canuto abreu

Tamanho
do Texto

Carta Canuto para Chico

Uma das mais amareladas páginas do acervo de Canuto Abreu preservado no CDOR (Centro de documentação e obras raras da FEAL – Fundação espírita André Luiz), rodeada por manchas escuras e com as bordas corroídas, é uma cópia de missiva datilografada sobre papel de seda leve e macio. O cabeçalho cita: “São Paulo, 29 de abril de 1937, Francisco Cândido Xavier, paz, saúde e alegria”.

Quando Canuto fez uma extensa e fundamenta pesquisa sobre a Doutrina Espírita original, podendo denunciar os desvios que ocorreram no movimento espírita francês e brasileiro durante o século vinte, compartilhou com seu dileto amigo Chico Xavier todos os fatos e denúncias, tornando-se ambos os servidores fiéis do resgate do legado de Allan Kardec, com o qual estavam profundamente comprometidos.

Essa não foi a primeira vez que o médium e o pesquisador se encontraram, mas representa o registro de uma amizade, cumplicidade firme, compromissada e duradoura. Inicia Canuto contando: “Recebi com muito prazer seu obsequioso cartão, pelo qual demonstrou não haver esquecido de minha insignificante pessoa, apenas encontrada no meio de tanta gente importante, que o rodeou curiosa e reverente em São Paulo. Guardei excelente impressão de nosso encontro e nenhum elogio ou adulação vai em dizer-lhe, com sinceridade, que aprecio o seu dom mediúnico. Sensitivo como é, não verá no que se segue senão o fruto de minha admiração e apreço”.

A carta, analisada com detalhes na obra Autonomia – a história jamais contada do Espiritismo, como inúmeras outras trocadas entre os dois amigos, representa o profundo respeito e admiração mútua. Canuto foi como um irmão mais velho, logo quando se conheceram, aconselhando sobre as dificuldades e perigos que Chico enfrentaria pela reação pública, frente à mediunidade de amplas possibilidades que possuía.