Sérgio Machado
Introdução
Começamos com a seguinte pergunta : Existe a felicidade? E quando pensamos se ela existe, normalmente trazemos uma outra: Eu sou feliz? Para a primeira podemos usar da teoria reversa com uma outra pergunta: Se a felicidade não existe, por que a procuramos incessantemente? Ora, se procuramos por algo, este algo deve existir… Para a segunda pergunta podemos usar uma variação, pequena, para começarmos de uma forma mais amena: Eu estou feliz? Podemos notar que estar traduz algo temporário e ser algo permanente. Temos que nós estamos num mundo (planeta) que não nos oferece a felicidade plena, portanto costumamos ter momentos de felicidade…
“A felicidade está onde nós a pomos; e nunca a pomos onde nós estamos” Procuramos a felicidade, normalmente, nas coisas exteriores, fora de nós mesmos, enquanto podemos encontrá-la, e até mesmo devemos, no nosso foro íntimo. A felicidade reside em nós mesmos e costumamos procurá-la fora… Seria esta uma inverdade?! Ou será que podemos admitir isto como um fato?!…
Desenrolar
Felicidade e imortalidade – Corpo e espírito
Léon Denis em “Cristianismo e Espiritismo”, na página 249 (ou próximo) cita-nos:
“A existência terrestre não é mais que uma página do grande livro da vida, uma breve passagem que liga duas imensidades – a do passado e a do futuro… …Confiai-vos à Suprema sabedoria; desempenhai a tarefa que ela vos distribui e que, livremente, antes de nascerdes, haveis aceitado… A única felicidade, a única harmonia possível neste mundo não é realizável senão pela união com os nossos semelhantes, união pelo pensamento e pelo coração, enquanto da divisão procedem todos os males: a desordem, a confusão, a perda de tudo o que constitui a força e a grandeza das sociedade.”
O espírita normalmente sabe, pelos estudos, que aquilo que passamos aqui, hoje, muitas das vezes são coisas que escolhemos pelas quais passar para evoluirmos, coisas estas que tiveram sua teoria discutida anteriormente à reencarnação. Ora, pois se sabemos disto, por que razão reclamar, se fomos nós mesmos que escolhemos por tais dificuldades ou pelas chamadas provas?…
Mas é necessário ser espírita e crer neste fato que é a reencarnação?
Bem, em geral, as pessoas, espíritas ou não, costumam dizer: “estou passando por isto pois devo ter feito algo de muito errado na vida passada; se eu não tivesse feito…”
Léon Denis cita o passado e o futuro, mas deixa bem claro que estamos no meio destes dois tempos, ou seja, no agora; deixemos portanto as lamúrias e o desejo de procurar explicação para o que passamos agora no passado e façamos o futuro com o presente, um presente que, se for construído de uma forma boa gerará um futuro ótimo.
A proposta é: trabalhemos hoje e o futuro será uma mera conseqüência, mas trabalhemos também com um sorriso estampado na face, pois torna o momento, o hoje, mais fácil.
Entender a felicidade através da dor.
Eis uma coisinha bem difícil… principalmente quando quem está sentindo a dor é a própria pessoa que deve entender.
Em “O Céu e O Inferno ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo (Allan Kardec – página 177)” temos uma passagem muito interessante (dentre tantas…) :
6. – Que efeito vos causa o vosso corpo aqui ao lado?
– R. Meu corpo! Pobre, mísero despojo… volve ao pó, enquanto eu guardo a lembrança de todos que me estimaram. Vejo essa pobre carne decomposta, morada que foi do meu espírito, provação de tantos anos! Obrigado, mísero corpo, pois que purificaste o meu espírito! O meu sofrimento, dez vezes bendito, deu-me um lugar bem compensador, por isso que tão depressa posso comunicar-me convosco…
8. – Tivestes consciência do momento em que o corpo exalou o derradeiro suspiro? Que se passou convosco nesse momento? Que sensação experimentastes?
– R. Parte-se a vida e a vista, ou antes, a vista do espírito se extingue; encontra-se o vácuo, o ignoto, e arrastada por não sei que poder, encontra-se a gente num mundo de alegria e grandeza! Eu não sentia, nada compreendia e, no entanto, uma felicidade inefável me extasiava de gozo, livre do peso das dores.
Durante a cerimônia do cemitério, ele ditou as palavras seguintes:
“Não vos atemorize a morte, meus amigos: ela é um estágio da vida, se bem souberdes viver; é uma felicidade, se bem a merecerdes e melhor cumprirdes as vossas provações. Repito: coragem e boa vontade! Não deis mais que medíocre valor aos bens terrenos e sereis recompensados. Não se pode muito gozar, sem tirar de outrem o bem-estar e sem fazer moralmente um grande, um imenso mal. A terra me seja leve.”
Meus amigos, a felicidade não é deste mundo, porém é neste mundo que a cultivamos. Sinto um certo receio quando uma pessoa lê esta parte do livro acima citado, por que ela pode não ler outra parte deste mesmo. Esta parte do livro que acabei de citar é a que se refere aos espíritos felizes, ou seja, aqueles que trabalharam para alcançar a felicidade aqui no nosso mundinho. Mas neste mesmo livro temos exemplos de espíritos que não são tão felizes assim.
Surge uma pergunta: se depois de desencarnar eu estou livre do martírio que tenho aqui enquanto encarnado, por que vou ficar esperando a hora certa?
Meus amigos e irmãos, só Deus define o tempo certo, alguns relatos nos trazem as pessoas que anteciparam a hora do desenlace com o corpo e que sofrem muito com isto no mundo espiritual; deixamos de aproveitar uma oportunidade, dentre tantas, que Deus nos dá para evoluirmos no convívio com aqueles que nos rodeiam, mesmo com as dificuldades que nos circulam. A dificuldade é a experiência de amanhã, portanto aproveitemos a dificuldade sorrindo, pois ela é, em verdade, mais uma oportunidade de depurarmos o espírito, como na passagem de “O Céu e O Inferno ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo” citada acima.
Sabemos que falar de dificuldade é muito delicado, pois ela (ou a dor) somente é entendida por aquele que passa em meio (ou que a sente), mas se em momentos de dificuldade conseguirmos “olhar” para Deus e se, mais ainda, ao invés de reclamarmos, conseguirmos agradecê-Lo… ah, então conseguiremos dar uma passo enorme à felicidade.
Na Revista Espírita – 1860 – página 22 – final da quarta sessão temos:
…lembrai-vos, meus amigos, todos os filhos de Deus foram criados para a perfeição. Felizes aqueles que não perdem seu tempo no caminho: A eternidade se compõe de dois períodos: o da prova, que se poderia chamar a incubação, e o da eclosão ou entrada na vida verdadeira, que chamais a felicidade dos eleitos.
Notem que a citação acima não nos deixa muitos comentários a serem acrescentados, somente enfatizando, notem que no final temos “que chamais a felicidade dos eleitos”, não que a felicidade seja de alguns eleitos, e sim que assim foi conceituado, pois Deus, em sua infinita bondade e justiça, não faria distinção entre seus filhos, portanto os eleitos somos todos nós que trabalhamos em busca da felicidade, cultivando, como acima já mencionei, no dia a dia, em cada momento de nossa vida.
Conclusão
A felicidade pode ser encontrada em qualquer lugar, principalmente dentro de nós e até mesmo nas maiores dificuldades que podemos estar passando. O “como” encarar uma dificuldade faz muita diferença no nosso dia a dia, trazendo como resultado esta palavrinha que todos almejamos: felicidade.
Gostaria, como o fiz durante esta palestra na casa espírita “Amor e Caridade Jacob”, de desejar que todos que possam estar lendo consigam enxergar a felicidade mesmo no nosso mudinho, sempre com a certeza de que Deus está presente e que nos quer muito bem.
Informações para o visitante
Este site foi criado para divulgar, primeiramente, a doutrina espírita na forma de palestras, mas com o intuito de ter a colaboração daqueles que o visitam no que diz respeito ao seu modo de pensar, seja este espírita ou não, portanto, se você se sentir a vontade para discorrer sobre o tema proposto, por favor, participe através do programa de correio que você utiliza.
No relacionamento entre as pessoas, mais precisamente no casamento, instituição tão comentada na sociedade, a felicidade é encarada como algo muito difícil.
Já há algum tempo ouvia eu a seguinte pergunta:
“Quando a pessoa se casa, ela está querendo ser feliz ou fazer a pessoa com quem casou feliz?…”