Em mensagens esporádicas, Kardec toca no assunto da revisão de suas obras, entre julho e setembro de 1868. No dia 25 de setembro, envia uma carta a um intermediário (não identificado) que estava interessado na tradução de suas obras pelo senhor Bidder para o alemão.
Essa carta curiosamente foi escrita por Kardec em terceira pessoa, como se fosse seu secretário, provavelmente para não se alongar na resposta, em virtude dos sofrimentos pelos quais passava, juntamente com a grande quantidade de trabalho que se acumulava.
Nela, Kardec manifesta o desejo de que o trabalho de tradução comece pela obra A Gênese. Em seguida, informa que estava trabalhando nas provas da revisão da obra, mas que o trabalho ainda estava pela metade, e a de O Céu e o Inferno também aguardava.
Todavia, essa tradução de A Gênese para o alemão por Bidder nunca ocorreu, uma vez que, em razão de seu grave problema de saúde, Kardec teve que suspender todo trabalho além do estritamente necessário, conforme carta dele para o juiz Michel Bonnamy, datada de 13 de outubro de 1868 (Manuscrito CDOR Canuto 1868_10_13_AKD_01), com estas palavras:
“Segundo os conselhos reiterados dos Espíritos, precisei, até nova ordem, suspender todo trabalho além do estritamente necessário (…), sob pena de acidentes graves que poderiam me surpeender e comprometer o que me resta a fazer para terminar minha tarefa”.
Assim, preservando sua saúde em seus últimos meses de vida, Kardec dedicou-se ao que faltava para completar sua tarefa, concentrando-se no projeto para a fase de direção coletiva do Espiritismo e na edição dos últimos números da Revista Espírita.
Estes manuscritos são mencionados nas páginas 106 a 108 do livro Nem Céu nem Inferno – As leis da alma segundo o Espiritismo.
