Carta de Allan Kardec à senhora Elise Van Calcar
As cartas manuscritas inéditas de Allan Kardec são os rascunhos, escritos de próprio punho, para que, depois de copiadas, fossem enviadas aos destinatários. Recebia a ajuda de secretários e da sua esposa, Amélie Boudet. Ele registrava as cartas recebidas e arquivava com os rascunhos, formando o arquivo do Espiritismo.
Os arquivos foram queimados pelos inimigos, que queriam desviar o Espiritismo de sua proposta original. Todavia, a seleção feita por Kardec para contar a história por fatos escapou dos ataques, e chegou ao Brasil, graças aos esforços do pesquisador Canuto Abreu. Atualmente os manuscritos estão sendo preservados, digitalizados e serão disponibilizados ao público num portal da internet, pela equipe do CDOR (Centro de documentação e obras raras da FEAL – Fundação espírita André Luiz). O trabalho de tradução está sendo feito por uma equipe internacional de acadêmicos e tradutores profissionais. As cartas disponibilizadas em virtude do livro Autonomia, a história jamais contada do Espiritismo, são acompanhadas de transcrição, tradução e comentários originais elaborados por Canuto Abreu, com a finalidade de documentar a obra. Todos esses documentos receberão uma revisão da equipe acadêmica, para que, catalogadas, sejam oportunamente disponibilizadas em definitivo no Projeto Allan Kardec.
Numa das cartas, Kardec informou que recebia de sete a oito mil cartas por ano. Uma imensa quantidade de correspondência! Ele não conseguia responder a todas, mas, como podemos conhecer na obra Autonomia, a história jamais contada do Espiritismo, ele respondia regularmente as pessoas em dificuldade, que pediam o auxílio da Doutrina Espírita, na pessoa de Allan Kardec. Ele respondia especialmente a cada um, levando à reflexão para compreender o verdadeiro sentido da vida segundo o ensinamento dos espíritos superiores.
Como foi apresentado na obra Autonomia, a história jamais contada do Espiritismo, Allan Kardec não vivia de incertezas, pois havia encontrado recursos para sanar sofrimentos, substituindo-os pela esperança que o Espiritismo semeia. A sua correspondência dedicada a auxiliar quem o procurasse em busca de consolação era bastante extensa e frequente. Ainda nesse período de suas férias, ele recebeu uma carta da senhora Elise Van Calcar (1822-1904), pedagoga, escritora, divulgadora de Fröbel quanto à educação das crianças. Muito cedo se interessou pelo Espiritualismo, ao qual dedicou-se por décadas e publicou revistas. Seu marido era magnetizador. Foi uma das mais importantes referências do tema na Holanda. Apesar de não acreditar na reencarnação, isso não a impediu de pedir ajuda a Kardec para receber uma comunicação espiritual de uma mulher, sua conhecida. Em 5 de fevereiro de 1862, Kardec enviou a seguinte resposta:
“Obtive sobre a pessoa que lhe interessa uma comunicação espírita, mas de natureza de tal gravidade que hesito em transmiti-la antes de ter uma confirmação de outras fontes, o que vou fazer e, logo que a obtenha, me apressarei a comunicá-la. Não querendo retardar mais esta resposta, limito-me hoje a dizer-lhe que, segundo a referida comunicação, a moça está viva! Não, porém, para a família, que imagina que ela não exista”.
Confira o restante da análise da carta no livro Autonomia, a história jamais contada do Espiritismo.