Carta do senhor Varey.
As cartas manuscritas inéditas de Allan Kardec são os rascunhos, escritos de próprio punho, para que, depois de copiadas, fossem enviadas aos destinatários. Recebia a ajuda de secretários e da sua esposa, Amélie Boudet. Ele registrava as cartas recebidas e arquivava com os rascunhos, formando o arquivo do Espiritismo.
Os arquivos foram queimados pelos inimigos, que queriam desviar o Espiritismo de sua proposta original. Todavia, a seleção feita por Kardec para contar a história por fatos escapou dos ataques, e chegou ao Brasil, graças aos esforços do pesquisador Canuto Abreu. Atualmente os manuscritos estão sendo preservados, digitalizados e serão disponibilizados ao público num portal da internet, pela equipe do CDOR (Centro de documentação e obras raras da FEAL – Fundação espírita André Luiz). O trabalho de tradução está sendo feito por uma equipe internacional de acadêmicos e tradutores profissionais. As cartas disponibilizadas em virtude do livro Autonomia, a história jamais contada do Espiritismo, são acompanhadas de transcrição, tradução e comentários originais elaborados por Canuto Abreu, com a finalidade de documentar a obra. Todos esses documentos receberão uma revisão da equipe acadêmica, para que, catalogadas, sejam oportunamente disponibilizadas em definitivo no Projeto Allan Kardec.
Numa das cartas, Kardec informou que recebia de sete a oito mil cartas por ano. Uma imensa quantidade de correspondência! Ele não conseguia responder a todas, mas, como podemos conhecer na obra Autonomia, a história jamais contada do Espiritismo, ele respondia regularmente as pessoas em dificuldade, que pediam o auxílio da Doutrina Espírita, na pessoa de Allan Kardec. Ele respondia especialmente a cada um, levando à reflexão para compreender o verdadeiro sentido da vida segundo o ensinamento dos espíritos superiores.
Allan Kardec, além de elaborar a Doutrina Espírita em suas diversas obras, além das Revistas Espíritas, publicação mensal, dedicava-se a tornar o Espiritismo transformador para as pessoas que o procuravam com seus problemas. Um episódio aclara a forma de Allan Kardec lidar com a prática espírita, que foi a constante tarefa de sua vida desde que a iniciou. A história está descrita na íntegra na obra Autonomia, a história jamais contada do Espiritismo. Em 1863, Kardec recebeu o filho do senhor Varey, da cidade de Boulogne, que fica no departamento de Vendéia, 400 km distante de Paris. Seu filho, de mesmo nome, ao enfrentar dificuldades, procurou Kardec em sua casa. Ele escreve ao pai do rapaz, em 25 de julho daquele ano, informando:
“Estou admirado de não haver recebido nenhuma carta sua desde sua viagem a Paris. Seu filho, como sabe, me veio ver e foi um prazer poder ir em auxílio dele material e moralmente tanto quanto estava em meu poder na triste situação em que ele se encontrava”.
Confira o restante da análise da carta no livro Autonomia, a história jamais contada do Espiritismo.