A Verdade Vos Libertará…
Os Evangelhos nos propiciam uma demonstração patente de libertação de vários
jugos:
– Maria Madalena, pela sua predisposição em mudar a direção de sua vida, foi
libertada do jugo de uma legião de espíritos obsessores.
– Zaqueu, atormentado pelo remorso do enriquecimento ilícito, foi libertado
das garras da avareza.
– 0 paralítico de Betsaida, após trinta e oito anos de enfermidade, que
haviam mudado o seu modo de pensar, foi libertado daquela terrível enfermidade
que tolhia os seus movimentos.
Paulo de Tarso, instrumento da majestosa manifestação espiritual da Estrada
de Damasco, conseguiu tornar-se o paradigma da mais estrondosa libertação que a
história registra: livrou-se da influência dos dogmas, dos preconceitos, do
fanatismo do falso zelo religioso e do apego às vãs tradições, transmudando-se
no homem novo que jamais tergiversaria com a verdade, não tolerando, dali por
diante, quaisquer deturpações doutrinárias e movimentos paralelos que viessem a
diminuir o impacto das verdades renovadoras trazidas por Jesus Cristo.
Jesus veio trazer as diretrizes e bases para a libertação espiritual do
homem, pois, os sistemas obscurantistas que tem imperado na Terra, desde os
tempos imemoriais, sempre exerceram predomínio sobre as massas, predomínio esse
que em alguns casos atingiu as raias do inconcebível.
Esse estado de coisas foi denunciado pelo próprio Mestre, ao verberar, de
público, a atitude dos doutores da lei: “Ai de vós escribas e fariseus
hipócritas, que contornai a terra e o céu para fazerdes um discípulo, e depois o
tornai mais merecedor da Geena do que vós próprios”.
Tudo isso levou o Messias a proclamar, solenemente: “Conheça a verdade, e a
verdade vos libertará não só do jugo do pecado, conforme asseverou
Paulo em sua Epístola aos Romanos (6:22), mas também como veículo,
libertador das atitudes que levam aos erros e aos transviamentos”.
Ao ser pressionado para que exarasse o seu julgamento sobre a mulher
adúltera, Jesus expressou o único veredicto compatível: “Aquele que estiver sem,
pecados, atire a primeira pedra”, o que representou autêntica lição a seus
interpeladores, ensinando-os como se libertarem do jugo da injustiça e das
ordenações aberrantes.
– Indagado sobre a razão pela qual fazia cura em dias de sábado, ensinou a
seus interrogadores que “o Sábado foi feito para o homem, e não o homem para se
tornar subjugado pelo sábado”.
Perguntando-lhe “o que é a verdade”, Pilatos não mereceu resposta, porque o
seu coração não estava preparado para compreenda-la, pois, alguns minutos mais
tarde, não trepidou em entregar um inocente ao sacrifício na cruz, apenas porque
um dos presentes aventou a hipótese de não ser ele amigo do imperador se
soltasse aquele homem.
Com este e muitos outros exemplos, o Senhor nos ensinou como travar
conhecimento com a verdade para que, um dia, quando os nossos espíritos
estiverem mais aptos a entender a mensagem imorredoura do Evangelho, possamos
ser libertados por ela.
Jornal o Clarim – 15/Junho/1971