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Somos Camaleões?

Esta pergunta pode parecer despropositada, já que o reino animal não se
mistura com o hominal, daí não podermos pertencer à família desses simpáticos
bichinhos que dão pelo nome de camaleões. Como se sabe, eles têm a
característica de facilmente mudarem de cor, de acordo com o meio ambiente em
que estão inseridos, para melhor assim se defenderem através da camuflagem. No
entanto poderemos indagar: será que somos como os camaleões? Será que nós
mudamos facilmente de opinião, de postura, conforme o meio em que estamos
inseridos?

Esta questão veio à minha mente, dada a época natalícia em que estamos
inseridos. Vi ontem, 7 de Dezembro de 1998, uma notícia na televisão que
realçava o espírito generoso das pessoas, que colaboraram muito bem com uma
iniciativa do banco alimentar contar a fome, que apóia os sem abrigo. Comentava
comigo, a minha esposa, que as pessoas nesta época tornam-se mais generosas,
menos egoístas e fiquei cá a pensar com os meus botões: Quem nos dera que fosse
sempre Natal, só por esse facto.

Daí surgiu a tal questão: Será que não somos como os camaleões?

Passamos o resto do ano envoltos num egoísmo feroz, tentando a todo o custo o
nosso e só nosso bem-estar, sem nos importarmos com o próximo, com as suas
necessidades, suas dificuldades existenciais.

Porque é que somos fraternos numa época do ano e nas outras esquecemos a
fraternidade entre os homens, única solução para resolver as assimetrias
sociais, as lutas e entrechoques da massa social, como Jesus de Nazaré nos
ensinou?

Quando chega o Natal as pessoas modificam-se, ficam mais amistosas, anda uma
atmosfera mais calma e amiga no ar, as pessoas sorriem, desejam-se mutuamente
Bom Natal e feliz ano novo» e confraternizam mais umas com as outras.

Isto faz-nos pensar: porquê este comportamento ainda tão dissemelhante dos
seres humanos? Porque é que somos fraternos numa época do ano e nas outras
esquecemos a fraternidade entre os homens, única solução para resolver as
assimetrias sociais, as lutas e entrechoques da massa social, como Jesus de
Nazaré nos ensinou?

Temos de concluir que ao que tudo indica somos ainda pouco coerentes, pois
dizemo-nos cristãos, freqüentamos os nosso cultos ou associações, mas no
dia-a-dia continuamos a comportamo-nos como não cristãos e até como
anti-cristãos. Seria de ponderar se não vivemos como os camaleões, agindo de
determinada maneira sempre que a sociedade assim nos impele, voltando logo à
nossa estrutura mental ainda arraigada de profundo egoísmo.

Sugerimos a leitura do Evangelho Segundo o Espiritismo», de Allan Kardec,
uma preciosidade que nos auxilia a compreender melhor a mensagem de Jesus, e
assim a compreender melhor a nossa existência na Terra, o porquê da mesma,
respondendo às questões: quem sou eu, de onde venho, para onde vou, que faço
aqui neste planeta, porque sofro mais ou menos que os outros, entre outras
questões existenciais que transportamos na alma.

Se não conseguir resistir ao consumismo natalício, aqui fica uma excelente
proposta de prenda de natal: o livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de
Allan Kardec, ou qualquer dos outros quatro livros deste autor.

(Publicado no Boletim GEAE Número 322 de 8 de dezembro de 1998)