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Uma Visão Psicológica das Bem-Aventuranças

Uma Visão Psicológica das Bem-Aventuranças

Jesus tinha uma profunda consciência da realidade da psique. Moisés
reconhecia a realidade das Escrituras, quando nos deixou os Dez Mandamentos,
promulgados no Monte Sinai; esses eram apropriados aos costumes e ao caráter do
novo Jesus reconheceu a realidade dos estados psiquicos interiores, onde falava
em forma de parábola para que a mensagem penetrasse na mente dos homens com
maior facilidade, mexesse com os seus interiores e sentissem vontade de
renovar-se de acordo com as novas informações adquiridas.

Quando Jesus disse: “Não matarás, e quem o fizer será réu de Juízo”, (Mateus
5:21-22);
“Não adulterarás, mas eu vos digo que aquele que olhar cobiçosamente para uma
mulher, já cometeu adultério com ela em seu coração”. (Mateus 5:27-28), essas
passagens têm grande importancia psicológica, representam uma transição de um
tipo de psicologia comportamentalista, “crua” para um tipo de psicologia
humanista, que tem consciência da realidade da psique em si, sem as ações
concretas.

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, foi muito feliz quando fez um paralelo
entre os ensinamentos de Jesus e a psicologia. Vejamos o que ele nos traz, na
interpretação das Bem-aventuranças (Mateus 5:3-10).

  1. Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.
    Felizes aqueles que têm consciência de sua pobreza espiritual e que buscam
    humildemente aquilo que necessitam.
  2. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Os que choram se
    encontram envolvidos num processo de crescimento. Eles serão consolados quando
    o valor projetado, perdido, for recuperado no interior do psique.
  3. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. Essa mansidão está
    relacionada ao Ego, que precisa ser trabalhado, essa atitude é afortunada,
    pois o ego está pronto para receber ensinamentos e aberto às novas
    considerações que podem levar a uma rica herança. Herdar a terra significa
    adquirir uma consciência em saber se relacionar ao todo ou de ter uma
    participação pessoal no todo.
  4. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
    Trata-se de um principio orientador interior, de caráter objetivo, que traz um
    sentimento de realizações do Ego que o busca com fome. A justiça de estar
    vivendo de acordo com a verdadeira e real necessidade interior.
  5. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Se o
    Ego é misericordioso, ele receberá misericórdia do íntimo.
  6. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. A pureza ou a
    limpeza podem significar um estado do Ego, livre da contaminação de conteúdo
    ou motivações do inconsciente. Aquele que é consciente é puro, porque é
    consciente de que seu erro abre uma porta para experimentar a sua própria
    essência.
  7. Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados de filhos de Deus.
    O papel apropriado do Ego é mediar entre as partes oponentes aos conflitos
    intra-psíquicos internos.
  8. Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles
    é o reino dos céus. O Ego precisa suportar a dor e o sofrimento, sem sucumbir
    ao amargor e ao ressentimento, para relacionar-se à lei interna objetiva.

Jung nos mostra através dessa correlação entre os ensinamentos de Jesus e a
psique humana que o principal ponto das Bem-aventuranças entendidas
psicologicamente é a exaltação do Ego não inflado, um Ego humilde.

Na época de Jesus a violência, a ira, a luxúria e os instintos inconscientes
eram elementos dominantes e de acordo com Jesus o Ego deve ser esvaziado dessas
indefinições e ser capaz de perceber um algo a mais que dentro dele.

Percebemos que os relatos evangélico. tão cheios de muitas outras descobertas
psicológicas importantes. Jesus formulou a concepção da projeção dois mil anos
antes da psicologia profunda.

E quando disse: “E por que reparas o argueiro do olho do teu irmão. sem
jamais pensares na trave que está em seu próprio, (Mateus 7:3) Jesus quis nos
mostrar que temos que trabalhar em primeiro lugar os nossos vícios, erros,
tendências negativas, antes de querer olhar os defeitos dos outros para
censurá-los.

Os ensinamentos de Jesus devem ser tomados como um manual a ser estudado,
tendido e seguido. Adentrando a um ano novo que poderia ser encarado como um
ponto de referência, um marco para mudanças e renovações interiores, devemos
procurar destruir os sentimentos velhos e fazer renascer os sentimentos novos.

Jesus nos ensinou: “Pedi e obterei, buscai e achareis, ajuda-te e o céu te
ajudará,” teus 7:7-11). Quando nos sentimos inseguros, busquemos a prece com o
coração sincero e humilde, reconhecendo a própria fragilidade e a necessidade do
auxílio. A prece é transmissão de pensamento e a vontade veiculo dele.

“Ajuda-te e o céu te ajudará” é o principio da lei do trabalho e por
conseguinte a lei progresso, porque a evolução é filha do trabalho e o trabalho
coloca em ação as forças da inteligência.

“Procurais e Achareis” significa: trabalha e produzirás. A terra é uma
abençoada escola, onde aprendemos a colocar em prática que já conhecemos,
superando nossas limitações. Cada dia é uma nova oportunidade de aprendizado;
nenhum dia é igual, precisamos aprender a observar essas diferenças.

A fonte do sofrimento está dentro de nós mesmos, isso significa que podemos
fazer algo para acabar com esse incômodo. Na nossa vida, percebemos que tudo é
passageiro não temos tempo a perder e, se sentirmos dor durante essa caminhada é
porque deixamos de respeitar as leis divinas e naturais mas estamos sendo
alertados a voltar para o caminho do bem.