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Nem Céu, Nem Inferno – Carta de Kardec ao Dr Tinella

Além de ser fiel a Kardec como responsável pela elaboração da doutrina espírita, mostrando contrariedade e resistência quanto aos dogmas que psicografava para a obra Os quatro Evangelhos, coordenada por Roustaing, outros fatos demonstram que a médium Émilie Collignon possuía laços de sincera amizade com o codificador.

Eles se conheceram em Bordeaux, em outubro de 1861, quando Kardec esteve com a família dela e presenciou suas atividades mediúnicas, retornando em outras oportunidades. Depois disso, Kardec publicou várias mensagens mediúnicas recebidas por ela.

No último dia do ano de 1863, após receber uma carta de Collignon, Kardec lhe escreve esclarecendo sobre as ideias antiespíritas dos dogmas que surgiam por seu intermédio.

Na Revista Espírita dos anos de 1864 e 1865, Allan Kardec anuncia, com suas especiais recomendações, o lançamento de obras mediúnicas ditadas a ela: A Educação Maternal e Conversas Familiares sobre o Espiritismo. No prefácio dessa última obra, a médium irá oferecê-la carinhosamente ao codificador.

Quando o professor Rivail adoeceu gravemente em janeiro de 1865 e após ser atendido por médicos homeopatas, mas ainda sem condições de viajar, ele consultou-se por carta com um médico de Bordeaux, o Dr. Tinella, com quem ele ainda voltaria a se corresponder antes de sua viagem para a Suíça, onde ele poderia repousar e convalescer. Esse médico havia sido recomendado por madame Collignon.

Nessa comunicação, Rivail menciona que a causa de sua doença foi o trabalho excessivo e a falta de exercício, pois ele se acostumou a trabalhar quase sempre durante dezoito horas, sem interrupção, parando apenas para comer rapidamente. Ele também aproveita para escrever sobre a saúde de Amélie, que também tinha fadiga, perda de sensibilidade na mão, cãibras na perna direita e dificuldades digestivas.