já estarem prevenidos da regularidade das sessões. Manifestam-se quase
sempre espontaneamente para tratar de algum assunto, desenvolver um tema ou dar
uma orientação. Nesses casos é fácil reconhecê-los, seja pela linguagem que é
sempre a mesma, seja pela escrita ou por certos hábitos peculiares” – (Allan
Kardec – O Livros dos Médiuns – Capítulo XXV, item 269).
Conclusão
Mediante o exame das colocações kardequianas dá para se concluir que os
centros espíritas que eliminam as práticas evocativas, estão se incapacitando
para curarem as obsessões e se conduzindo em desacordo com as instruções do
Codificador. Para Allan Kardec, o relacionamento com os Espíritos era um
fenômeno muito natural. No movimento espírita da atualidade, esta relação acabou
sendo considerada de direito só para pessoas dotadas de uma moral especial. É
bem possível que pelo natural respeito que emana de Francisco Cândido Xavier, as
pessoas que o ajudaram a examinar as mensagens deixaram de pedir esclarecimentos
complementares às entidades comunicantes, sobre pontos obscuros. A questão das
evocações parece ser um deles. A prática do Espiritismo que se encontra na
maioria dos centros é bem diferente da recomendada por Kardec.
Basta uma leitura rápida de O Livro dos Médiuns, para se conscientizar disso.
Atualmente, a conduta mediúnica está muito próxima da contemplação. Nela, o
indivíduo se sujeita às vontades do invisível e dele tudo espera. A falta de
conhecimentos doutrinários básicos se estende a outros setores da vida espírita.
Administrativamente, por exemplo, o Codificador deixou-nos preciosas instruções
de como lidar com a entrada de novos elementos nas sociedades. Falou dos
cuidados que deveríamos ter com as sessões práticas e de como seria possível
lidar com os elementos desordeiros.
Tudo isso ficou no esquecimento. Se o problema ocorresse só nas casas
espíritas mais simples, poderia ser uma questão de falta de esclarecimento. Mas,
não é assim. Há homens públicos que desconhecem a obra do Codificador e do
Espírito de Verdade.
É necessário modificarmos este estado de coisas. As obras da Codificação
precisam voltar a ser estudadas em ritmo de urgência. Os espíritas novatos devem
buscar orientações morais e práticas em O Evangelho Segundo o Espiritismo e O
Livro dos Médiuns. Em nenhuma circunstância se começa a estudar pelas obras
complementares.
Nenhum homem deve se colocar na dependência deste ou daquele Espírito. Cada
qual busque aprender, pensar e avaliar por si. Que as coisas sejam examinadas
com a inteligência e o bom senso e que se deixe de lado o que parecer indevido,
venha de onde vier.
Jesus e o Espírito de Verdade nos chamam para o despertar. É o momento de
renovarmos os conhecimentos que dispomos. Amor, espírito de progresso e de lutas
pelo Reino do Bem.
Referências:
1 – “Dois sistemas igualmente preconizados e praticados se apresentam na
maneira de receber as comunicações de além-túmulo: uns preferem esperar as
comunicações espontâneas outros as provocam por um apelo direto a este ou aquele
Espírito. Pretendem os primeiros que na ausência de controle para estabelecer a
identidade dos Espíritos, esperando a sua boa vontade ficamos menos expostos a
ser induzidos em erro; desde que o Espírito fala é porque está presente e quer
falar, ao passo que não temos certeza de que aquele que chamamos possa vir e
responder. Os outros objetam que deixar falar o primeiro que apareça é abrir a
porta a bons e maus.
“A incerteza da identidade não é objeção séria, pois muitas vezes dispomos do
meio de a constatar, sendo aliás a constatação objeto de um estudo ligado aos
mesmos princípios da ciência. O Espírito que fala espontaneamente limita-se
quase sempre às generalidades enquanto as perguntas lhe traçam um quadro mais
positivo e instrutivo.
Quanto a nós, apenas condenamos a exclusividade de sistemas. Sabemos que ótimas
coisas são obtidas de um e de outro modo. E se preferimos o segundo, é que a
experiência nos ensina que nas comunicações espontâneas os Espíritos
mistificadores não deixam de enfeitar-se com nomes respeitáveis tanto quanto nas
evocações. Tem mesmo o campo mais livre, ao passo que com as perguntas nós os
dominamos muito mais facilmente, sem contar que as questões tem incontável
utilidade nos estudos. É a esta maneira de investigar que devemos a quantidade
de observações recolhidas diariamente e que nos permitem penetrar mais
profundamente nesses extraordinários mistérios. Quanto mais avançamos, mais se
nos alarga o horizonte, mostrando o quanto é vasto o campo que devemos ceifar.
“As numerosas evocações que temos feito permitiriam lançássemos o olhar
investigador sobre o mundo invisível, de um a outro extremo, isto é, tanto
naquilo que há de mais ínfimo quanto no que há de mais sublime. A incontável
variedade de fatos e de caracteres brotados desses estudos realizados com calma
profunda, com atenção contínua e com circunspecção prudente de observadores
sérios, abriu-nos os arcanos desse mundo para nós tão novo” – (Allan Kardec na
Revista Espírita, número de setembro de 1859, artigo: Processo para afastar os
maus Espíritos).
2 – “Na obsessão simples o médium sabe perfeitamente que está lidando com um
Espírito mistificador que não se disfarça e nem mesmo dissimula de maneira
alguma as suas más intenções e o seu desejo de contrariar. O médium reconhece
facilmente a mistificação, e como se mantém vigilante, raramente é enganado.
Assim, esta forma de obsessão é apenas desagradável e só tem o inconveniente de
dificultar as comunicações com os Espíritos sérios ou com os de nossa afeição” –
(Allan Kardec em O Livro dos Médiuns, Capítulo 23, item 238).
3 – “Em princípio, quando se trata de uma evocação nova, o médium deve sempre
evocar seu guia espiritual e perguntar se ela é possível. Em caso afirmativo
perguntar ao Espírito evocado se encontra no médium a aptidão necessária para
transmitir seu pensamento. Se tiver dificuldade ou impossibilidade, pedir-lhe
que o faça através do guia do médium ou aceite sua assistência. Neste caso o
pensamento do Espírito chega de segunda mão, isto é, depois de ter atravessado
dois meios.
Compreende-se, então, quanto importa que o médium seja bem assistido, porque se
for por um Espírito obsessor, ignorante ou orgulhoso a comunicação será
alterada. Aqui as qualidades pessoais do médium forçosamente representam um
papel importante, pela natureza dos Espíritos que atrai a si. Os mais indignos
médiuns podem ter poderosas faculdades; mas os mais seguros são os que a essa
força juntam as melhores simpatias no mundo invisível. Ora, essas simpatias não
são absolutamente garantidas pelos nomes mais ou menos imponentes dos Espíritos
que assinam as comunicações que recebem” – (Allan Kardec na Revista Espírita,
número de Abril de 1865, no artigo “Resposta do irmão morto ao irmão vivo).
4 – Pergunta: Será inconveniente evocar Espíritos inferiores e será de temer
que eles dominem o evocador?
Resposta: “Eles só dominam os que se deixam dominar. Quem for assistido por
Espíritos bons nada tem a temer, porque se impõe aos Espíritos inferiores e não
estes a ele. Os médiuns quando sós, principalmente quando iniciantes, devem
evitar esta espécie de evocações” – (O Livro dos Médiuns, Questão 282, item 11).