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Kardec e os Detratores

Kardec e os Detratores
Pedro Camilo

Comumente encontrarmos, aqui e ali, ferrenhos opositores dos postulados espíritas. Embebidos de um forte sentimento de repulsa, lançam mão de diversos argumentos para afirmarem que o Espiritismo é “coisa” do demônio, para pessoas leigas, de gente “bitolada”. De modo agressivo, tentam dissuadir-nos da crença na reencarnação, na mediunidade, na multiplicidade de mundos habitados…

Muitas vezes nos ofendemos com tais pessoas e sentimos um forte desejo de sair em defesa, criticando-lhes os pontos de vista, os absurdos bíblicos, o materialismo cego, o egocentrismo desmedido e tantas fórmulas esdrúxulas de que se utilizam. Todavia, procedendo assim longe estaremos de nos diferenciarmos desses irmãos, assumindo postura semelhante.

Nesses momentos de descontentamento, a figura do Mestre Lionês deve ser o nosso exemplo.

Sempre procurado por diverso tipo de pessoas e submetido a toda sorte de perguntas, nunca se exacerbou, deixando que o descontrole dele tomasse conta.

Quando percebia no questionador o propósito único de depreciar a imagem da Doutrina, argumentava, ponderado, que nenhum interesse tinha em submeter-se aos seus caprichos, pois o objetivo do Espiritismo não é criar prosélitos, mas sim, levar aqueles de crença sincera a buscarem o melhor para si próprios. Embora muitos fossem homens de notável cultura, não se preocupava em convencê-los, compreendendo as necessidades de cada um e respeitando as suas convicções.

Ao sentir no opositor um fanático religioso, ouvia-o com atenção e em momento algum lançava mão de argumentos ofensivos, respondendo a contento as perguntas propostas e esclarecendo ao interlocutor os pontos doutrinários espíritas, sempre brando e enérgico, nunca agressivo e submisso.

Se buscado por aqueles que nada tinham contra a Doutrina e que se imbuíam de um desejo verdadeiro de aprender, com a mesma paciência e disposição prestava esclarecimentos e, caso solicitado, encaminhava estes a um estudo mais sério e detido das manifestações, levando-os à compreensão que ele mesmo já havia logrado.

Portanto, se pretendemos a defesa doutrinária do Espiritismo, a única forma de não sucumbirmos é seguir as pegadas de Kardec. Ao invés de retribuirmos a ofensa com o desequilíbrio, devemos ser firmes em realçar as verdades espíritas sem, contudo, condenar as “verdades” que esta ou aquela pessoa queira nos impor, deixando que o tempo se encarregue de fazê-las enxergar seus equívocos.

E, caso não nos seja suficiente toda essa argumentação, ouçamos o próprio Allan Kardec a dizer: “Quando uma coisa é má, todos os elogios não a tornarão boa. Se o Espiritismo é um erro, ele cairá por si mesmo; se é uma verdade, todas as diatribes não farão dele uma mentira.” (O Que é o Espiritismo, cap. I, pág. 16, ed. IDE).

pedcamilo@yahoo.com.br