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O Contraste

O Contraste

Dois fatos nos remeteram à reflexão do contido no comentário de Kardec na questão
685 de “O Livro dos Espíritos”, são eles: a morte, por traficantes, de 35 cães em
uma favela do Rio de Janeiro (os cães foram mortos porque ao latir, pela presença
de estranhos, denunciavam à policia que os traficantes estavam lá escondidos) e
o lamentável atentado ocorrido nos Estados Unidos da América.

Os dois fatos foram amplamente divulgados pela imprensa, o segundo mais que o
primeiro, sem dúvida tanto pela magnitude como pela relevância. Em ambos um ponto
comum; a desconsideração pela dimensão do “outro”, o tentar alcançar seus objetivos
mesmo que isto gere sofrimento e dor. Dizendo por outras palavras completa deseducação
que habilite o viver em sociedade de forma harmônica, pois isto só se torna possível
quando a dimensão do outro é respeitada e no dizer de Kardec na citada questão 685
“A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida
pode curar. Esse o ponto de partida, o elemento real do bem estar, a garantia da
segurança de todos.”

No mesmo comentário Kardec conceitua a educação moral como “a arte de formar
caracteres… Quando essa arte for conhecida, cumprida e praticada, o homem ocasionara
no mundo hábitos de ordem e previdência para si mesmo e para os outros, de respeito
por tudo o que é respeitável…”.

Léon Denis dedica a última parte de seu livro “Depois da Morte” ao que ele intitulou
“O Caminho Reto” onde destaca a questão do egoísmo como a grande chaga da humanidade,
o grande gerador das questões sociais, afirma que “todas as chagas morais são provenientes
da má educação” e que a “educação baseada numa concepção exata da vida, transformaria
a face do mundo”.

Continuando em sua reflexão Léon Denis lembra que a nossa sociedade extremamente
racional esqueceu-se do ideário feminino que são a paciência, a doçura e a bondade
que representam os elementos dóceis e pacíficos da humanidade em contraposição da
posse e do poder. Concordando com o autor e, em nosso ponto de vista, o afastamento
desses valores foi o erro do feminismo nascente que se consolidou com as grandes
manifestações nas décadas de 50 e 60. Hoje há uma intensa busca para o redescobrimento
da feminilidade agora afastado da subjugação que evidencia que ser diferente não
quer dizer ser inferior.

Interessante a figura usada pelas companheiras Fernanda Ripamonte e Dalva T.
Sant’anna no artigo por elas publicado no nosso Jornal Verdade e Luz mês passado
colando na figura da mãe no ato de maternar a essência da pedagogia espírita para
o desenvolvimento humano. A maternagem como ato de acolhimento e inclusão que não
deve ser entendida como redoma que sufoca e delimita o campo de ação do outro, pois
como muito bem lembra Léon Denis, no livro acima citado, os pais devem ter amor
pelos filhos “mas amor isento de fraqueza porque a afeição demasiada está cheia
de perigos”.

Onde o contraste do título, deve estar perguntando o leitor, o da proposta de
solução que tem sido feito para os dois eventos que foram colocados no início, resolver
as questões pelo uso da força e de retaliação com a proposta espírita do desenvolvimento
humano que apregoa uma educação moral onde o indivíduo buscando transformar-se mudando
o paradigma egoísta para a do amor fraterno vai proporcionar a justiça social.

Concluímos com o pensamento de Léon Denis: “A causa do mal e seu remédio estão,
muita vezes, onde não são procurados, e por isso é em vão que muitos se têm esforçado
por criar combinações engenhosas. Sistemas sucedem sistema, instituições dão lugar
a instituições, mas o homem permanece desgraçado, porque se conservou mau. A causa
do mal esta em nós, em nossas paixões e em nossos erros. Eis o que deve se transformar.
Para melhorar a sociedade é preciso melhorar o indivíduo; é necessário o conhecimento
das leis superiores de progresso e solidariedade…”.

Obs.: este artigo foi enviado em 15/09/2001, estamos orando pelos dirigentes
das nações para que, por ocasião de sua publicação tenha sido encontrado uma solução
pacífica.

(Jornal Verdade e Luz Nº 189 de Outubro de 2001)

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