Kardec e a Geração Espontânea
Embora a teoria vitalista tenha sido refutada, tal como era defendida no
passado, a mais aceita proposta pela moderna biologia, a respeito do surgimento
da vida no planeta, reafirma a geração espontânea na natureza. Elaborada pelo
bioquímico russo A. Oparin, é um postulado teórico que explica como teria
surgido o primeiro ser vivo da Terra.
Ele enuncia que no período de formação da Terra um conjunto de fatores (tais
como: temperatura ambiente, constantes tempestades, composição da atmosfera do
período etc. ) colaboraram para uma reação em cadeia que teve como produto
resultante os primeiros seres vivos da natureza em diferentes pontos
geográficos. Afirma também que estas condições não ocorrem mais no atual estado
do globo e que, portanto, a geração espontânea de seres estaria restrita apenas
a essa fase inicial da existência terrena. Daí, segundo Oparin, não ocorrer o
nascimento espontâneo, isto é, a geração sem descendentes, de organismos
biológicos nos dias de hoje.
Sem nos determos em detalhes desnecessários, gostaria apenas da acrescentar
que o principal motivo da maior aceitação dessa teoria foi a comprovação
experimental realizada por cientistas (como Miller e S. Fox) que obtiveram em
laboratório a formação de compostos orgânicos (principais constituintes da
formação de organismos) graças a reprodução das condições iniciais do orbe,
propostas por Oparin, em modelos laboratoriais.
Apesar de Kardec não ter tido conhecimento das idéias de Oparin enquanto
esteve encarnado, talvez ele sempre tenha proposto a teoria da geração
espontânea, tal como é apresentada (como explicação da origem da vida), porque
esse pensamento colabora para a percepção racional da presença divina nos
quadros naturais, mostrando-se sempre atuante e glorificando ainda mais a
criação pela grandeza da vida.
Afinal a geração espontânea da vida, seja qual for a maneira que a enuncie,
sugere que um conjunto de fatores que, reunidos e organizados propiciam tal
surgimento. Quem poderia ser o Idealizador, meus irmãos, o Artífice ideal que
reúne e organiza os elementos no incessante engendrar dos infinitos quadros
universais ? Certamente, os queridos amigos responderiam cada um a sua maneira:
“Deus, o nosso Pai eterno , que ao conceder a todos os seus filhos a parte que
lhes cabe no concerto harmonioso da criação, atua na natureza através dos
Arquitetos Siderais (Espíritos Puros), tal como nosso Jesus, o Divino Mestre,
que reflete Sua justiça e bondade incessantemente”. Quanto a “origem das
espécies” eu agradeceria se o Alexandre Costa ou qualquer outro amigo do boletim
pudesse nos esclarecer com alguma passagem ou citação em que Kardec tenha
mostrado não compartilhar com essa teoria, pois apenas achei um trecho de “A
Gênese” onde ocorre justamente o contrario: – “Como em a Natureza não ha
transições bruscas, é provável que os primeiros homens aparecidos na Terra pouco
diferissem do macaco pela forma exterior e não muito também pela inteligência.
Em nossos dias ainda ha selvagens que, pelo comprimento da cabeça, tem tanta
parecença com o macaco, que só lhes falta ser peludos, para se tornar completa a
semelhança. ” (ultimo parágrafo de “Hipótese sobre a origem do corpo humano ” do
livro “A Gênese” por Allan Kardec, 36°ed. FEB)
Não estamos aqui dizendo se essa ou aquela teoria é ou não constituída da
verdade, nem tampouco temos a ambição de sondar o pensamento Kardequiano,
justamente por observarmos as afirmações de Kardec na Introdução de “A Gênese”,
tão bem rememoradas pelo irmão Alexandre Costa no Comentário motivo deste
pequeno apontamento. Gostaríamos de apenas Expor despretensiosas opiniões que
possam contribuir de alguma forma ao boletim do GEAE.
Abraço aos companheiros de ideal, em especial ao irmão Alexandre Costa que
possibilitou com seu comentário o envio de minha primeira mensagem para o
boletim.
Obrigado irmão! Grato aos editores, Luiz Gustavo
(Publicado no Boletim GEAE Número 306 de 18 de agosto de 1998)