Pierre-Paul Didier, editor de O Livro dos Espíritos, desde sua segunda edição, foi “um dos membros mais considerados” da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas da qual fazia parte desde sua fundação, em 1858. Segundo Kardec, “As opiniões espíritas do Sr. Didier eram conhecidas e ele jamais delas fez mistério, pois muitas vezes discutia com os incrédulos. Sua convicção era profunda e antiga”. “O mais belo elogio que lhe poderiam fazer é dizer que se podia fazer negócios com ele de olhos fechados”.
Didier desencarnou no ano de lançamento de O Céu e o Inferno (1865) e, pouco tempo depois, passou a se comunicar mediunicamente com Allan Kardec, usando seus conhecimentos doutrinários e profissionais do ramo editorial para dar-lhe conselhos sobre seus trabalhos, como a revisão de A Gênese, e até mesmo sobre questões financeiras e comerciais relevantes para o futuro da doutrina.
Nos últimos meses, Rivail definiu que a sede do Comitê Central, da Sociedade Espírita Central e de atividades acessórias seria estabelecida na avenida de Ségur, onde todas as atividades doutrinárias, científicas e mediúnicas ficariam concentradas.
Para as questões comerciais, seria destinado outro local. Segundo o espírito Didier neste manuscrito datado de 21/11/1868, melhor para Kardec seria “não ser ostensivamente livreiro, não porque lhe acusariam de fazer comércio, mas em razão de sua posição de chefe da doutrina”. Assim foi feito, e ele passou a providenciar a abertura da Livraria Espírita em outro endereço, na rua de Lille, número 7, vindo, entretanto, a desencarnar na véspera da inauguração.