Objetivos, Mecanismos de Ação e Resultados
Os princípios fundamentais para a transmissão de energias através dos passes
baseiam-se no fenômeno magnético que governa a atração dos elementos fluídicos
entre as criaturas, suporte da lei de sintonia.
No Universo tudo é atração. Em síntese, é a manifestação do amor universal
sustentando a vida através de trocas incessantes.
Quando duas mentes entram em sintonia, uma ativa e outra em estado de
passividade, formam-se entre ambas correntes de força que lembram a ação
eletromagnética, estabelecendo-se as condições para que o agente doador
transmita ao beneficiário, via centros de força ou chakras, benefícios
vibratórios de vária ordem, seja para dispersar energias congestionadas, seja
para doar-lhe um novo suprimento, a fim de sustentar o seu inventário em
déficit.
O ato de dispersar tanto pode significar uma movimentação de energias
congestionadas (paradas, à semelhança de ingurgitamentos) como um processo de
assepsia para extrair componentes adulterados e, portanto, prejudiciais à
economia da vida.
É um tanto mais difícil desbloquear fluidos oriundos das grandes mazelas da
alma, dos grandes conflitos que ficam entranhados nas camadas profundas do
inconsciente. Todavia, mesmo aí o passe faz-se auxiliar vigoroso quando em
associação com a terapia da palavra e do Evangelho, que são solventes poderosos
a diluir, juntamente com o sofrimento, esses quistos impeditivos à passagem da
luz divina.
Essas energias dispersáveis tanto podem originar-se de contágios com o meio
ambiente (por negligência do indivíduo). como serem provenientes das próprias
construções mentais, quando a pessoa se envolve nas preocupações e nos fluidos
do desânimo e do desespero, por não se sentirem suficientemente fortes para
vencerem as provas da vida, em condições de maior sucesso.
Poderíamos sintetizar o objetivo do passe na frase de André Luiz, quando
afirma: “O passe não é unicamente transfusão de energias anímicas. E o
equilibrante ideal da mente, apoio eficaz de todos os tratamentos(…)” E
mais adiante: “Se usamos o antibiótico por substância destinada a frustrar o
desenvolvimento de microorganismos no campo físico, por que não adotar o passe
por agente capaz de impedir as alucinações depressivas, no campo da alma? (…)
Se atendemos à assepsia, no que se refere ao corpo, por que descurar dessa mesma
assepsia no que tange ao espírito?”(l).
Destacamos as expressões-conceito utilizadas pelo venerável Benfeitor:
“transfusão de energias anímicas”, “equilibrante da mente”, “apoio de
tratamentos”, “bloqueador de alucinações depressivas , assepsia”. São, em suma,
esses os objetivos do passe, que transparecem de tudo o que já dissemos nos
capítulos anteriores, e aos quais poderemos acrescentar outras finalidades
especiais, tais como: desvinculação obsessiva, desbloqueio de conflitos íntimos,
elemento das cirurgias espirituais, facilitador de processos mediúnicos em
desenvolvimento e tanto outros.
Para o objetivo maior da Casa Espírita, a implantação da atividade de passes
representa a oportunidade de concretizar o ensino evangélico do “amai-vos uns
aos outros” e aquela outra recomendação quanto à tarefa básica dos cristãos:
“curai…”, “ressuscitai…”, “purificai…”, conforme apontamentos de Mateus,
no seu Evangelho, capitulo 10, versículo 8. É por esse compromisso que os
“Espíritos do Senhor” serão atraídos aos Centros Espíritas para, juntamente com
os homens, levarem adiante o plano de libertação da Terra das sombras do mal,
pela ação da caridade.
Uns dizem que a terapia pelos passes é um recurso de superfície enquanto
outros afirmam, peremptórios, se constituir ela um recurso de profundidade, a
serviço da libertação da criatura. E ambos têm razão. É superficial, se
entendido que sem a transformação íntima os benefícios se diluem rapidamente sem
cumprir o seu papel. E é de profundidade pela complexidade de recursos que são
acionados e providências espirituais especializadas que são movimentadas, muitas
vezes, muito além de nossa compreensão limitada, embora posta a nosso benéfico.
Que energias, basicamente, são transmitidas e recebidas durante o passe?
Quando se trata da ação pura e simples do magnetizador, veicula-se fluido
vital, bioenergia, que poderá estar saturada de fluidos espirituais
representativos das qualidades morais do doador. Quando se trata da ação
desenvolvida pelos Espíritos, a transmissão é de fluidos sutis por eles gerados,
correspondentes aos seus sentimentos. Classificam-se, didaticamente, esses
fluidos produzidos pelos Espíritos, como espirituais. Muitas vezes, os seres
desencarnados associam os seus a outros recursos extraídos da Natureza ou mesmo
da esfera dos homens, em doações inconscientes e involuntárias. Um terceiro tipo
de ação é o do magnetismo misto ou humano-espiritual, quando o doador encarnado
funciona como médium, canalizando, juntamente com as suas, as energias que os
Bons Espíritos irradiam por seu intermédio. Essa é a proposta básica do passe
espírita, aquele em que um doador, orando, atende alguém que espera em estado de
súplica respeitosa e afervorada.
Em tais circunstâncias, o concurso dos Espíritos é, amiúde, espontâneo; porém
as mais das vezes provocado por um apelo de quem aplica o passe, quando dispõe
de recursos morais para atraí-los e canalizar-lhes as virtudes terapêuticas a
benefício dos outros.
A ação curadora dos passes somente ocorre quando existe densidade fluídica
suficiente através de um agente doador treinado, consciente e amoroso, capaz de
agir sob forte indução dos Benfeitores Espirituais.
O suprimento fluídico de energias que chega ao ser carente, mediante os
centros de força, vai naturalmente até o sistema nervoso, imediatamente
revigorando-o, mas daí sendo conduzido ao universo celular através das
interações existentes entre o mesmo e os sistemas sangüíneos e de glândulas de
secreção interna. É o mesmo que se afirmar que as “substâncias sutis” que
são movimentadas nas operações do passe, viajam pelo corpo inteiro deixando em
cada célula carente o seu princípio regenerativo, que assegura reproduções
celulares em condições melhoradas e, portanto, o surgimento de novas, saudáveis
e harmonizadas. É o que asseverou Kardec com a expressão verbal de sua
época: “a substituição de uma molécula malsã por outra sã.(2).
Se imaginarmos que aproximadamente um litro de sangue passa pelo cérebro a
cada minuto,(3) recebendo, portanto, a influência dos chakras
coronário e frontal, podemos deduzir que o sangue funciona como um verdadeiro
banho magnético, assegurando o ritmo e o equilíbrio vibratório de todo o corpo,
dada a capacidade que possui de segregar tanto os agentes magnéticos de cura
quanto os degenerativos.
Vejamos como se expressa Manoel P. de Miranda: “O ,,médium Joel,
profundamente concentrado afastou-se do corpo somático. Todo ele estava
transformado numa usina de forças magnéticas de variado teor. Da região onde se
situava a pineal ou epífise na sua forma física, vibrava um poderoso dínamo
luminoso que irrigava todas as glândulas do sistema endócrinos, ativando as
supra-renais com energia fosforescente, que assumia fulgurações inimagináveis.
“O cérebro transformara-se num fulcro iridescente de fortes tonalidades,
enquanto o coração estimulado vitalizava todo o sistema circulatório, invadido
por fluidos luminosos que eram ativados pelo centro cardíaco, em formosa
coloração ouro-alaranjada(.. ) “(4)
Essa narração refere-se às transformações maravilhosas por que passou um
médium, que dedicou sua vida a Jesus, no exato momento em que se dispunha à
psicofonia socorrista sob o toque benéfico dos seus Guias, para o ministério da
enfermagem espiritual. Mas, poderia ser a mesma coisa se preparado estivesse
para o passe, sob a proteção de técnicos do Mundo Espiritual no assunto.
Como quem primeiro se beneficia é quem se doa ao trabalho do amor, eis Joel –
o médium referido – sublimado no seu banho de luz a lhe percorrer os circuitos
principais da atividade superior da mente e do coração. Naturalmente, dele
passariam os elementos curativos para o beneficiário do passe, se esse fosse o
seu ministério, como passou para o inditoso obsessor a energia socorrista
através do choque anímico.
Leiamos André Luiz em Mecanismos da Mediunidade: “SANGUE E
FLUIDOTERAPIA – Salientando-se que o sistema hemático no corpo físico representa
o conjunto das energias no corpo espiritual ou psicossoma, energias essas
tomadas em principio pela mente, através da respiração, (grifo nosso) ao
reservatório incomensurável do fluido cósmico, é para ele que nos compete voltar
a atenção no estudo de qualquer processo fluidoterápico”(5).
E mais adiante o Benfeitor Espiritual se refere aos corpúsculos vivos das
hemácias, leucócitos, trombócitos e outros movimentando-se em trabalho
constante, sob o comando do pensamento, no sentido de garantir-lhes a migração,
a eficiência, e a mobilidade na preservação da saúde através do desenvolvimento
de fatores imunológicos. E essa eficiência não é de outra forma conseguida senão
pela magnetização dessas entidades corpusculares, para o cumprimento de suas
finalidades, magnetização conseguida pelo próprio inquilino do corpo físico – o
espírito encarnado – ou pela ação auxiliar emergencial de outro ser que lhe
empresta os princípios energizadores através dos passes.
Por fim, chegamos aos resultados. De que fatores dependem? Das qualidades
radiantes do agente doador, da receptividade do beneficiário e do Carma,
passando de leve por fatores de menor relevância como os de natureza mesológica.
Com relação ao primeiro fator, veremos mais adiante, no
capítulo seguinte, os requisitos básicos mínimos que deve possuir o aplicador
de passes para se colocar à altura da cooperação dos Bons Espíritos. E isso é
perfeitamente compreensível, pois a luz do Divino Amor não pode ser coada com
transparência através de um filtro excessivamente impuro, sob pena de
desfigurar-se os princípios da lei que regem a vida.
Ao nos referirmos à condição de receptividade do paciente, óbvia sob qualquer
aspecto, lembraríamos o impositivo dele manter atitudes respeitosas durante e
depois do passe. Todo tratamento exige dieta e essa dieta, no passe, é o momento
seguinte de como vai ficar o nosso comportamento. Atitudes e ações levianas
destroem as pontes de fixação que ajudam a reter as energias vitalizadoras e
construtivas em nós, fazendo com que essas energias se evolem, ficando o lugar
das mesmas ocupado por outras de baixo teor.
E o Carma? Há um momento em que o ser amadurece para a vida. O sofrimento
cumpriu o seu papel retificador, podendo ser colocados à disposição do
indivíduo, a partir de então, os bens da saúde e da harmonia. Quando esse
momento chega, a lei do Carma, que é favorecedora de bênçãos, igualmente reúne,
ante o indivíduo a ser libertado, os elementos que serão objeto dessa ação, no
caso o agente doador em condições, a assistência espiritual adequada e os
fatores mesológicos favoráveis. E a cura se dá.
Muitas vezes, o retardamento da saúde ainda é o remédio para o Espírito
calceta e ignorante. Rompida essa casca de sombra, sob o camartelo do sofrimento
e da provação, eis a luz que surge para um novo recomeço.
BIBLIOGRAFIA:
- Opinião Espírita, André Luiz/Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira cap.
55, O Passe – Citação no livro O Passe, de Jacob Meio - A Gênese, Allan Kardec, cap. XIV, item 31
- Citação do Livro O Passe, de Jacob Meio
- Grilhões Partidos, Manoel P. de Miranda / Divaldo P. Franco, cap. 17
- Mecanismos da Mediunidade, André Luiz, Francisco Cândido Xavier e Waido
Vieira, cap. XXII, Sangue e fluidoterapia.
Terapia Pelos Passes – Editora Leal