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Investigações de Psicologia

Segundo Allan Kardec, quanto a um tema bastante atual, o forte deve trabalhar para o fraco, para que, em sociedade, os desamparados cumpram esse dever familiar. Segundo ele, a economia tenta buscar o equilíbrio entre produção e consumo, para evitar o desabastecimento e o desemprego. Todavia, sabemos hoje, a escassez tem sido manipulada, em todos os ramos industriais, para ampliar o lucro. Essa manobra atende aos interesses e ambições de investidores.

Kardec, em O Livro dos Espíritos, na questão 685, vai qualificar a educação como meio para conquistar o equilíbrio na balança da economia. Só ela pode acrescentar a lei da caridade para proporcionar uma sociedade solidaria, onde os fortes auxiliam os fracos. Mas não se trata de uma educação intelectual, mas da educação que “é o conjunto dos hábitos adquiridos”.

No entanto, essa expressão, “habito adquirido”, não pertence ao Espiritismo, mas era uma definição própria da psicologia espiritualista vigente no século dezenove. Esta teve início com os trabalhos e pesquisas de Maine de Biran, auto da obra A influência do Hábito sobre a Faculdade de Pensar (1802). Para ele, haviam duas causas primeiras para os hábitos, ou eles eram condicionados pela sociedade, pelos instintos. Ou eram criados pela vontade do próprio indivíduo, esses segundos eram os hábitos adquiridos. Ou seja, quando o indivíduo é senhor de si mesmo, não age por moda, ou determinação externa. Mas faz o que compreende que é certo, por estar em sintonia com a lei de Deus presente em sua própria consciência. Essa era a moral autônoma, proposta pelos continuadores da obra de Maine de Biran, fundadores do espiritualismo racional, que foi a base do Espiritismo.

Eduardo Ferreira França (1809-1857), que pode ser considerado o primeiro psicólogo espiritualista brasileiro, autor de Investigações de psicologia, manual inspirado em Maine de Biran e nos espiritualistas racionais, publicado em 1854, elucida:

Para explicar os hábitos, admitem alguns filósofos que os movimentos ficam automáticos. Ficam involuntários na maior parte dos casos, mas por serem involuntários não deixam de provir da ação de uma faculdade humana. […] o hábito se mostra na sensação, na inteligência, no sentimento e até na vontade. A sensação afetiva se enfraquece com o hábito, o que é passivo sofre a mesma alteração, mas o que há de ativo no homem se aperfeiçoa. (FRANÇA, 1973, p. 269)

Eduardo França distingue, desse modo, entre instinto e hábito tanto por sua origem quanto por sua natureza, pois o instinto é natural e o hábito é adquirido. E essa diferença é basilar para definir o destino do ser humano, que é moral. 

Encontre mas detalhes sobre o tema, na obra Autonomia, a história jamais contada do Espiritismo.