Canuto Abreu tinha clara dimensão da grandiosa tarefa de narrar a verdadeira história do Espiritismo, a partir de documentos manuscritos redigidos por Allan Kardec. Foi avisado pelos espíritos superiores de que os inimigos invisíveis iriam aliciar médiuns, alguns por ignorância, outros por interesse financeiro, para desviar o movimento espírita de sua proposta original. Para garantir a recuperação da verdade, foi separando todos as cartas, mensagens, e outros documentos fundamentais para contar a verdadeira história do Espiritismo a partir de fatos e não de boatos ou lendas.
Canuto havia reunido também depoimentos de médiuns e outros pioneiros do Espiritismo, copiado suas anotações, trechos de obras raras, depoimentos orais. Um acervo admirável.
Chico Xavier, ouvindo os relatos do amigo, consultando os documentos, por meio de sua admirável mediunidade, passou a rever fatos de vidas passadas, lembranças da espiritualidade, a história viva do Espiritismo, desde os tempos da Gália, quando o professor era o druida Allan Kardec. Tornaram-se confidentes, Canuto e Chico.
Mas era preciso consultar a espiritualidade quanto à divulgação de tão precioso acervo.
A mensagem psicografada por Chico Xavier, (que pode ser lida na íntegra, em suas 16 páginas, em anexo), no dia 20 de setembro de 1958, de Emmanuel, em Pedro Leopoldo, é um registro histórico de grande importância. O espírito tornou-se porta voz dos espíritos, quanto à recuperação da história verdadeira do Espiritismo. Eles recomendavam aos amigos, Chico e Canuto, que nada fosse divulgado naquela época. Deveriam aguardar. Um conhecimento precipitado dos fatos, a revelação dos desvios, a constatação das adulterações, a necessária recuperação do papel dos verdadeiros pioneiros, a denúncia dos judas que desviaram o caminho original. Emmanuel diz que nada disso deveria tornar-se escândalo, mas sim esclarecimento, compreensão do passado, para que o futuro seja tão brilhante, renovador, como deveria ser. O Espiritismo deve ser e será o anúncio do mundo novo, da revolução moral que o mundo viverá para se tornar feliz.
Resoluto, consciente, diante da orientação espiritual, Canuto aponta sua última consideração, ao analisar a mensagem de Emmanuel: “Sim, felizmente, compreendo. Venho esperando, desejo servir e passar. O trabalho só começou hoje. Aqui ficam as primeiras linhas. Possa eu merecer a paz, saúde e alegria, indispensável para me tornar verdadeiramente útil nesse modestíssimo empreendimento! ”.
Toda essa história surpreendente está relatada na obra Autonomia – a história jamais contada do Espiritismo. Nela encontramos o seguinte relato: “O futuro é agora. O acervo vai se tornar público. Momento tão aguardado por Canuto e Chico Xavier, para reavivar os trabalhos da Doutrina. Hora esperada por Allan Kardec, quando os comentadores poderão estabelecer a história do Espiritismo não por lendas falsas, mas julgando ‘os homens e as coisas sobre peças autênticas’, em suas palavras”.