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Nem Céu, Nem Inferno – Carta de Kardec para Collignon

Émilie Aimée Charlotte Bréard Collignon (1820-1902) é conhecida como a médium que psicografou a obra Os quatro Evangelhos, coordenada e apresentada por Jean-Baptiste Roustaing, que contém dogmas e preceitos morais opostos aos do Espiritismo.

Todavia, os manuscritos originais demonstram que ela na verdade era fiel a Kardec.

Allan Kardec manteve correspondência com Collignon depois da visita que ele fez à sua casa em Bordeaux, quando conheceu sua família. Sempre que tinha dúvidas, ela consultava o codificador, a quem prezava muito como responsável pela elaboração da doutrina espírita.

Em uma dessas correspondências, Collignon contou a Kardec que não acreditou nas ideias que estava psicografando para Roustaing, pedindo a ele sua abalizada opinião, e Kardec responde em carta de 31 de dezembro de 1863 que: “Quanto à morte de Jesus, a senhora está perfeitamente certa em não acreditar que seja autêntica essa história”. Segundo Kardec, essa teoria só não era pior que a teoria da onipresença ou ubiquidade, do teólogo Aegidius Hunnius (1550-1603).

De fato, quando psicografava as mensagens sobre o Jesus agênere, ela resistia e recusava-se a priori a servir de instrumento aos espíritos que começava a ver como impostores. É o que relata René Caillié, discípulo de Roustaing, num resumo dessa obra.

Dessa forma, Kardec sabia de tudo o que estava acontecendo em Bordeaux quanto à fascinação que Roustaing estava sofrendo nas mãos dos inimigos invisíveis, ao mesmo tempo que a obra Os quatro Evangelhos estava sendo elaborada, e a própria médium o mantinha informado.