No ano de 1862, Allan Kardec empreendeu sua terceira e maior viagem para a divulgação do Espiritismo, visitando, durante sete semanas, cerca de 20 cidades do interior da França, onde realizou mais de 50 reuniões.

Nesse período, Kardec pode constatar a situação e os rápidos progressos da doutrina, recebendo, nas regiões por onde passou, a simpática acolhida dos espíritas, cujo número contou em até trinta mil naquele momento.

Antes, durante e depois da viagem, Rivail sempre contou com o apoio e a proteção dos bons espíritos, que o orientavam das mais diversas maneiras, fosse através de intuições, fosse por meio das mensagens que lhe transmitiam mediunicamente, quanto ao que esperar da viagem, sugestões para o roteiro, e como superar as dificuldades que ele encontraria.

Em uma dessas comunicações, ao serem questionados sobre Roustaing, os espíritos informam que ele “tem tanta confiança nas suas luzes que pensa que todos devem se curvar a ele” e que sua opinião não tem crédito, pois “ele passa por um entusiasta, exaltado, querendo se impor”.

Essas comunicações inéditas foram passadas a limpo e reunidas pelo codificador em um caderno de 20 páginas em cuja capa encontra-se grafado “Voyage en 1862”, tendo sido fotografado na livraria Éditions Leymarie com autorização do proprietário.

Esse caderno não é o opúsculo Viagem Espírita de 1862, publicado em dezembro de 1862 e que contém suas impressões gerais da viagem, os discursos pronunciados nas reuniões em Lyon e Bordeaux, além de algumas orientações dadas em resposta aos principais questionamentos dos grupos pelos quais passou, e um projeto de regulamento para uso dos grupos e pequenas sociedades espíritas.