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Nem Céu, Nem Inferno – Cartas de Kardec para Roustaing

Em 1860, o advogado Jean-Baptiste Roustaing conheceu o Espiritismo por meio de seu amigo, o também advogado André Pezzani, de Lyon. Na cidade de Bordeaux, onde morava, Roustaing viria a conhecer o grupo do Sr. Sabò, pessoa que ele elogiou na Revista Espírita como sendo um excelente e verdadeiro espírita.

Em 1861, Allan Kardec realizaria sua segunda viagem espírita e Bordeaux era a última paragem antes do retorno. Sabò estava estabelecendo uma sociedade de estudos com diversos grupos familiares, que concorreria para a universalidade do ensino e receberia todo o apoio do codificador, que viria a se hospedaria em sua casa.

Estranhamente, Roustaing escreve uma carta para Kardec, às vésperas da viagem, tentando dissuadi-lo de encontrar esse grupo, onde Kardec só teria decepções. Afirmou, ainda, que a casa do Sr. Sabò era precária para a hospedagem do mestre, então o convidou para uma visita exclusiva em sua casa de campo, ao que Kardec, em 12/10/1861, lhe responde de maneira dura, mas educada e esclarecedora.

Após seu retorno a Paris, Kardec escreve nova carta a Roustaing em 29/10/1861, relatando que a viagem foi um sucesso e que a família Sabò é bem digna de estima, diferente do quadro sombrio pintado por Roustaing. Enfim, registrou que a falta de tempo o impediu de visitá-lo em sua casa de campo.

No ano seguinte, em 11/02/1862, Kardec escreve uma terceira resposta a Roustaing, lamentando o sentimento de animosidade que este nutre em relação a seu amigo Sabò, e pedindo que lhe deixe o cuidado de julgar por si mesmo se ele é digno de sua amizade. Enfim, de sua posição, ele afirma ao advogado de Bordeaux que existem coisas bem grandiosas, diante das quais as mesquinhas rivalidades se apagam, e que ele devia saber apenas que tudo o que está dito se cumprirá para a maior glória de Deus e para a felicidade da humanidade.

Naquele mesmo ano de 1862, quando Kardec se preparava para seguir de Lyon a Bordeaux, os espíritos ainda viriam a confirmar-lhe a personalidade orgulhosa de Roustaing (manuscritos CDOR Lucas 010_01-21), presa fácil da obsessão que daria origem ao maior desvio do Espiritismo.

Estes manuscritos são mencionados no livro nas páginas 233, 241, 243 e 244 do livro Nem Céu nem Inferno – As leis da alma segundo o Espiritismo.