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Operações espirituais: como acontecem

A maioria das pessoas, espíritas ou não, já ouviu falar das “operações
invisíveis”. Segundo se entende, elas seriam intervenções cirúrgicas no
perispírito, realizadas por equipes de médicos desencarnados.

Será que isso é possível? Este tipo de auxílio espiritual poderia ser
implantado rotineiramente no centro espírita? Haveria algum impedimento legal ou
doutrinário a ser observado?

Como se vê, são muitas as indagações que se podem fazer em torno do assunto.
A finalidade deste estudo é encontrarmos respostas a tais perguntas, tendo em
vista nosso aprendizado e a melhoria dos serviços mediúnicos prestados ao povo.

Nas atividades do Grupo Espírita Bezerra de Menezes, temos tido a
oportunidade de verificar mediúnicamente o trabalho de uma equipe espiritual,
que nos parece composta por médicos-cirurgiões.

Observamos suas atividades durante alguns anos e concluímos que prestam
importante serviço no campo do alívio e cura das enfermidades. Fundamentados
nessa experiência e no raciocínio acerca dos fundamentos doutrinários, afirmamos
que as operações cirúrgicas no perispírito são perfeitamente possíveis de serem
realizadas pelos desencarnados, e que geralmente não são aceitas pelas
sociedades por causa de preconceitos e de suas conseqüências morais.

O perispírito

Allan Kardec, quando realizou seu trabalho na Codificação, colocou a
existência do corpo espiritual como um dos alicerces no qual se assentava a
fenomenologia espírita.

Chamou este corpo de perispírito, classificando-o como o elo invisível a unir
o princípio espiritual ao princípio material. Sem ele, o Espírito,
fundamentalmente abstrato, não poderia agir sobre a matéria, ficando
impossibilitado de encarnar-se. Procuremos agora, compreender a natureza deste
corpo fluídico.

O que diz Allan Kardec?

Em várias ocasiões, o Codificador esteve avaliando a constituição do
perispírito. Suas conclusões apontam o corpo espiritual como sendo o elo que
transmite o desejo do espírito ao corpo material. Em um de seus estudos,
publicado na Revista Espírita, número de março de 1866, intitulado “Introdução
ao Estudo dos Fluidos Espirituais”, Kardec demonstra que o corpo material e o
espiritual são provenientes da mesma fonte, isto é, do fluido básico universal.

O que diz a Codificação?

A Codificação espírita revelou questões básicas a respeito de todos os pontos
importantes para quem pratica o Espiritismo. Consultamos “O Livro dos Espíritos”
e encontramos colocações capazes de nos apontar rumos no estudo proposto. Essas
questões dão a entender que o perispírito é algo mais que uma massa fluídica
homogênea. Na questão 137, Kardec pergunta se poderia haver uma divisão do
Espírito quando fosse reencarnar.

Pergunta: – O mesmo Espírito pode encarnar-se de uma vez em dois corpos
diferentes?

Resposta: “Não. O Espírito é indivisível e não pode animar simultaneamente
duas criaturas diferentes”.

A questão 140, logo à frente, indaga o seguinte:

Pergunta: – Que pensar da teoria da alma subdividida em tantas partes quantos
são os músculos, presidindo cada uma as diferentes funções do corpo?

Resposta: “Isso depende do sentido que se atribuir à palavra alma. Se por ela
se entende o fluido vital, está certo; se o Espírito quando encarnado, está
errado. Já dissemos que o Espírito é indivisível: ele transmite o movimento aos
órgãos através do fluido intermediário, sem por isso se dividir”.

Quando Kardec coloca a questão 140, pergunta da possibilidade de o Espírito
se dividir em tantas partes quantas fossem os órgãos do corpo. Referindo-se à
pergunta anterior, o Espírito de Verdade responde que tudo dependia do sentido
que se atribuía à palavra “alma”. Se por ela se entendia o fluido vital, estava
certo. Quer dizer, haveria uma divisão fluídica dos fluidos perispirituais em
torno dos órgãos materiais. Se por ela se entendia o “Espírito”, estava errado,
pois tinha afirmado anteriormente que o Espírito era indivisível.

Na questão 140-A, Kardec complementa:

“A alma age por meio dos órgãos, e estes são animados pelo fluido vital que
se reparte entre eles, e com mais abundância nos que são os centros ou focos do
movimento”.

Fica evidente que o perispírito não seria um todo fluídico homogêneo, como
comumente se pensa.

Perguntamos: essas massas fluídicas em que Kardec afirma dividir-se o
perispírito seriam órgãos fluídicos? A resposta a esta questão estaria embutida
em estudos e revelações espirituais vindas no futuro.

O que disseram as obras subsidiárias?

Em termos de obras complementares, optamos pela citação das psicografadas por
Francisco Cândido Xavier, dado à idoneidade do médium. Em varias partes do seu
trabalho, os Espíritos que o assistem revelaram tratar-se o perispírito de uma
organização fluídica complexa e que o corpo carnal seria um grosseiro reflexo do
corpo espiritual. Vejamos o que diz André Luiz, no livro “Evolução em Dois
Mundos”:

“Para definirmos, de alguma sorte, o corpo espiritual, é preciso considerar,
antes de tudo, que ele não é reflexo do corpo físico, porque na realidade, é o
corpo físico que o reflete, tanto quanto ele próprio, o corpo espiritual,
retrata em si o corpo mental que lhe preside a formação” (Corpo Espiritual,
pág.25).

“Todos os órgãos do corpo espiritual e, conseqüentemente, do corpo físico,
foram, portanto, construídos com lentidão, atendendo à necessidade do campo
mental em seu condicionamento e exteriorização no meio terrestre” (Gênese dos
Órgãos Psicossomáticos, págs.40/41).

Como se vê, há indícios patentes de que o perispírito seria um organismo
complexo, dotado de células e de tecidos e, o que é interessante, de órgãos
funcionais, como aqueles que temos no corpo físico.

Mas, será que são reais? Sim, afirmamos. São tão reais como os do corpo
carnal, constituído por uma realidade mais densa. Tanto um como o outro, no
entanto, são obras milenares construídas pelo pensamento do espírito na sua
ascensão para Deus.

As ocupações dos Espíritos

A Doutrina Espírita revela que os espíritos, depois de sua desencarnação,
ocupam-se, na Espiritualidade, das mesmas atividades que eles desempenhavam em
vida. A causa primeira desta preocupação estaria no condicionamento imposto ao
Espírito pela sua experiência na matéria. Depois, pela sua própria vontade em
servir dentro do campo de seus conhecimentos.

A Revista Espírita, no ano de 1865, narra um episódio onde ocorre o
desencarne do Dr. Antoine Demeure, um médico com quem Kardec correspondia. Em
mensagens na Revista, a entidade fala de suas condições no mundo espiritual,
revelando que no Além continuava cuidando de enfermos, como o fazia na Terra.

Numa carta vinda de Montauban, publicada por Kardec, um correspondente narra
um trabalho de cura orgânica feito pelo médico/espírito Demeure durante uma
sessão mediúnica. Nela, ocorre a cura instantânea de um grave entorse que
incomodava uma vidente.

É natural que, desencarnados, os médicos se ocupem em ajudar aqueles que
estão enfermos, no Além como na Terra.

No livro “Evolução em Dois Mundos”, página 213, há uma questão ventilada por
André Luiz, cujo teor fala da Medicina no Mundo dos Espíritos.

Pergunta – Quais os principais métodos usados na Espiritualidade para o
tratamento das lesões do corpo espiritual?

Resposta: Na Espiritualidade, os servidores da medicina penetram, com mais
segurança, na história do enfermo para estudar, com êxito possível, os
mecanismos da doença que lhe são particulares. Aí os exames nos tecidos
psicossomáticos com aparelhos de precisão, correspondendo às inspeções
instrumentais e laboratoriais em voga na Terra, podem ser enriquecidos com a
ficha cármica do paciente, a qual determina quanto à reversibilidade ou
irreversibilidade da moléstia, antes da nova reencarnação, motivo por que
numerosos doentes são tratáveis, mas somente curáveis mediante longas ou curtas
internações no campo físico, a fim de que as causas profundas do mal sejam
extirpadas da mente pelo contato direto com as lutas em que se configuram”.

Como se pode ver, nos círculos espirituais mais próximos da Terra, acontecem
atividades médicas similares àquelas que se observam nos hospitais terrenos.
Ora, se o perispírito de um desencarnado pode sofrer uma cirurgia, obviamente o
de um encarnado também o pode. Inúmeras observações mediúnicas feitas na
história do Espiritismo apontam curas orgânicas realizadas por médiuns. Nestes
trabalhos, os espíritos operadores falaram destas cirurgias e das formas como
elas se processavam.

Fluidoterapia

A fluidoterapia é a técnica de tratamento utilizada nos centros espíritas. As
cirurgias perispirituais pertencem a este campo, devido serem atividades ligadas
à manipulação dos fluidos. Classificam-se, porém, por fenômenos dotados de
características próprias, tanto em termos fluídicos como espirituais. Estão
intimamente ligadas à mediunidade curadora e, por isso, a equipe que as produz
deverá ter entre seus membros a presença de um ou mais médiuns curadores. Estes,
serão assistidos por entidades desencarnadas, ligadas ao campo da medicina,
conhecedoras dos meandros da saúde espiritual e da lei de causa e efeito.

Quando se considera o trabalho de passes, a magnetização não exige nenhuma
condição especial.

Qualquer pessoa poderá ministrá-los de forma razoável. Já a cirurgia
espiritual só poderá ser realizada por espíritos especializados nesta área.

Pode-se afirmar que o passe está para a cirurgia espiritual assim como o
trabalho de um farmacêutico está para o de um médico. Enquanto um ministra uma
medicação o outro faz o diagnóstico da enfermidade, prescreve a medicação ou
realiza uma cirurgia na recuperação do corpo enfermo.

Mecanismos da fluidoterapia

Na fluidoterapia a movimentação fluídica ocorre através da vontade do médium
e dos espíritos que o circundam. Sua ação benfazeja contribui para afastar do
enfermo parasitas fluídicos, espíritos enfermos ou obsessores e contaminações
magnéticas que oprimem a vida mental, impedindo-a de sintonizar com as regiões
mais elevadas.

Ainda nas enfermidades graves, o passe convencional mostra-se benéfico,
porque o perispírito, à semelhança de uma esponja, absorve os fluidos
espirituais que nele são depositados. Sua entrada na camada perispiritual é
facilitada pela sintonia vibratória entre a fonte e o emissor. Fundamentados no
que disse Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, acreditamos que o perispírito
traz em si, um mecanismo de automação espiritual, onde os fluidos se concentram
nas regiões mais carentes da estrutura. É uma ação parecida com a dos anticorpos
da organização física, nos casos de infecções.

Nas contaminações com baixo magnetismo, obsessões ou influenciações de
espíritos sofredores, o passe produz um alívio imediato de sintomas e, por esta
razão, deve ser ministrado rotineiramente nas casas espíritas.

A natureza do mundo espiritual

No movimento espírita transitam algumas idéias limitadas a respeito da
natureza do mundo espiritual. Geralmente, pensa-se que o mundo invisível é uma
região de abstração, onde as formas são revestidas de fluidos tênues. Tal
pensamento foi fortalecido pela revelação feita pelos espíritos, dizendo que os
fluidos são modificáveis pela ação do pensamento.

Sim, os fluidos espirituais sofrem as impressões do pensamento,
modificando-se segundo sua natureza, mas devemos ter o cuidado de não
carregarmos essa idéia com os excessos da imaginação. Se a influência fosse tão
intensa como querem alguns, pela imensa variedade de almas desencarnadas
existentes no Além, tal mundo não teria estabilidade alguma e estaria em
constante mutação. O mundo invisível é estável e tão palpável quanto o terreno.

Allan Kardec, em “A Gênese”, demonstra por uma série de raciocínios a
ponderabilidade das regiões espirituais. É evidente que todos os objetos
encontrados na Espiritualidade são produtos do pensamento de alguém que os
criou, mas nem por isso deixam de ser reais. O Universo material, por exemplo, é
uma criação do pensamento Divino, e nos parece muito real.

Por este raciocínio, queremos entender a possibilidade da existência no mundo
invisível de instrumentos cirúrgicos, os quais têm sido observados nas operações
no corpo astral.

Sobre a grande oficina da vida espiritual, Kardec assim se refere em “A
Gênese”, capítulo XIV, item 14.

“Os Espíritos agem sobre os fluidos espirituais, não que os manipulem como os
homens manipulam os gases, mas com o auxílio do pensamento e da vontade. O
pensamento e a vontade são para os Espíritos aquilo que a mão é para o homem.
Pelo pensamento, eles imprimem a tais fluidos esta ou aquela direção; eles os
aglomeram, os combinam ou os dispersam; formam com esses materiais, conjuntos
que tenham uma aparência, uma forma, uma cor determinadas; mudam suas
propriedades como um químico altera as propriedades dos gases ou de outros
corpos, combinando-os segundo determinadas leis. É a grande oficina ou
laboratório da vida espiritual”.

Podem os Espíritos de médicos construírem, com seus pensamentos, instrumentos
cirúrgicos, como os que eram utilizados por eles em vida corpórea? Tudo indica
que sim. Vejamos uma vez mais, as palavras do Codificador, no mesmo item.

“O pensamento do Espírito cria fluidicamente os objetos dos quais tem o
hábito de se servir; um avaro manejará o ouro, um militar terá suas armas e seu
uniforme, um fumante, seu cachimbo, um trabalhador seu arado e seus bois, uma
mulher velha, seus aparelhos de fiar. Esses objetos fluídicos são tão reais para
o Espírito, o qual é fluídico também, como o eram no estado material para o
homem vivente; porém, pela mesma razão de que são criados pelo pensamento, sua
existência é também fugitiva como o pensamento”.

Concluí-se, pois, que a vida dos espíritos livres só pode ter similaridade
com a existência terrena, devido a esta propriedade que tem o pensamento de agir
no universo fluídico, criando as formas. De outro modo, teríamos o nada.

Causa das enfermidades

Quanto à origem das enfermidades, podemos classificá-las como sendo
provenientes de duas fontes. Numa, a causa do mal reside na alteração da
estrutura orgânica, provocada por uma causa física qualquer. Na outra, temos um
tipo de enfermidade, onde fluidos espirituais impregnados de baixo magnetismo,
atuam no corpo espiritual causando desarmonia no funcionamento do corpo físico.
A primeira fonte de enfermidades é objeto de estudo da medicina humana. A
segunda, deveria ser preocupação dos estudiosos da ciência espírita, uma vez que
a terrena ainda não aceita a existência do mundo invisível.

O centro espírita ainda é o lugar onde Deus pode exercer através dos
Espíritos a medicina espiritual para benefício dos que sofrem.

Kardec afirma que a maioria das moléstias, como todas as misérias humanas,
são expiações do presente ou do passado, ou provações para o futuro.

Não pode ser curado aquele que deve suportar sua provação até o fim. Isto não
quer dizer, que se deva deixar o enfermo ao abandono para que sofra as expiações
do seu carma. Às vezes, está em nossas mãos a tarefa de fazer cessar o
sofrimento daqueles que nos procuram, fazendo uso da metodologia espírita.

A operação espiritual

O mecanismo da cura não é difícil de ser compreendido, pois é conhecido de
todos. Nas enfermidades localizadas no corpo carnal, o processo terapêutico
convencional, através de medicação, procura substituir as moléculas
desorganizadas, enfermiças, por outras saudáveis. Isto se faz com o uso da
química farmacêutica e, em alguns casos, pela conduta cirúrgica.

Nas doenças provenientes do corpo espiritual o processo curativo é exatamente
o mesmo, só que realizado por médicos desencarnados. Livres da matéria, os
Espíritos podem se encarregar desta tarefa com precisão, pois a tudo penetram
com facilidade. Neste último caso, as moléculas substituídas são as do
perispírito, causando conseqüências diretas na organização física. A este
processo chamamos “operação espiritual”.

Os Espíritos Superiores, ligados à área da medicina, realizam as atividades
curativas, tendo em vista o alívio do sofrimento dos enfermos que buscam
conforto nas casas de caridade.

Como organizar uma sessão destinada às curas espirituais?

Todas as casas espíritas podem promover reuniões com a finalidade única de
atender aos doentes do corpo. No movimento espírita, de um modo geral, não há
especialização em nenhum setor da prática doutrinária. Tudo fica na dependência
de que o Alto faça sua caridade, quando e como bem entender. Temos afirmado que
há uma necessidade urgente dos centros espíritas promoverem em seus quadros de
serviços, uma reforma visando torná-los produtivos. O núcleo que tiver
disponibilidade, deve especializar-se, utilizar o Espiritismo para atender quem
precisa de ajuda.

Sabemos que todo o trabalho espírita fundamenta-se na movimentação de fluidos
impregnados de magnetismo. A natureza deste magnetismo está intimamente ligada
às qualidades morais das pessoas e dos espíritos envolvidos.

Um trabalho onde se propõe produzir fenômenos de curas é bem diferente
daqueles onde se trata especificamente da obsessão. Nas reuniões onde se cuidam
de pessoas alteradas emocionalmente, ou perturbadas por espíritos inferiores, é
certo que haverá ali a presença do magnetismo inferior.

Nas reuniões de curas, onde acontecerá uma operação de reposição molecular e
expulsão de miasmas da estrutura íntima da matéria, os fluidos a serem
utilizados serão de natureza fina, impregnados do magnetismo superior.

O mais sensato, pois, é organizarmos as sessões de curas num dia apropriado
para ela. Não devemos misturar os trabalhos de curas com os de desobsessão.

Kardec diz que em alguns casos, as enfermidades podem ter como causa primária
a obsessão. Nestes casos, quando se detectar influências obsessivas, o paciente
deverá receber cuidados nas duas áreas assistenciais, com predominância no setor
desobsessivo. Como não há indícios de que um médium tenha a faculdade de curar,
as equipes interessadas nestas atividades devem formar um grupo para ministrar o
passe curativo. Aqueles em que pesar a suspeita de serem doadores específicos,
devem ser experimentados nas sessões de curas.

Todos os sintomas, o procedimento de tratamento e resultados devem ser
controlados de modo a se ter idéia se os métodos estão funcionando a contento.
Os médiuns curadores devem evitar o toque físico no paciente. Não é necessário
que isto aconteça para que se processe o fenômeno curativo.

A ação magnética será simplesmente aquela que se faz no passe, ou seja,
imposição das mãos por tempo mais ou menos determinado. Em alguns grupos,
utiliza-se um divã para deitar os pacientes que exijam uma magnetização mais
intensa.

No grupo onde trabalhamos, o paciente é submetido a um primeiro atendimento,
feito pelo grupo principal, voltado exclusivamente neste dia para os trabalhos
de cura. Depois, semanalmente, continua recebendo passes nas sessões que se
seguem à evangelização. Este serviço é feito pelos médiuns passistas comuns.
Cada sociedade deve criar seu método e avaliar os resultados.

É ilegal curar no centro espírita?

Sim, é ilegal do ponto de vista jurídico. As leis são normas de vida que são
feitas com a finalidade de orientarem a conduta do homem. A legislação diz que
para se exercer o direito de curar um enfermo, uma pessoa tem que ser
devidamente habilitada para isso. A humanidade conta com universidades
destinadas à formação de médicos profissionais nos muitos setores da saúde.
Seria uma falta de senso, se a sociedade aprovasse a ação impensada de uma
pessoa, que se propusesse curar seu próximo, simplesmente porque crê ter poderes
para isso.

E nós espíritas, como ficamos em face desta ilegalidade? É simples. As mesmas
leis que proíbem a prática ilegal da medicina, também nos faculta o direito de
culto, protegendo o ambiente religioso onde se professam as crenças.

O Espiritismo é uma religião e devemos deixar claro que nossos trabalhos de
assistência aos enfermos são objetos da fé que os homens têm em Deus e na
assistência dos Espíritos.

Se não há o uso de qualquer instrumentação material; se não ocorre a
prescrição de medicamento; se não há cobrança por assistência prestada; se não
há promessas de curas; não existe como acusar legalmente um centro por prática
de curandeirismo.

Os trabalhos de curas devem ser desenvolvidos dentro do âmbito religioso. Na
sociedade onde trabalhamos, fixamos uma placa logo na entrada do centro,
informando a natureza do trabalho desenvolvido, de modo que não haja enganos
quanto à natureza religiosa da assistência espiritual.

Na história do Espiritismo houve médiuns curadores que vieram desenvolver um
trabalho curativo a que se denomina “missão”. Estes médiuns aparecem de tempos
em tempos, com suas operações chocantes, e vêm exercer um papel de chamar a
atenção da ciência materialista para a existência da alma. Operam o corpo carnal
utilizando instrumentos cortantes, sem anestesia ou assepsia. Estes médiuns
encarnam-se preparados para viver a espinhosa tarefa e acabam processados e
presos pelas leis terrenas. Estes, devem cumprir suas missões.

O serviço de assistência a enfermos, proposto aqui neste trabalho, nada tem
de ilegal. Pode ser realizado por qualquer núcleo espírita.

O preconceito

As operações espirituais são técnica e racionalmente concebíveis, como
demonstramos em nossos escritos. Por que motivo são alvo de preconceitos por
espíritas e médicos espíritas? Tudo acontece simplesmente por razões morais.

Allan Kardec demonstra que os médiuns curadores formam uma categoria à parte
de doadores fluídicos. Seria lógico que estes indivíduos, à medida que se
suspeitasse de suas faculdades, fossem encaminhados para uma sessão apropriada,
onde o atendimento aos enfermos fosse a meta. Mas, não é isso o que acontece. Em
nome da caridade, resolve-se manter as aparências, instituindo a idéia de que
todos são iguais e que a formação de classes especializadas em determinados
serviços, levaria seus partícipes à idéia de engrandecimento.

Essa questão, em verdade, tem dois lados. Num, estão os médiuns que sem
conhecerem a Codificação, ou estando mal orientados, pensam que as curas
promovidas por seu intermédio são produtos de sua grandeza espiritual. Não
possuem consciência de que o dom que lhes foi dado, poderá ser tirado a qualquer
instante. É a ignorância.

No outro lado, estão as pessoas que se sentem rebaixadas e humilhadas, quando
alguém faz alguma coisa que elas, por seus limites, não são capazes de fazer. É
o orgulho.

Uma vez mais, a ausência de metodologia administrativa racional leva a opção
pela pseudo-igualdade. Estabelece-se que todos são iguais e que qualquer um pode
fazer qualquer coisa, desde que em nome de Jesus. O resultado desta política, é
que quase nada acontece em termos de curas.

Finalidade dos trabalhos de curas

No movimento espírita existe uma ala de seguidores que afirma serem os
trabalhos de cura uma atividade dispensável. Segundo eles, o Espiritismo teria
vindo ao mundo para curar as almas e não os corpos perecíveis. Trata-se de uma
filosofia belíssima, porém, comporta algumas observações.

Se o Espiritismo é o cristianismo redivido, e à época de Jesus ele promovia
curas em nome desta Doutrina, por que motivo nós que somos seus discípulos não o
podemos fazer? Por que Jesus utilizava-se deste poderoso recurso? Qual a
finalidade dos trabalhos curativos? Ora, sabemos que o Mestre tornou-se
conhecido mundialmente por seus “milagres”, não por sua doutrina. Isto por quê?
Pelo fato de que o homem terreno, em vista do seu atraso, apega-se aos
interesses imediatistas. Não daria ouvidos a nenhuma filosofia, que não lhes
falasse às suas necessidades materiais.

Os homens de hoje são diferentes da época em que viveu Jesus? Não, não são.
Há um indiscutível progresso tecnológico, mas, moralmente, o homem pouco mudou.
Se vamos nos dirigir à sociedade, temos que oferecer a ela algo ligado às suas
necessidades imediatas, para despertar-lhe o interesse.

Quando o centro produz em termos de desobsessão e alívio das enfermidades
físicas, há grande procura por seus serviços. O contato com as pessoas nos dá
oportunidade para levarmos até elas o conhecimento da Doutrina.

É o mesmo trabalho que Jesus Cristo e os apóstolos desenvolviam. Pode-se
afirmar, sem sombras de dúvidas, que o Espiritismo não sobreviveria sem seus
fenômenos mediúnicos. Alguns trabalhadores colocam-se na cômoda posição de
discípulos incapazes. É um outro erro. Jesus era o Mestre, porém, afirmou que
seus seguidores fariam obras iguais as suas ou maiores que elas.

Acreditamos, pois, que as atividades assistenciais a nível mediúnico são de
fundamental importância para a sobrevivência do centro espírita como posto a
serviço da Espiritualidade. A cura física se encaixa perfeitamente na finalidade
misericordiosa e iluminadora do cristianismo e, por extensão, do Espiritismo.

“A mediunidade curadora não vem suplantar a medicina e os médicos; vem
simplesmente provar que há coisas que eles não sabem e os convidar para
estudá-las; que a natureza tem recursos que eles ignoram; que o elemento
espiritual que eles desconhecem, não é uma quimera, e que, quando o levarem em
conta, abrirão novos horizontes à ciência e terão mais êxitos do que agora”
(Allan Kardec, Revista Espírita, novembro de 1866).

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