A comemoração dos mortos, hoje denominada Dia de Finados, teve origem na
antiga gália, no território europeu.
Era no dia primeiro de novembro que eles celebravam a festa dos espíritos.
Não nos cemitérios – os gauleses não honravam os cadáveres -, mas sim em seus
lares, onde os médiuns, os videntes falavam com as almas dos que haviam partido.
Eles acreditavam que os bosques, os pântanos eram povoados por espíritos
errantes.
Foi no ano de 998 que o dia de finados começou a ser comemorado nos mosteiros
beneditinos, na França, e se tornou oficial no ano de 1915.
É comum, no dia de finados, a intensa visitação aos túmulos, podendo-se
observar cenas interessantes. Desde os que se juntam sobre os túmulos dos seus
amados, e ali passam o dia, para lhes fazer companhia, como se, em verdade, eles
ali estivessem encerrados, aos que lhes levam comidas e bebidas, para que se
alimentem, como se o espírito disso necessitasse.
Outros ainda gastam verdadeiras fortunas em flores raras e ornamentações
vistosas. Decoram o túmulo como se devesse esse ser a morada definitiva do seu
afeto.
Tais procedimentos podem condicionar o espírito, se não for de categoria
lúcida, consciente, mantendo-o ligado aos seus despojos, ao seu túmulo.
Como cristãos, aprendemos com Jesus que a morte não existe.
Assim, nossos mortos não estão mortos, nem dormem.
Cumprem tarefas e distendem mãos auxiliadoras aos que permanecem no casulo
carnal. Prosseguem no seu auto – aprimoramento, construindo e reformulando o
mundo íntimo, na disciplina das emoções. E continuam a nos amar.
A mudança de estado vibratório não os furta aos sentimentos doces, cultivados
na etapa terrena.
São pais e mães queridos, arrebatados pelo inesperado da desencarnação.
Filhos, irmãos, esposos – seres amados. O vazio da saudade alugou as
dependências de nosso coração e a angústia transferiu residência para as
vizinhanças de nossa alma.
É hora de nos curvar à majestade da lei divina e orar.
A prece é perfume de flor que se eleva e funde abraços e beijos, a saudade e
o amor.
Para os nossos afetos que partiram para o mundo espiritual, a melhor conduta
é a lembrança das suas virtudes, dos seus atos bons, dos momentos de alegria
juntos vividos. A prece que lhes refrigera a alma e lhes fala dos nossos
sentimentos.
Não há necessidade de se ter dinheiro para honrar com fervor cristão os
nossos mortos. Nem absoluta necessidade de nossas presenças ao lado das suas
tumbas. eles não estão lá.
Espíritos libertos, vivem no mundo espiritual tanto quanto estão ao nosso
lado, muitas vezes, nos dizendo da sua igual saudade e de seu amor.
(Jornal Mundo Espírita de Novembro de 1997)