Susi trabalhava como pesquisadora, nada tinha conseguido… Sabe aqueles dias em que parece que tudo está bloqueado? A tarde chegou, sem qualquer êxito. Ficou indecisa. Se desistisse, retornando para a empresa, perderia a diária, que era de direito se ficasse em serviço até as 22 horas.
Naquele momento, passou por sua cabeça um universo de comandos, dos pais, dizendo que era melhor continuar, pelo menos teria a diária… “mais vale um passarinho na mão que dois voando”.
Via-se olhando pela janela, ainda pequenina, admirada com tantas coisas que poderia estar fazendo na rua, mas não se atrevia. A ordem era não se expor, era menina, tinha que ficar em casa, cumprir as obrigações.
De outro lado, uma força latente dentro de si a empurrava para dar outro rumo a sua vida. Sim, poderia sair para a rua, brincar e estar com seus amigos, nada de mal aconteceria.
E de novo estava ali, agora na rua, com pensamentos, medos e dúvidas revoando em sua cabeça. De repente, decidiu. Ligou para sua mãe, indagando se ela iria ao Shopping, como de costume, nas tardes ensolaradas. Do outro lado, a mãe, agora desoprimida dos conceitos antigos, confirmou. Ia passear. Ela, de pronto, foi até a empresa, devolveu a diária e correndo se dirigiu até o lugar onde a mãe estava.
A garra da pobreza foi vencida, finalmente. Ela conseguira tirar de seus ombros e pensamentos, um amontoado de conceitos e obrigações que abrigava em seu íntimo desde menina.
Não faço apologia da preguiça ou da irresponsabilidade. Mas é sempre importante que tenhamos plena consciência do que fazemos por nós mesmos. Observe-se no dia-a-dia e descubra quantas atitudes você realiza por você. Ou você é ainda daquelas criaturas, que pedem licença para viver? Que não medem esforços para atender as necessidades das outras pessoas, mesmo que prejudique as suas. E a cada atitude que você realiza para alguém, surge a fantasia de que você está abrindo uma porta no céu.
Ledo engano. No céu, só entrarão aqueles que realizarem o melhor para si, que forem felizes com suas iniciativas, que atenderem aos anseios de sua alma, realizando o melhor para seu corpo e para sua essencialidade.
Alguém, dominado pelo medo de viver, sopra aqui em meu ouvido um aviso: mas será verdade isso, Wilson? Respondo: aprendi isso com um homem divino que viveu aqui no Planeta Azul há dois mil anos.
Seu nome: Jesus. Ele ensina que devemos amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. E eu entendo que é isso mesmo, porque sem nos amar, sem atender às nossas necessidades primárias, não poderemos fazer algo para o próximo.
É preciso que você esteja feliz, realizando o Bem para sua família, atendendo aos reclamos de seus filhos para que você possa realizar algo por seu vizinho ou nos orfanatos e hospitais.
A Susi, naquele dia, respeitou-se, e ao invés de se punir porque não atendeu ao programa de trabalho da empresa, deu-se de presente um passeio, onde se descontraiu e armazenou energias para o resto da semana.
Dito e feito, nos dias posteriores realizou seu trabalho com pleno êxito. O trabalho com resultados não é tudo na vida. Tudo na vida é você. As dificuldades todas que envolvem a sua vida são passageiras, você é eterna. As pessoas que estão ao seu lado não sabem exatamente o que há em seu coração e pensamento, só você sabe disso. Há sim, um outro ser que conhece detalhes da sua intimidade, de seus sonhos e medos: Deus. Então se tiver que atender a comandos na vida, se reporte aos divinos. Estes são essenciais e podem te levar para a paz e a alegria.
A respeito de prêmios e punições, gostei do que escreveu o autor de “Marley”, um livro que narra as experiências de um cãozinho e seus donos. John tem um jeito especial de lidar com Marley. Quando ele faz xixi no piso da sala, o “pai” ralha e faz expressão severa, no entanto cada vez que o cão faz xixi lá fora no lugar combinado, John encosta sua bochecha na cabeça do Marley e faz carinho em seus pêlos.
Com certeza, através dessa atitude do seu dono, o animal entenderá perfeitamente esse mecanismo de punição e prêmio, que existe aqui na Terra.
Será que existe esse processo entre os humanos? Ou ainda nós só temos olhos para os erros e coragem para as punições. E olha, que mesmo para com você mesma, as atitudes que você realiza podem ser desprovidas de carinho, ou será que você se premia tanto quanto se condena, por alguma insanidade que comete?
“Amar a si mesmo” é uma lição que deve estar escrita num papel perfumado e colado na geladeira de casa ou dentro do carro, bem à vista, para que durante a vida, nós não nos esqueçamos disso.
Uma cliente se separou do marido, no papel, mas por dificuldades de ambos, ficaram morando na mesma casa. O relacionamento, cheio de conflitos, continuou, naturalmente. E ela se submetia, anos após anos, por motivos que inventava, um deles, a filha: o que será dela…
Despachou para bem longe esse argumento medroso, quando um dia a filha disse que ao completar dezoito anos deixaria a casa, porque não agüentava aquelas discussões e entendia que estava na hora da mãe dar um novo rumo a sua vida. Ela apoiava e estaria com ela. Mas o medo ou a acomodação continuou dominando as atitudes da mãe. Um dia, tomou a grande decisão da sua vida, conversou com o ex-marido e efetivou a separação, agora de fato.
Tudo resolvido? Não, porque nas semanas seguintes, ela foi “tomada” por um sentimento estranho, não tirava o homem da cabeça e se pegava indagando de si mesma como ele estava se virando com comida, roupa etc e tal. Pois bem, foi preciso muita conversa e incentivo para que ela visse naquela sua atitude, um caminho para sua felicidade. Ela possuía em seu íntimo comandos severos dos pais e da sociedade, que naquele momento, priorizavam os outros e não ela.
Fui categórico, em nossa conversa. Dê esse presente para você e para sua filha. Uma casa cheia de harmonia, uma vida de trabalho e êxitos. Passeie, busque de novo as ações que deixam você feliz. Ele ficará bem, e isso nem importa tanto a você, porque não era uma união ungida por Deus, porque num relacionamento onde há discórdia, desatenção e desrespeito, nada é divino.
Em nossa vida, um caminho devemos percorrer, é o de nos respeitar e harmonizar atitudes para que realizemos o melhor para nós. E se você é daquelas criaturas que insistem em pensar nos outros e na humanidade em geral, fique em paz, porque quando você cura sua alma, com certeza estará curando todos que estão a sua volta.
E nas horas em que a pobreza de sentimentos de amor próprio ameaçar os tesouros do seu coração, se desfaça dos medos realizando essa singela
Oração Sufi:
“Eu vim de uma fonte perfeita e estou comprometida com um objetivo perfeito. A luz do Ser Perfeito está acesa em minha alma.
Vivo, movimento-me e tenho o meu ser em Deus. E nada no mundo, do passado ou do presente, tem o poder de me tocar ou dominar. Se eu me erguer acima de tudo”.
- Autor: Wilson Francisco – wilson153@gmail.
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