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O grandioso acervo de Canuto Abreu conta com mais de mil páginas manuscritas originais de Allan Kardec, dezoito mil livros raros e quarenta mil páginas escritas por ele mesmo, com anotações, traduções, artigos e até livros. Segundo suas orientações, nada deveria ser separado, nem doado ou repassado a qualquer entidade. Também deveria permanecer em São Paulo. Um Instituto, fundado por seus familiares, foi criado para cuidar e tratar do destino desse tesouro da história do Espiritismo.

O doutor Paulo Toledo Machado era um grande amigo de Canuto. Havia fundado um museu espírita no bairro da Lapa em São Paulo. Decidiu, então, doar os prédios para que o neto de Canuto, Lian, pudesse abrigar o acervo de seu avô. A Federação Espírita Brasileira registrou os prédios em seu nome, fez um comodato para uso do Instituto Canuto Abreu. Todo o trabalho de transportar e cuidar do material foi feito pessoalmente por Lian, apesar de seus setenta anos de idade. 

Uma tragédia, porém, marcou esse episódio, uma forte chuva caiu em 2016, o teto do galpão onde estavam reunidas as peças do acervo de Canuto desabou, molhando parte dos preciosos documentos. Atualmente a historiadora e organizadora de acervos, Eliana Almeida, faz parte do CDOR (Centro de documentação e obras raras da FEAL – Fundação espírita André Luiz). Na época, foi chamada por Lian, pois os livros e documentos estavam embolorando, sem que o neto de Canuto tivesse ajuda ou mesmo soubesse como proceder.

Eliana agiu rapidamente. Contatou o diretor do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), doutor Pablo Vasquez, que prontamente irradiou com raios gama de cobalto 60 as caixas. Há um relato detalhado dos fatos na obra Autonomia, a história jamais contada do Espiritismo. As fotografias do trabalho de recuperação do acervo estão em anexo.

Depois do ocorrido, preocupados com o futuro do tão importante acervo, a família de Canuto Abreu confiou à FEAL a conservação, digitalização e disponibilização pública dos manuscritos inéditos de Allan Kardec e tudo mais.